Fernando Echevarría – Portugal
( 1929 – )
“HÁ FIGURAS QUE AGUARDAM O MOMENTO”
Há figuras que aguardam o momento
de ficarem na luz de serem vistas.
Até lá, vivem num tempo
que as conserva esquecidas,
ou onde ondeia o silêncio,
apagando o vestígio das suas próprias linhas.
É isso o limbo. Estar sentado
antes ainda de haver epifania.
Mas, quando chega o momento
de as figuras surgirem em ser vistas,
a penumbra nomeia cada gesto
e cada linha
que desloca a luz dos membros,
conforme os move a animação mais íntima.
Estão no mundo. E reina o movimento
na surpresa que ilumina
a ordem de estarmos vendo
como movem o irem sendo vistas.
(de “Figuras”)
Nasceu em Espanha mas veio muito novo para Portugal. Animou revistas como “Graal”, “Eros” e “Limiar”.A sua poesia caracteriza-se por uma componente reflexiva, pela sensibilidade metafísica e pela especulação filosófica. Estreou-se com “Entre dois anjos” (1956), tendo publicado ainda, entre outros textos poéticos: “Tréguas para o Amor” (1959), “Introdução à Filosofia” (1981), “Fenomenologia” (1984), “Figuras” (1987), “Sobre os mortos” (1991).