POESIA AO AMANHECER – 39 – por Manuel Simões

Paulo Teixeira  – Portugal

( 1962  –   )

SAUDAÇÃO

Saúda a hora, esse fugidio ar dos minutos,

como quem, convertido à fonética do silêncio,

soçobra na linguagem autista do poema.

Os pulmões expiram para longe o hálito

dos anos e a memória alastra pelo papel

como uma assinatura. Este continente,

lugar imposto no gráfico da tua vida, fixa-o,

prestes a erguer-se no ar como morada de exílio,

na lenda que é já a visão da tua íris estriada.

Com o nível do sangue a latejar na garganta

escreve, sob a luz dos revérberos, a despedida

às cerimónias crepusculares do velho mundo.

(de “Inventário e Despedida”)

O seu livro de estreia, “As Imaginações da Verdade”, publicou-se em 1985. Tem uma extensa obra poética, da qual destacamos: “Conhecimento do Apocalipse” (1988), “Inventário e Despedida” (1991),  “O Rapto de Europa” (1994), “Patmos” (1994), “As Esperas e Outros Poemas” (1997), “Autobiografia Cautelar” (2001), “Descanso na Fuga para o Egipto”, antologia (2006).

 

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