OPINIÃO: O NÓ GÓRDIO – por Octávio Teixeira*

O abandono do euro e subsequente   desvalorização é uma necessidade objectiva

 

É hoje inequívoco que a política do Governo fracassou. No entanto, o   primeiro-ministro e o seu mentor económico António Borges teimam na ideia de   que a redução dos custos do trabalho é a via “extremamente   inteligente” para ultrapassar a crise.

É hoje inequívoco que a política do Governo fracassou. No entanto, o   primeiro-ministro e o seu mentor económico António Borges teimam na ideia de   que a redução dos custos do trabalho é a via “extremamente   inteligente” para ultrapassar a crise. Todos os que rejeitaram a sua   proposta, a maioria da sociedade portuguesa, serão ignorantes. A sua   arrogância é estúpida. Mas o mais grave, porque eles governam o país, é que   essa teimosia mostra ignorância económica, incompetência política e cegueira   ideológica.

Os desequilíbrios externos, a questão central, só são resolúveis se o país   produzir mais, não pela aplicação da receita do cavalo do inglês. E produz-se   de menos porque a produção nacional não é suficientemente competitiva com   produções externas. Insuficiência que não radica nos custos salariais, pois   em Portugal são cerca de 50% dos da média da União Europeia enquanto a   produtividade é da ordem dos 75%.

Assim, e porque o aumento da competitividade através de incrementos   significativos da produtividade total dos factores é muito lento no tempo,   para ganhar competitividade só há uma solução: desvalorizar a moeda. Há dez   anos que o euro está sobrevalorizado em 30% (e mais) face à taxa de   equilíbrio para a economia portuguesa, o que é insuportável.

O abandono do euro e subsequente desvalorização é uma necessidade objectiva.   Tem custos, mas menores que os actuais. Por exemplo, desvalorizar 30% pode   gerar uma perda salarial real de 8%, via inflação, menos que a soma do corte   de um subsídio e da inflação. E com as vantagens de a competitividade   aumentar cerca de 24%, potenciando rapidamente o crescimento económico e a   redução do desemprego e dos défices, e de evitar a queda no abismo.

Este é o nó górdio que urge desatar.

[*] Economista.

O original encontra-se em www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=581931&pn=1

Nota de Júlio Marques Mota*

O texto diz: «O abandono do euro e subsequente desvalorização é uma necessidade objectiva. Tem custos, mas menores que os actuais.»

Comentário: Tem custos enormes, mas se inferiores não sei. O que sei é que a única forma de os minorar seria sair de forma organizada. Mas esta Comissão Europeia de incompetentes ou de salteadores a soldo das grandes fortunas ou dos grandes bónus dos traders  já nem sei bem,  se não consegue ou não quer  controlar os mercados e assegurar  um verdadeiro destino que não seja o Inferno para esta Europa, então  não será capaz de permitir e organizar uma saída em ordem e com protecção contra os ataques especulativos  que se desencadeariam a seguir. Excluída esta hipótese resta TENTAR UMA SAÍDA A TRÊS OU A QUATRO, este é o meu ponto de vista.

Diz o texto: Este é o nó górdio que urge desatar.

Comentário: é necessário saber como desatar este nó górdio. Esse é o problema, o grande problema.  Tem que se encontrar uma forma, sob pena de ficarmos todos fritos neste sistema diabólico.

Um bom texto, deixem-me então expressar a minha opinião.

Júlio Marques Mota

 * Professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

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