Companhia de Cavalaria 2332
ANGOLA
1968-1970
A partir de 19 de Junho de 1967, militares procedentes de vários locais da Metrópole (predominantemente da área da Grande Lisboa) começaram a apresentar-se no Regimento de Cavalaria 7 aquartelado na Ajuda em Lisboa.
Houve militares que, por razões da sua especialidade, se apresentaram mais tarde.
Em finais de Agosto de 1967, com destino ainda desconhecido, foram oficialmente constituídas no Regimento de Cavalaria 7 (unidade mobilizadora) três Companhias de Cavalaria, a saber:¬
CCAV. 2331 «Os Invencíveis» – CCAV. 2332 «Os Milhafres» – CCAV. 2333 «Os Lidadores».
No período compreendido entre os meses de Agosto a Outubro de 1967, o pessoal interessou-se pelas diversas fases da formação da unidade, tais como a Escola de Quadros, Escola de Cabos e instrução complementar, começando a criar espírito de corpo entre todos os elementos da Companhia, sob o comando do capitão Miliciano de Cavalaria Joaquim Peixinho.
No início de Novembro de 1967, a Companhia efectuou várias deslocações ao Campo de Tiro na Serra da Carregueira, para a prática de tiro real.
No período compreendido entre 20 e 28 de Novembro de 1967 a unidade efectuou a semana de campo na Fontes da Telha (Costa da Caparica). Foram realizados exercícios para o apronto operacional da unidade. Registamos que, enquanto estivemos acampados, mais precisamente no dia 26 de Novembro, fomos surpreendidos por um temporal com níveis anormais de pluviosidade, originando inundações em toda a bacia do Rio Tejo, provocando cerca de 500 mortos, segundo a imprensa da época.
Durante o mês de Dezembro de 1967, a unidade recebeu o I.A.O na Fonte da Telha (Costa da Caparica) reforçando a sua operacionalidade.
Nessa ocasião, aconteceu a primeira «baixa» da unidade. Por motivos médicos, o seu comandante, o capitão Miliciano de Cavalaria Joaquim Peixinho foi substituído pelo capitão Miliciano de Artilharia Narciso Júlio Loureiro de Sousa, que pretendendo implementar incentivos operacionais em moldes bastante diferentes do anterior comando, originou um certo resfriamento aos seus subordinados.
No quadro orgânico, houve também baixas de pessoal, com desmobilizações por motivos médicos, transferências para Unidade de Comandos e outras Companhias.
No início de Janeiro de 1968, a Companhia foi oficialmente informada que tinha sido nomeada para servir no Ultramar, na Região Militar de Angola (RMA). A Companhia foi então transferida do Regimento de Cavalaria 7, para umas instalações militares de Artilharia Anti-Aérea Fixa localizada em Murfacém (Trafaria), onde ficou a aguardar o embarque para o Ultramar.
Neste período, houve mais duas baixas ao quadro orgânico, com o impedimento do 1º Sargento de Cavalaria Marques dos Santos, que deu entrada na Escola de Quadros Regimentais, e do 2º Sargento de Cavalaria Laranjeira, por motivo de desastre de viação.
A CCav 2332 ficou então constituída pelo seu comandante capitão Miliciano de Artilharia Narciso Júlio Loureiro de Sousa, 4 Oficiais Milicianos Atiradores de Cavalaria, 14 Sargentos, 33 Cabos e 102 Soldados, totalizando 154 militares.
Em 27 de Janeiro de 1968 no Cais da Rocha de Conde de Óbidos, em plena formatura, os militares foram abordados por elementos do Movimento Nacional Feminino (MNF) que distribuíam aerogramas (vulgo «bate-estradas») e maços de tabaco.
De seguida, numa cerimónia de despedida, efectuou-se um desfile militar, sendo prestada a continência e devidas honras militares ao Excelentíssimo Oficial General, em representação de Sua Excelência o Ministro do Exército, a Companhia embarcou pelas 12h00 no navio «Uíge» com destino a Luanda.
No período entre 27 de Janeiro e 08 de Fevereiro, foi efectuada viagem a bordo do navio «Uíge» sem incidentes a registar.
No dia 08 de Fevereiro de 1968, chegada a Luanda, desembarque do pessoal e transporte em caminho-de-ferro para o Campo Militar do Grafanil (Campo Militar de apoio logístico nos arredores da capital).
A 09 de Fevereiro de 1968, a Companhia participou numa parada militar a que assistiu Sua Excelência o General comandante da Região Militar de Angola, que dirigiu palavras de encorajamento para todos e bons êxitos no dever da missão incumbida.
Na parada do aquartelamento e em plena formatura, sob um calor tórrido, houve elementos das várias Companhias que perderam os sentidos e tiveram que ser assistidos.
No período compreendido entre 09 e 15 de Fevereiro de 1968, no Grafanil, a Companhia procedeu ao levantamento de diverso material necessário para a sua missão.
Em 16 de Fevereiro de 1968, a unidade recebeu ordem de marcha para a sua Zona de Intervenção (ZI), tendo-se deslocado via Malange, em coluna militar composta por 10 viaturas civis fretadas.
No dia 18 de Fevereiro de 1968 a coluna militar, chegou ao seu primeiro destino Caúngula, onde pernoitou. Desde logo tomando posse desse destacamento, ficou na povoação um Grupo de Combate (GC) sob o comando do Alferes Miliciano de Cavalaria Vasco Ferraz Figueiredo.
Em 19 de Fevereiro de 1968, os restantes elementos da Companhia, chegaram à sede da unidade no Camaxilo.
No dia seguinte, 20 de Fevereiro de 1968, efectuou-se a partida de um Grupo de Combate (GC) com destino ao Cuílo para assumir a posse desse destacamento sob o comando do Alferes Miliciano de Cavalaria António Abreu Pires Pereira.
Durante a semana de 20 a 27 de Fevereiro de 1968, foi efectuada a sobreposição e a rendição da Companhia de Caçadores 1519 comandada pelo capitão de Infantaria Salcedas da Cunha.
A organização da CCav 2332 ficou composta pela Sede localizada na povoação do Camaxilo, onde estavam dois Grupos de Combate (GC), o Comando e Serviços da Companhia, e pelos Destacamentos de Caúngula e Cuílo que distavam 40 e 140 km respectivamente do Camaxilo.