“A Vida dos Sons”: deseja-se menos cinzenta e mais multicolor (IV) – 3 – por Álvaro José Ferreira

Ficaram de fora outros acontecimentos de cariz cultural dignos de nota:

 

1. Falecimento do jornalista e escritor Augusto de Castro; formado em Direito, exerceu funções diplomáticas em Londres, Paris, Bruxelas e Roma; foi, a partir de 1919 e durante largos períodos, director do “Diário de Notícias”; a sua produção literária inclui, entre outras obras, as peças de teatro “Caminho Perdido” (1906), “Chá das Cinco” (1909), “Vertigem” (1910), “A Culpa” (1918) e “Amor” (1934), o livro de contos “O Amor e o Tempo” (1929) e os ensaios “A Crise Internacional e a Política Externa Portuguesa” (1949) e “Garrett e o Teatro Português” (1954); foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, em 1945, ocupando a cadeira n.º 5 deixada vaga pelo poeta Eugénio de Castro (1869-1944);

 

 

2. Falecimento do actor António Silva; de origem humilde, começou a trabalhar com marçano (numa retrosaria e numa drogaria) ao mesmo tempo que fazia o Curso Geral do Comércio; atraído pelo teatro, integrou vários grupos amadores até se estrear como profissional (1910) na Companhia Alves da Silva desempenhando um pequeno papel na peça “O Novo Cristo”, de Leon Tolstoi, levada à cena no Teatro da Rua dos Condes; com a Companhia António de Sousa fez uma prolongada digressão ao Brasil onde participou em três filmes, hoje perdidos – “Ubirajara” (1919), “Convém Martelar” (1920) e “Coração de Gaúcho” (1920); de regresso a Portugal é contratado pela Companhia Satanella-Amarante e transforma-se numa das mais populares vedetas do teatro ligeiro, fazendo rir multidões no Parque Mayer; aí o vai buscar Cottinelli Telmo para fazer de alfaiate Caetano (pai da costureirinha Beatriz Costa) em “A Canção de Lisboa” (1933), filme que estabelece as bases da chamada “comédia à portuguesa”; o seu talento para encarnar, com inimitável sentido histriónico, figuras arquetípicas da pequena burguesia lisboeta está bem patente em vários filmes ainda hoje muito populares, como: “O Pátio das Cantigas” (1942), “O Costa do Castelo” (1943) , “A Menina da Rádio” (1944), “A Vizinha do Lado” (1945), “O Leão da Estrela” (1947), “Fado, História d’uma Cantadeira” (1947) e “O Grande Elias” (1950);

 

 

 

 

3. Falecimento do actor francês Fernandel; de seu verdadeiro nome Fernand Joseph Désiré Contandin, foi um dos comediantes mais famosos do século XX; a notoriedade alcançada com o filme “Le Blanc et le Noir (1931), de Robert Florey, catapulta-o para uma longa carreira de sucesso só interrompida com a morte, tendo participado em mais de cem filmes, entre os quais “Angèle” (1934), de Marcel Pagnol, “Carnet de Bal” (1937) e “Ma Vache et Moi” (1962), ambos de Julien Duvivier; a sua fama internacional deveu-se sobretudo à encarnação cinematográfica de Don Camillo, personagem criada pelo escritor italiano Giovanni Guareschi (1908-1968); foi dos actores que melhor soube conjugar o cómico com o dramático.

 

 

(Continua amanhã)

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