Contente, feliz e alegre, sorrindo como se fosse primavera, não houvesse frio, chuva, nem febres e gripes, procuro a flor mais exótica que encontro, como a de Oscar Wilde, o homem do cravo verde. Por não ser Wilde, avanço e passa a ser uma rosa verde que, com todo o amor, entrego e ofereço a essa alegre mulher que me seduz. Escrevo-lhe uma carta de amor e paixão, de amor profundo, cuidado e fiel. Resposta: vós, homens sois insuportáveis, querem tudo de nós e nada nos oferecem em troca. Excepto enganos e infelicidades. Quem me dera ser homem para tomar a minha relança!
A respiração susteve-se, fiquei atordoado, nunca tinha pensado que a mulher que amo e que faz tudo por mim, ia ser de tanta crueldade e ironia. Dos dois adjectivos, o de ironia é o que mais cansa e me deixa de boca aberta, sem respiro, sem alternativa. Especialmente se é referido com um tom de voz de imensa crueldade. Não é apenas a palavra, é o som da palavra, o tono da palavra, a forma como é pronunciada, o que mais nos doe e nos deixa em ansiedade, sem saber o que fazer, especialmente se se ama. Um amar profundo, com esse divertimento que essa linda risada nos dá e nos oferece e faz das nossas vidas tristes pela crise económica e financeira em que vivemos, uma alegria no meio das tristezas e dos desacatos do amor.
Não há muitas alternativas. É chorar calado, é fechar a boca, é aceitar essa maneira de ser sem lamentar a escolha nem as alternativas.
Alternativas? Há muitas. Conforme o que ouvi em troca da minha rosa, foi a frase de sermos os homens, esse conjunto de felonias, crueldades e traições. Que remédio! Rei morto, rei posto. Em casos como este, é melhor calar e nada fazer ou dizer. A vida continua e deve ser vivida com calma e simpatia, com paz e serenidade, apesar dos cotilhões das mulheres sobre nós.
Nem consigo estar certo se estas ironias são ou não parte do amor e da apropriação que uma das partes quer ter sobre a outra, para se rebelar e acusar de sucessos jamais acontecidos e ficar certa, a pessoa, que domina. Ou serão alegrias da vida que nós, os sérios, homens, evidentemente, não sabemos dominar? Confesso não ter seduzido a senhora dos meus sonhos, mas aceitei a sedução. Como diz o nosso santo padroeiro Sigmund Freud, a libido é quem alimenta as nossas reacções e os nossos comportamentos. É o motivo por que há tanta felonia entre homens e mulheres livres de rituais e leis. A libido é a que orienta o nosso comportamento social e faz de nós sedutores de toda a pessoa linda que passa ao pé de nós. Nem que esse amor libidinal dure meia hora, nem que seja entre pessoas do mesmo sexo, como a lei permite hoje em dia. Não é essa a minha orientação, embora a respeite, excepto a pedofilia, esse abuso de um adulto maior que, para seu belo prazer, penetra uma criança de cinco, seis ou sete anos. Ou, como relato no meu livro de este ano 2011, Yo, Maria de Botalcura, sobre a rapariga de menos de doze anos que foi engravidada por um homem de quase trinta, na sua cronologia de vida.
Não se apavore, senhor leitor. São crimes que acontecem desde que há memória histórica e que apenas hoje são punidos pela lei.
Será que a mulher que amo tão profundamente, pensa em mim como actor de alguma destas lisuras? Porque, conforme elas, as felonias são dos homens, que não sabem tratar uma mulher.
Será que devemos aceitar estas cruéis ironias, ou fazer como todos os homens e muitas mulheres fazem, sermos amantes de alguém, nas costas da mulher que nos pertence? Ou dizer nos pertence é já um pecado contra a mulher amada? Será que a libido comanda tanto que não há um Iso ou Id que a saiba sustentar?
Amei e amo. Perdi. Apenas ficam as tristezas e a depressão. Ou, talvez, uma maneira de ser da outra parte que não consigo entender. Apenas sei que quer para ela ou outras, nós, homens, somos libidinosos. De facto, é o que tenho observado nas minhas análises em gabinete ou em trabalho de campo.
Não tenho alternativa. Sou um viciado na felonia…. Como todos os homens do mundo parecem ser. Especialmente, se o acerto advém da mulher que amamos, brinca connosco e ri de nós….
Quem me dera ser Vitinho, outra vez, que hoje comemora os seus vinte e cinco anos e receber, já nessa idade, instruções da vida sexual e nunca cometer felonias… se estas fazem mal a outra pessoa….
A seguir –A CRIANÇA, A SUA MENTE CULTURAL E OS SEUS SENTIMENTOS