COMPOSITORES FAMOSOS – Bizet – por Luís Rocha

 

 George Bizet em 1875, pouco antes da sua morte. Nesse mesmo ano foi nomeado cavaleiro da Legião de Honra francesa e estreou a ópera que o imortalizou “Carmen”.

Nasceu em Paris no dia 25 de Outubro de 1838. Era filho de um professor de canto (Armand Bizet) e de uma pianista de talento (Aimée Delsarte). A sua vida em família determinou a orientação precoce de Bizet para a música, que começou a aprender com a mãe, quando tinha apenas 4 anos de idade.

 

 

A grande memória musical, de que constantemente se gabava, levou-o a deixar inacabadas muitas obras e a rasgar várias outras. Pouco antes de morrer, dizia que tinha na memória uma ópera completamente terminada que acabou por não escrever. Morreu com apenas 36 anos de idade.

 

Compôs as primeiras canções para voz feminina com 12 anos e aos 16 “A Grande Valse de Concert” e o “Premier Nocturne”. Para sobreviver fez, durante muito tempo, transcrições para piano de óperas famosas, além de dar aulas e compor pequenas peças de piano e canções, por encomenda.

Bizet tinha pelo teatro uma grande atracção, que o levou a escrever várias operetas que depois, insatisfeito, destruiu. A sua primeira obra para o teatro foi “Le Docteur Miracle” a que se seguiram “Esmeralda”, “Ulysse et Circé”, “Le Tennelier de Nuremberg”, “ Dom Quixote” e “Lamour Peintre”. A obra “Os Pescadores de Pérolas” estreada em 30 de Setembro de 1863, só foi considerada grande êxito após a sua morte.

 

 

A importância de Bizet na história da música prende-se fundamentalmente ao campo da ópera para cuja evolução contribuiu. Se não tivesse morrido com apenas 36 anos, poderia ter sido o maior compositor de óperas do seu tempo, devido ao sentido inato do teatro e à força dramática da sua música.

A música de “Carmen” claramente influenciada por Gunod adapta-se de modo exacto à intensidade dramática e adquire a sua expressão mais reveladora, por contraste, no terceiro acto, um dos mais belos de toda a história da ópera. O grande progresso de Bizet na “Carmen” é, sobretudo, de natureza dramática. Possui o mesmo estilo das óperas anteriores, mas com uma dimensão mais ampla, mais intensa e com uma maior penetração psicológica das personagens.

 

 

Para além das óperas, Bizet compôs música para orquestra, entre as quais se destacam “L`Arlèsienne” que gozou de grande popularidade, devido a duas suites sinfónicas extraídas da partitura que Bizet compôs para o drama de “Dauded” a “Abertura em lá menor/maior” e a “Sinfonia em dó maior”. Escreveu ainda 42 canções baseadas em obras de “Ronsard”, “Victor Hugo”, “Lamartine”, “A.de Musset”, entre as quais se destacam as 6 Feuilles d`álbum e as canções folclóricas “Chants des Pyrènèes”.

 

 

Compôs também várias obras para piano de que se destacam, entre outras, 4 prelúdios (dó maior, lá menor, sol maior, mi menor); valse em dó maior; grande valse de concerto em mi bemol e maior; nocturno em fá maior; tema brilhante em dó maior; capricho original nº.1 em dó sustenido menor; capricho nº.2 em dó maior; lauserie sentimentale e “Jeux d`enfants” 12 peças.

 

 

Vi várias representações da ópera “Carmen” desde salas de ópera, passando pelo cinema e até uma apresentação no Pavilhão Atlântico da Expo de Lisboa, com cenários apropriados, com maior enfase na arena da praça de touros que o espaço permitiu montar, o que deu maior realismo à actuação dos tenores.

Considero esta obra, com todo o dramatismo envolvente, um grande acto de coragem para a época – como um hino à emancipação da mulher “Carmen” que comanda a sua vida pela liberdade de dizer e fazer tudo, sem medos das consequências.

 

 

 

 

Base da informação: colecção “Enciclopédia Salvat dos Grandes Compositores” – Joan Arnau

Leave a Reply