BELCANTO – Janet Baker – por Carla Romualdo e Carlos Loures

Dame Janet Baker (nascida em Inglaterra, em 1933) é uma mezzo-soprano reconhecida pela sua grande intensidade dramática e pelo seu rico e expressivo timbre vocal, que lhe permitiram alcançar interpretações memoráveis, em particular do repertório barroco, mas também de compositores contemporâneos como Benjamin Britten.

Baker estreou-se em palco em O Segredo, de Smetana, tendo logo em seguida interpretado uma sucessão de óperas de Handel. Nos anos seguintes, foi consolidando um repertório iminentemente barroco – Purcell, Cavalli, Monteverdi, a par de outro mais contemporâneo, sendo nesse campo de destacar as suas interpretações de Britten, Strauss, Gluck e Berlioz.

Revelou-se igualmente uma notável interprete de lieder e oratórios, tendo gravado as primeiras versões do oratório de Natal de Vaughan Williams, Hodie, da cantata Phaedra, escrita para ela por Benjamin Britten, e do ciclo de canções From the Diary of Virginia Woolf, de Dominick Argento.

Retirou-se dos palcos em 1982, com Orfeo ed Euridice, de Gluck, e escreveu um livro de memórias, Full Circle.

Um dos seus papéis mais memoráveis foi o de Dido, em Dido and Aeneas, de Henry Purcell, uma das primeiras óperas inglesas, e uma referência do repertório barroco. Inspirada no Livro IV da Eneida, de Virgílio, conta a história de amor entre Dido, rainha de Cartago, e Eneias, herói de Tróia, e o despero daquela após ser abandonada por Eneias.

A passagem mais célebre desta ópera, e uma das mais belas árias do repertório operático, é When I’m laid in Earth, também conhecida como o Lamento de Dido, ária final da ópera e despedida de Dido, que morre após a partida de Eneias. Janet Baker interpreta a seguir esta ária numa famosa encenação gravada em Glyndebourne, em 1966, com a direcção do maestro Charles Mackerras.

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