Rui Oliveira
Cordas sobresselentes (1ª parte)
Na Segunda 28 de Maio, há na Sala dos Espelhos do Palácio Foz, às 18h, um Recital de Piano por José Bon de Sousa, professor da Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, com um programa ainda não divulgado. A entrada é livre.
Também no dia 28 de Maio (Segunda), às 18h30 no seu Grande Auditório, a Fundação Calouste Gulbenkian anuncia em sessão pública (de entrada livre) as grandes linhas de programação e as principais novidades da próxima temporada, apresentação que incluirá ainda um momento musical com elementos da Orquestra Gulbenkian que celebrará os seus 50 anos de actividade.
Nessa tarde de 28 de Maio, no Auditório 3 da mesma Fundação Gulbenkian, às 18h30, ocorre o lançamento do livro ‘Para uma ciência aberta’ de Gustavo Cardoso, Pedro Jacobetty e Alexandra Duarte onde os autores procuram contribuir para responder a um dos desafios contemporâneos da ciência: como delinear os contornos de novas formas “abertas” de fazer ciência. Este é um trabalho onde se questiona a ciência praticada no século XX à luz das novas práticas científicas, num contexto de transformação social mais alargado: a emergência da sociedade em rede e o despontar de uma ciência de base informacional.
Debate-se assim o que é hoje a Ciência Aberta, mudança de paradigma científico ou de paradigma de investigação? É a Ciência Aberta um novo movimento social ou uma mera partilha de práticas? E é a ciência praticada em Portugal diferente da praticada em outros contextos europeus?
A entrada é livre.
Também na Segunda 21 de Maio, às 18h30, na Sala 2 da Culturgest decorre a terceira conferência dum ciclo semanal dedicado à reabilitação de teatros antigos para a conquista de novos públicos intitulada “O papel do Estado na recuperação dos teatros” pelo Eng. Joaquim Valente e Dra. Filomena Bandeira, que debatarão nomeadamente o papel da IGAC e da extinta DGEMN (actual IHRU).
Na Terça 29 de Maio, no Instituto Cervantes e no âmbito do ciclo de cinema Los límites de la frontera, é exibido às 19h o filme Malta Radio (2009) de Manuel Menchón, Espanha que narra a seguinte história :
“ Amanhece em alto mar. O navio pesqueiro “Francisco e Catalina” trabalham perto da costa de Malta. A tripulação termina o seu duro trabalho quando, de repente, a rotina é interrompida por um imprevisto. Um bote que navega à deriva é avistado com 51 imigrantes, entre os quais adolescentes, homens, mulheres e uma menina. Depois de votar, a tripulação decide ajudar aos imigrantes e fazê-los subir a bordo . Contudo a recusa de Malta em dar asilo aos imigrantes provocará uma odisseia de quase nove dias na qual os dez pescadores deverão conviver com eles num espaço de 25 metros …” – o que este trailer resume mal :
Ainda na Terça 29 de Maio, exibe-se no Coliseu dos Recreios, às 21h30, “Spirit of the Dance”, considerado “um dos espectáculos irlandeses mais imponentes e com maior éxito de todos os tempos” segundo o lnternational Post.
Vencedor de nove prémios Global Awards, incluindo “Melhor Coreografia” e “Melhor Produção Internacional”, este impressionante espectáculo tem quatro shows permanentes nos Estados Unidos e pode realizar simultaneamente mais de 10 representações numa mesma noite em diferentes países. De origem irlandesa, “Spirit of the Dance” está baseado numa “mistura de culturas tradicionais onde a potente dança local é combinada com os vibrantes ritmos latinos de tango, flamenco e salsa”.
Eis o seu vídeo promocional :
Também a 29 de Maio (Terça), no interessante Ciclo de Colóquios Interdisciplinares mensais promovido pela Universidade de Lisboa desde 26 de Março no Anfiteatro do Instituto para a Investigação Interdisciplinar (III) tem lugar, às 16h, a conferência “O que é a escrita ?” por Rita Marquilhas, profª associada do Departamento de Linguística Geral e Românica, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Na Quarta 30 de Maio, há um novo espectáculo de dança do Alkantara Festival 2012 no Teatro São Luiz, às 19h e 23h30 (repetindo na Quinta às 19h). Trata-se de “In their Name” cujo conceito e coreografia são de Philipp Gehmacher com interpretação de Rémy Héritier, An Kaler e Philipp Gehmacher, numa instalação de Vladimir Miller.
Descrevendo : “No cenário de Vladimir Miller, os três performers, Rémy Héritier, An Kaler e Philipp Gehmacher lançam para o espaço conceitos e frases como sinais; dizem os seus nomes como se precisassem de os recordar, como se quisessem deixar uma marca ou provas de si próprios. Numa interacção entre movimento e palavra emergem paisagens que não pertencem ao aqui-e-agora. In their name relaciona-se com a denominação das coisas e a consequente produção de realidade/realidades; mas também se refere às memórias e à representação”.
Veja-se a súmula da sua apresentação em 2010 no Festival do Outono de Graz :
Também na Quarta 30 de Maio, há na Fundação Portuguesa das Comunicações, às 19h, novo Concerto Antena 2 com um recital da pianista iraniana Aida Sigharian Asl, vencedora do concurso para piano “Piano Bienal” de Teerão em 2006, aluna do curso de Mestrado do “Utrecht Conservatory” com Paolo Giacometti e Ralph van Raat e actualmente professora de piano na Academia de Música de Viana do Castelo.
No programa do concerto figuram de K. Saheb Nasagh Amin Bird, de Frederic Chopin Nocturne Op.55, nº 1 em fá menor e Nocturne Op.27, nº 1 dó menor, de B. Ranjbaran Nocturne (A night in a Persian Garden), de Franz Liszt Les jeux d’ eaux á la villa d’ Este, de Alireza Mashayekhi Momentos IV, X, XV, XII e Pérolas, de L. Janacek Sonata 1.X.1905 I. The Presentiment, II. The Death e de A. Mashayeki Short Stories Op.106, andamentos.
Ainda a 30 de Maio (Quarta), estreia no Teatro da Politécnica, às 19h, a produção dos Artistas Unidos “Penélope” de Enda Walsh (na tradução de Joana Frazão) com a interpretação de Joana Barros, João Vaz, José Neves, Pedro Carraca e Pedro Luzindro, cenografia e figurinos de Rita Lopes Alves, numa encenação de Jorge Silva Melo.
Se nas primeiras peças de Enda Walsh, as suas personagens estão aprisionadas nos seus próprios mitos, em Penélope, o autor avançou um pouco mais e mostra-nos quatro homens modernos confinados numa lenda de Homero. O resultado é uma peça louca e selvagem, bêbeda de linguagem, que nos intoxica. Penélope enganou os seus pretendentes ao longo de 20 anos enquanto esperava o regresso de Ulisses. Aqui Walsh mostra quatro homens de idades diferentes, refugiados do mundo dos negócios irlandeses, numa competição pela mão de uma Penélope moderna. A estranheza vem do facto de viverem numa piscina vazia, com barbecue que não conseguem ligar, aparelhagem, televisão … e cada um faz uma última tentativa para conquistar o amor de Penélope.
Diz Walsh “Temos este poema de procura heróica – e depois temos um coro patético de homens. Depois destes anos todos o que terá acontecido às medidas das suas cinturas ou à sua libido?”
Eis um excerto dum dos quadros :
Na noite musical desta Quarta 30 de Maio destaca-se a vinda à galeria ZDB, às 22h, de Michael Gira, ex-membro dos Angels of Light e líder dos Swans, agora a solo com a sua viola e a sua voz áspera. Precede-o no palco David Maranha e a sua banda.
Mais do que discutir se Michael Gira é um conservador em relação às experiências artísticas do seu tempo (já longo) e se as suas canções “nascem de uma convicção superior, de uma autenticidade”, aprecie-se criticamente um registo recente em Glasgow (Abril 2012) de My Brother’s Man :
Também na noite de 30 de Maio no bar Vinyl (Lado B), às 22h30, o pianista de jazz Júlio Rodrigues e a cantora Elisa Rodrigues interpretam um programa jazzístico, enquanto no recém-aberto Ritz Club é a voz de Marta Hugon que se ouvirá na apresentação do seu trabalho “A Different Time” associada à presença de diversos convidados (anuncia-se).
Com a sua banda habitual (Filipe Melo pianista/compositor, André Sousa Machado baterista, Bernardo Moreira contrabaixista e André Fernandes guitarrista) ouça-se o recente Simple Sample de Marta Hugon :
Por fim na Quarta 30 de Maio, às 18h30 no Pequeno Auditório da Culturgest conclui-se o ciclo de quatro conferências sob o título “Alterações climáticas : a crise que não sabemos pensar” que o Prof. Viriato Soromenho-Marques, antigo presidente da Quercus ANCN, membro do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e do High Level on Energy and Climate Change do Presidente da Comissão Europeia e ainda coordenador científico do Programa Gulbenkian Ambiente, se propôs apresentar (ver Pentacórdios anteriores) sendo o tema conclusivo “As alterações climáticas e o enigma do nosso futuro comum”. A entrada é livre.
No site da Culturgest é possível aceder não só à conferência em directo on line, como à gravação das anteriores ou aos seus textos em pdf.
Aos amadores das artes plásticas, está aberta nesta Quarta 30 de Maio (e todas as 4ªs a Sábados até 28 de Julho), das 15 às 20h, na sede da Fundação Carmona e Costa (rua Soeiro Pereira Gomes, ao Bairro de Santos no Rego), a exposição Gruta e Crânio (desenho 1953-2011) de José de Guimarães, com curadoria de Nuno Faria.
Há desenhos feitos com aerógrafo, desenhos a lápis de cor, a grafite, sopragens e sobretudo muitas máscaras, no sentido de imagem e de processo técnico. Diz o curador “aquilo que o desenho traz … traz o que não é visto. Não é visto porque não é dado normalmente a ver, e porque também o que se vê, vê-se de forma diferente …”.
Na Quinta 31 de Maio, ao Teatro Maria Matos vem novo espectáculo do Alkantara Festival 2012 através da performance “Cheval” com concepção, realização e interpretação de Antoine Defoort e Julien Fournet (repetido no dia seguinte 1/6).
Concebida por um dos mais refrescantes nomes do teatro francês, Cheval é “uma montanha russa, uma aula de música improvável, um argumento apaixonado que roga a favor de uma cultura rica e complexa, com um pacote de batatas fritas” (assim se anuncia). “Muitas bolas. Bolas de futebol, bolas de ténis, bolas de voleibol. Bolas que saltam e que rolam. Um saco de boxe. Dois aspiradores. Paisagens, computadores, um coro improvável e muitos instrumentos, flautas, pianos, guitarras, tocados com as mais inapropriadas partes do corpo”. Dizem os autores : “é um bom título porque contém aquela dualidade específica entre o trivial e o majestoso que tanto apreciamos. Para além disso, é altamente prático poder falar sobre uma performance artística nos termos utilizados para descrever uma besta, poder considerá-la obstinada ou doentia, aborrecida, caprichosa ou tão gentil como um cordeiro”.
É possível ter-se a visão integral do mesmo neste vídeo :
Na Sala dos Espelhos do Palácio Foz, às 18h30 da Quinta-feira 31 de Maio, há um Recital de dois Trios com Piano de Jovens Solistas da Metropolitana onde, por um lado, Catarina Passos flauta, Ravena Mendonça violino e Ricardo Vicente piano tocarão de Jacques Ibert Dois interlúdios e de Nino Rota Trio para Flauta, Violino e Piano, enquanto por outro Eva Mendonça flauta, Ester Puig violoncelo e Sofia Simões piano interpretarão de Carl Maria von Weber Trio, Op. 63, J. 259.
A entrada é livre.
Também nesse 31 de Maio, às 19h no El Corte Inglés, outros Jovens Solistas da Metropolitana, agora em Quinteto composto por Rui Ferreira clarinete, Ana Margarida Silva violino, Vera Duque violino, Susana Magalhães viola e Sara Abreu violoncelo irão tocar de Alexander Glazunov Rêverie Orientale e de Johannes Brahms Quinteto com Clarinete em Si menor, Op. 115.
A entrada é livre e o concerto será comentado por Alexandre Delgado.
No campo teatral, a 31 de Maio (Quinta-feira), vinda do Teatro Art’Imagem com o apoio da Casa da América Latina, apresenta-se no Teatro Cinearte as 21h30 (e até Domingo 3 de Junho) a criação cénica “As Veias abertas da Humanidade – Memória de Amor e Guerra”, com direcção, encenação e dramaturgia de José Leitão e interpretação de Daniela Pêgo, Flávio Hamilton e Pedro Carvalho.
Baseada numa selecção de textos do escritor, pensador e jornalista uruguaio Eduardo Galeano, autor de “As Veias Abertas da América Latina”, esta encenação pretende dar consistência teatral aos variados géneros literários do autor de “O Livro dos Abraços”, privilegiando o trabalho de actor e os universos em que se movem as personagens, reais e ficcionais, cruzando as pequenas histórias dos homens e mulheres comuns com a grande história dos povos e das nações, as lendas e os mitos da criação da humanidade, a narrativa poética e a crua prosa da realidade, os pequenos chistes e os grandes pensamentos, o espanto e o medo, as alegrias do amor e as dores das guerras, a amizade e a infâmia, a palavra dos vencidos contra a ordem e o poder dos vencedores, do mal e do bem… de nós!
Na Quinta 31 de Maio, iniciam-se às 21h no Teatro do Bairro três dias do mais recente projecto de Alexandre Lyra Leite, constituído pelas performances “The Baking Powder Girl”, “Comfort Zone” e “Walking Girl”, onde se “questiona a actualidade através da criação de um território fora dos limites da “zona de conforto” dos próprios performers, numa abordagem de síntese, essencialmente visual, onde o corpo surge como suporte e principal meio de expressão. Interpretam-nas João Luz, Inês Gonçalves, Inês Martins, Joana Caçador e Alexandre Lyra Leite.
Continua nesta Quinta 31 de Maio (como nas seguintes) no Teatro-Estúdio Mário Viegas, às 21h, a peça “Elas Sou Eu – o que a gente não faz para pagar a renda” de Eduardo Gaspar com encenação de Hugo Sovelas, onde o autor/actor interpreta quatro figuras femininas hilariantes, desde Lucy Neyde uma perigosa empregada doméstica e Berenice uma fogosa baiana até Yolanda uma mulher da alta sociedade e Irmã Bondade uma mulher misteriosa.
Regressa a 31 de Maio (quinta-feira), às 23h45, na Casa Conveniente (ao Cais do Sodré) o espectáculo de teatro strip “A Virgem Doida” de Rimbaud em criação de Mónica Calle com intervenção de Amaddu Neves, Fátima Cecílio e Mónica Calle.
Entretanto às 23h desse 31 de Maio (repetindo-se a 1 e 2 de Junho) o Hot Club de Portugal apresenta o conjunto TGB (das iniciais dos instrumentos) composto por Lars Arens (trombone), Mário Delgado (guitarra) e Alexandre Frazão (bateria) de que mostramos uma recente interpretação do tema Weird Clown de Mário Delgado em Roterdão :
A hora próxima, às 22h30, estará no bar Vinyl Lado B a actuar o Trio Odd Meter composto por Ricardo Barriga (guitarra), André Rosinha (contrabaixo) e Alexandre Alves (bateria).
Ainda a 31 de Maio (Quinta), no Institut Français de Portugal, o Bar das Ciências debaterá das 19h às 20h30 (em francês) o tema “O azeite : de um passado milenário às aplicações dos tempos modernos” a partir duma exposição introdutória de José Gouveia (do Instituto Superior de Agronomia) o qual proporá uma abordagem cultural, científica e gastronómica do azeite nas suas várias aplicações e dará ainda a oportunidade de realizar uma prova comentada de azeites.
Por último, mas não menos importante, iniciam-se a 31 de Maio as sessões de carácter público do Congresso Europeu do Património, uma organização da Europa Nostra, a voz do património cultural europeu de que o Centro Nacional de Cultura (CNC) é o representante em Portugal. Os seus membros formam um poderoso movimento de apoio ao património cultural na Europa, promovendo a excelência através do Prémio União Europeia para o Património Cultural – Europa Nostra e de campanhas para salvaguardar o património histórico ameaçado e os lugares e paisagens de valor cultural.
A próxima Cerimónia de entrega dos prestigiados Prémios União Europeia para o Património Cultural – Europa Nostra, momento importante do Congresso anual, terá lugar no dia 1 de Junho no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, entre os quais se encontra, em Portugal, a recuperação dos seis orgãos da Basílica de Mafra (imagem anexa).
O programa do Congresso inclui ainda um Fórum sobre o tema “Salvaguardar o Património Ameaçado da Europa”, organizado com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (ver adiante) e, a encerrar, a Assembleia Geral da Europa Nostra terá lugar a 3 de Junho no Palácio Nacional de Mafra, precedida de um curto concerto dos seis órgãos da Basílica.
Nesta Sexta 1 de Junho, no Auditório do Museu do Oriente, além da apresentação, às 9h30, dos 28 laureados com o Prémio União Europeia do Património/Europa Nostra 2012, haverá às 14h30, uma conferência do arquitecto holandês Wessel de Jonge intitulada “Continuidade e Mudança – Salvaguarda e readaptação da herança do Movimento Moderno na Arquitectura”.
Irá analisar, de uma perspectiva geral, a questão da salvaguarda e reutilização da herança do Movimento Moderno na Arquitectura, apresentará, entre outras coisas, os seus projectos para a Oficina de Design Van Nelle em Amesterdão (1928-31) e para o antigo Sanatório Zonnerstraat em Hilversum (1928), ambos incluidos na Lista Provisória de Nomeações a Património Mundial proposta no ano passado pelo governo holandês, bem como a restauração que fez em 1995 (vide imagem) do Pavilhão Holandês da Bienal de Veneza, desenhado em 1953 pelo arquitecto Gerrit Rietveld, pertencente ao denominado movimento De Stijl. Ressaltando a importância vital de integrar a arquitectura do século XX numa continuidade histórica, mostrará de que modos os arquitectos desses três edifícios representam filosofias muito diferentes da arquitectura moderna, que respondem aos grandes desafios sociais e culturais do século XX.