«COMUNAS», «CHUCHAS» E «FACHOS» – PARA CADA UM A SUA DEMOCRACIA – por Carlos Loures

Em 25 de Novembro de 1975 o movimento militar que prevaleceu esteve em consonância com o sentir da maioria dos cidadãos – só a esquerda revolucionária teve um profundo sentimento de perda. – no PCP, o reformismo sobrepunha-se ao espírito revolucionário, no PS, o neo-liberalismo colocava a social-democracia na gaveta, no PSD, as correntes mais democráticas, eram ultrapassadas pelas mais reaccionárias. Na esquerda revolucionária, campeava a divisão. As nossas teses mais radicais colhiam adeptos entre militantes socialistas e pecepistas. Mas, ao longo dos 18 meses que durou o período revolucionário, demonstrámos que estávamos divididos e que nunca puxaríamos o carro da Revolução no mesmo sentido.

O termos dedicado toda a edição de Domingo, dia 25 de Novembro, às eleições na Catalunha, não permitiu que referíssemos uma efeméride óbvia – o 25 de Novembro de 1975. Para os mais jovens, lembro que nesse dia, um movimento militar pôs termo ao chamado PREC (Processo Revolucionário em Curso). Sobre o significado histórico do movimento, as opiniões dividem-se indo desde a classificação de «golpe de direita» à de «reposição da normalidade». Aliás, as opiniões dividem-se acerca de quase tudo. Relativamente ao período que se seguiu ao 25 de Abril de 1974, dividir a opinião pública e as suas opções políticas em esquerda e direita, em «comunas» e «fachos», constitui uma simplificação que em nada simplifica a explicação do que aconteceu. A direita, unida por interesses comuns, teve mais facilidade em ultrapassar diferenças ideológicas. As pessoas de direita, os conservadores (aqueles que tinham alguma coisa a conservar) classificavam os que queriam mudar as coisas, acabar com as injustiças sociais, como «comunas». No entanto, os «comunas» estavam profundamente divididos – militantes socialistas (social-democratas), pecepistas, estalinistas, maoístas, trotsquistas, anarquistas, luxemburguistas, blanquistas… Anátemas sinistros, fatwas, circulavam nas reuniões em que se tentava uma unidade impossível.

Quando em 25 de Abril de 1975 decorreram as eleições para a Assembleia Constituinte, o PS obteve 38% dos votos expressos e 116 deputados, o PPD 26,5% e 81 lugares, o PCP 12,5% e 30 deputados, o CDS 7,6% e 16 eleitos, o MDP-CDE 4,14% e 5 deputados, a UDP, 0,79% e 1 lugar. O PS, que a gente de esquerda sempre conotava com a direita, os «chuchas», foi por muita comunicação social e pela gente de direita, considerado de esquerda. E falou-se numa «maioria de esquerda». A verdade é que os resultados eleitorais configuraram uma maioria moderada, anti-revolucionária – de direita, digamos para simplificar. Note-se que a esquerda revolucionária, entre os 250 deputados da Constituinte, apenas teve um – o da UDP – talvez o maior partido da «esquerda revolucionária», com mais militantes do que o MÊS, o PRP, a LCI (que não apresentaram candidatos às eleições). Para quem militava nesta área que, num esforço mal conseguido de unidade, em 1976 apoiou a candidatura de Otelo à presidência (obtendo quase 17% dos votos) parecia estar numa densa floresta. Afinal estávamos rodeados por meia-dúzia de árvores…

«Comunas», «chuchas» e «fachos», todos fazíamos parte do mesmo povo. E todos falávamos em nome do povo. Todos queríamos a democracia. Mas cada um tinha o seu conceito de povo e a sua ideia quanto ao que é a democracia. Falando dos «comunas», o PCP tinha o seu projecto – projecto que a restante esquerda recusava. Alguns porque tinham outros projectos – a UDP, minúscula quando comparada com o PCP, era talvez a maior da chamada extrema esquerda. E, dentro da extrema-esquerda, tentava impor a sua utopia, decalcada do que pensava ser a realidade albanesa. A LCI tinha a sua utopia, baseada na obra de Trotsky, o PRP defendia a criação de sovietes e inspirava-se em Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht… O MES defendia o Poder Popular, mas pela adesão de elementos destacados do movimento a um PS já estava em deriva  e viu-se até que ponto essa defesa era inconsistente. Em suma – os »comunas» que a direita tamto temia, estava dividida em «revisas» e «esquerdalhos»; os «esquerdalhos», por seu turno, estavam separados por ideologias inconciliáveis – «trotskas», «metralhas», «fininhos»…

Pequeno – burgueses na maioria, sonhávamos com revoluções em que o proletariado assumiria o poder. O proletariado entretanto, começava a descobrir os prazeres do consumo – e tinha um sonho diferente do nosso – deixar de viver na miséria – ter casa própria, automóvel, alcatifas, pôr os filhos na universidade – no fundo deixar de ser proletariado. Pelo menos deixar de o ser da forma mítica e romântica que os pequeno burgueses queriam impor, com uma imagética própria do século XIX. O que o capitalismo propunha era mais bonito, mais sedutor. E não tinha a violência que os grafitti e cartazes ameaçavam – camponeses irados de foices em riste, operários de punho cerrado e expressões ameaçadoras sob os capacetes de protecção…

Em 25 de Abril o MFA entregou-nos um país novo onde podíamos ter construído uma realidade nova. Mas, por mais pequeno que fosse, cada grupúsculo político quis impor a sua utopia. Podemos culpar a CIA e o KGB, podemos culpar os militares, podemos culpar Mário Soares e Sá Carneiro, os grupos económicos… Mas todas essas pessoas e entidades ao intervirem defenderam os seus interesses. Nós não soubemos defender os nossos interesses.

Assumamos a nossa parte na culpa.

9 Comments

  1. Em poucas palavras, foi o Exemplo e Coragem do Coronel «CMD» Jaime Neves, Torre e Espada, hoje Major-General, e do seu Regimento de Comandos que pôs termo á bagunçada chamada «Verão Quente» e ás aspirações do Estalinista PCP em tomar o poder com as suas marionetas. Lamenta-se as perdas dos Tenente «CMD» Coimbra e Furriel «CMD» Pires que cairam em combate, ao serem cobardemente atingidos pela rectaguarda pelo «povo» armado de G3 roubadas que estavam na Calçada da Ajuda. Muitos se esqueçem. Nós não. Por isso gritamos sempre: Mama Sumae!

  2. São poucas e, quanto a mim, palavras que vão no sentido errado. O meu texto é uma tentativa de reconciliação com a história. Com posições como a sua prevalecerá semprre o ódio irracional que impede que os acontecimentos sejam interpretados com alguma coerência e ojectividade. Os soldados comando que morreram não foram vítimas das «G3 roubadas que estavam na Calçada da Ajuda», mas sim do fogo de outros soldados de uma unidade que estava numa posição politica diferente. «Cair em combate» desdiz o que vem a seguir – «ao ser cobardemente atingidos pela retaguarda». Num combate, atinge-se e é-se atingido. Ninguém se esqueceu de nada. Mas passaram quase 40 anos e já é tempo de analisar o que se passou com alguma serenidade.

    1. Desculpe, fui Oficial «Comando», li o relatório de operações do «25 de Novembro» e falei com os operacionais que tiveram nas operações do ataque ao Quartel da PM na Calçada da Ajuda. Quando se ataca de frente ao Inimigo e se é atingido nas costas…tire as conclusões. Sim passaram quase 40 anos. E as G3 foram roubadas dos paiois de muitas unidades subsversivas que estavam num granel de disciplina…e sim, o PCP tinha um plano totalitário para tomar conta do país com a ajuda da ex-URSS. E é verdade que a esquadra da NATO esteve ao largo de Lisboa para intervir. Quanto ao cair em combate, quando se está numa missão operacional e real (que eu nunca estive mas fui treinado para isso), isso resulta de fogo adversário, inimigo, de alguém que nos pretende visar mortalmente. Portanto, cairam em combate. E não me desdigo, pois foram membros de células radicais da esquerda e extrema esquerda que estavam nos edifício junto á Calçada da Ajuda que dispararam, conjuntamente com os militares da PM. É necessária, serenidade e distância…pois concerteza que sim. Mas alguém que explique com frontalidade o que se passou. Porque foi realmente isto. Falem com quem lá esteve. Falem com a ASSOCIAÇÃO DE COMANDOS, que eles explicam quem, quando e como foi. Termino afirmando que estamos num blog em que as opiniões são livres, agradeço a oportunidade que me deu para me expressar, respeito a sua. Mas há coisas dificeis de reconciliar em termos históricos…

      1. Há coisas difíceis de reconciliar em termos históricos, tem toda a razão. Por exemplo, quem sofreu as torturas da polícia políitica, tem dificuldade em esquecer e até mesmmo em ser isento relativamente aos torcionários. Admitir que quem tortura é um ser humano, por exemplo, exige um esforço enorme. No entanto, os agentes da PIDE, os que são vivos, andam por aí. E os que morreram, foi de morte natural. Nada tenho contra os soldados comando – um familiar chegado tem orgulho em ter servido no Regimento de Comandos. Há um amigo deste blogue e meu amigo pessoal, um distinto coronel comando… Em suma, nada nos move contra essa ou qualquer outras unidade militar. Ouvi relatos de testemunhas oculares, de um alferes da PM, por exemplo. Nâo condiz com o seu. Um escritor disse (Julian Barnes, salvo erro) – «mentia como uma testemunha ocular». Isto quer dizer que o comando que lhe contou como as coisas se passaram ou o PM que me fez o relato, mentiram? Não. Quer dizer que mesmo quando assistimos a alguma coisa o que os nossoa olhoa fazem chegar ao cérebro e sobretudo o que a memória regista é filtrado por uma rede de conceitos pré-existentes. Mas quando falei de palavras erradas, não me referia ao que diz sobre o que se passou na Calçada da Ajuda – referia-me a expressões como «bagunçada chamada Verão Quente». Se alguém lhe disser que essa bagunçada de 18 meses se seguiu a 48 anos de crimes, assassínios, repressão e de miséria, rcometidos por de um bando de crimninosos fascistas, também não estaria a mentir. O que quis dizer no meu modesto artigo foi precisamente isso – é tempo de cada um assumir as responsabilidades que teve, enquanto cidadão, em tudo o que aconteceu. Insultar-nos entre nós, pode aliviar, mas não contribui para rreconstituir o que se passou e muito menos para evitar que ditaduras fascistas durem décadas ou bagunçadas comunistas ocorram durante meses.

      2. Estimado Carlos, tenho formação em Relações Internacionais o que permite, teoricamente ter uma noção global da História e dos Acontecimentos. Quanto á História de Portugal, que sou um um adepto e leitor atento, sou o primeiro a lamentar as atrocidades e tristes acontecimentos que ocorreram nos 48 anos do Antigo Regime. Com uma diferença. Não era nascido nessa altura (só em 1968) e não posso verdadeiramente ter uma opinião realmente formada sobre algumas das coisas boas que existiam nessa época. mas corroboro que foi uma época negra da nossa história, sobretudo ao nível sócio-económico-educacional do nosso povo (do mais baixo da Europa de então), a Emigração massiva que ocorreu e a castração ideológica e cultural. De acordo. Voltando ao «25 de Novembro» que já teve honras de celebração nacional, os testemunhos que tenho não são do «zé soldado», mas sim de distintos Oficiais que comandaram Grupos de «Comandos» nos assaltos ao GDACI em Monsanto, ao Quartel da PM e aos estúdios do Lumiar quando falava o então capitão Duran Clemente. Todos estes factos estão bem documentados na vasta obra do Coronel reformado Manuel Bernardo, distinto oficial, que embora não tivesse a especialidade «Comando», serviu na Unidade nessa época e tem escrito bastante sobre o sucedido e sobre a época. Eu próprio, ainda como Aspirante «CMD» em 1989, efectuei um trabalho de recolha de material da época (jornais de 1974/75) que expus no Regimento de Comandos da Amadora, de forma a corroborar a verdade histórica dos factos. Quanto aos relatos dos militares da PM, bem podem agradecer a sua sorte (leia-se a vida) á capacidade de Comando e Controle do Coronel «CMD» Jaime Neves, quando irrompeu pelo quartel adentro com a sua «chaimite» e mandou cessar-fogo…já depois de termos 2 camaradas mortos. Se tal não ocorresse, muito sangue, certamente em vão, teria sido derramado naquele quartel. Sabe, é que eu fui Ajudante-de-Campo de 3 generais (que não vou citar os nomes) e conheço a história politico-militar recente por quem a fez…de facto. E nenhum deles é «capitão de Abril», mas sim Major ou Tenente-Coronel do dia 23 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975. E as coisas ocorreram, efectivamente, de forma, muito diferente, daquele que se conta…mas ainda só passaram quase 40 anos e há muitos protagonistas vivos…e o Povo português tem a memória muito curta. Disse

      3. Pedro Faria, deve reconhecer que o critério com que avalia os factos históricos não é muito correcto. O facto de sermos ou não sermos nascidos quando ocorreram não lhes atribui ou retira gravidade. Não viveu os tempos da ditadura, mas toma partido num acontecimento de qunado tinha sete anos. Analisando o contexto histórico respectivo, sou um defensor das medidas do Marquês de Pombal e, garanto-lhe, ainda não era nascido quando ele foi mimistro de D. José I. Ou seja. podemos ter opinião sobre acontecimentos a que não assistimos. Pode crer que durante os 48 anos de regime corporativo (também não os vivi na totalidade)se passaram coisas muito mais graves do que aquilo que aconteceu em 25 de Novembro. Morreram muitos soldaods, comandos, inclusive, numa guerra suja e injusta (se é que há limpas e justas…). O que se passou depois de 25 de Abril de 1974 não pode ser explicado sem os tais 48 anos de opressão. Isolar esses 18 meses do que os antecedeu não é um método aceitável. Mais ainda – o 25 de Novembro não se resume ao tiroteio da Calçada da Ajuda. Aconteceu muita coisa e, pode crer, de acordo com as lentes que se usam, as interpretações são diferentes. A julgar pela sua reacção ao que escrevi, a minha condenação do maniqueismo não foi convincente. E, no entanto, tenho a firme convicção de que a vida não é como um filme do Oeste americano – com uma demarcação nítida entre os bons e os maus. Na vida real os maus. às vezes são bondosos, e o bons são cruéis. Sabe quem é que escreveu páginas muito interessantes sobre o 25 de Novembro? Um homem considerado maluco – o almirante Pinheiro de Azevedo. «O 25 de Novembro sem máscara», para além de um ou de outro dislate, contém revelações curiosas.

  3. Estimado Carlos, o meu nome é Pedro. Claro que não tenho de forma nenhum uma visão maniqueista nem afunilada da História. Mas não nos esqueçamos do grande princípio das Relações Internacionais: «Nas Relações Internacionais não há Valores, há Interesses». E tudo em termos de Realpolitik gira á volta disso. E o que se passou na realidade em Portugal, em 74/75 foi uma plena cisão nacional, quase á beira da Guerra Civil, em que as duas Superpotências jogavam os seus interesses de forma a obter a maximização dos factos. Por um lado temos a ex-URSS que sempre tinha apoiado os movimentos de libertação em África (a questão da legitimidade ou legalidade da Guerra Colonial é tema complexo, repleto de complexo de esquerda…que ainda hoje prevalece), e que após o Golpe Militar de 25 de Abril (repito golpe militar, operação puramente militar com fins e propósitos muito específicos) quis lançar uma espécie de protectorado em plena Europa ocidental. Temos a vinda de Cunhal de Moscovo e todo o aparelho do PCP a controlar o MFA, os jornais, enfim a vida em geral. Dão-se as RGA, os despedimentos dos patrões, as perseguições, as nacionalizações…a Descolonização. Disso pouco ou nada se fala. Ainda é incómodo. Por outro lado temos um sector militar mais moderado, ligados aos estrategas do 25 de Abril e do «Movimento dos Capitães», que mais tarde ficou conhecido pelo Grupo dos Nove. Mas de facto, existiam mais Oficiais superiores, esses sim verdadeiros estrategas na sombra que foram abordados «off the record» pela CIA e restante Inteligence ocidental para preparar a resistência armada face a um golpe militar de Esquerda, como viria a suceder, sem grande êxito no 11 de Março de 1975. Não tenho nem nunca tive a visão John Wayniana da vida. pelo contrário. O meu contacto com o Reino Unido, em várias circunstâncias, sempre me recordou quela máxima: «Keep your friends close…but your enemies closer». Posso dizer que o melhor trabalho, bastante exaustivo e minuncioso sobre a história do PCP foi escrita por um Inspector da PIDE, e é e sempre foi extraordinária a sua capacidade de organização e luta na clandestinidade. mas também têm as mãos sujas de sangue. Não nos esqueçamos dos vários atentados perpetrados pelo seu braço armado – a ARA. E em Portugal dão-se medalhas a ex-terroristas que mandaram matar outros cidadãos, como a então-líder das PRP -BR! Não há bem nem mal, á uma linha ténue- O que sucedeu no 25 de Novembro (lá volto eu á carga) foi o ponto final nessa linha ténue: o País foi dividido em dois com o bloqueio das estradas em Rio Maior, a emissão televisiva passou para o Porto e pôs-se fim ao «Verão Quente». E os «Comandos» cumpriram a sua Missão, recolheram os seus mortos e voltaram para a sua Unidade…e mais tarde o País e o Poder político quis apagá-los, exterminá-los, fundi-los, extinguí-los…e isso vivi bem de perto, muito de perto, junto de quem decidia. E mais não digo…por agora

    1. Caro Pedro, a sua lista de antecedentes do 25 de Novembro e cotejada com a que eu faria, dir-se-ia estarmos a falar de acontecimentos diferentes. É aí que deve intervir o historiador, colhendo de fontes primárias, se possível, o relato dos acontecimentos, sabendo distinguir sujectividades, preconceitos políticos, interesses de classe, e montando com esses relatos uma descrição tão depurada quanto possível. É essa abordagem serena que, quase quarenta anos depois, eu gostaria de ver feita, mas que é difícil enquanto perdurarem clichés de direita e de esquerda a inquinar a limpidez da verdade objectiva, histórica. Na sua enumeração, destaca-se a classificação do 11 de Março como golpe de esquerda – ora sabe-se que foi um golpe da direita militar, encabeçado por Spínola e apoiado pelo estado espanhol. Teve o nome de código de «matança da páscoa». Provocou uma explosão popular, com aproveitamento dos partidos de esquerda, da esquerda militar? Certamente que sim. Foi o ponto de partida para o «verão quente». Não sei qual a estratégia do PCP (nunca a ele estive ligado). Infiltrava assembleias populares, comissões de trabalhadores e tentava, com a ajuda do primeiro-ministro, ocupar lugares-chave na admisnistração. Afinal, o mesmo que o PS, o PPD w o CDS faziam. A União Soviética, comentava-se na altura, não estaria interessada em criar aqui um problema tipo Cuba. EStabelecia-se analogias com o Tratado de Tordesilhas… Do que o PCP pretendia, não sei. O que Mário Soares, Sá Carneiro, Frank Carlucci, pretendiam todos o sabemos – «socialismo de face humana” ou «socialismo em liberdade», defendia o PS, por oposição aos estados socialistas que ainda existiam à época. E aqui temos o socialismno de rosto humano, o rosto da dona Angela Merkel e o socialismo em liberdade, que devia dizer-se antes «capitalismo à solta», com um aluno de Milton Friedman, o amigo de Pinochet, a fazer-nos pagar o buraco financeiro que a oligarquia, que se criou depois do 25 de Novembro, retirou de fundos comunitários para contas pessoais… Como vê, caro Paulo, os factos a que dá valor, eu desvalorizo-os e vice-versa. Era disto que eu ontem falava. Penso que já era altura de reconhecermos que todos cometemos erros. Até este, para mim, desprezível executivo, ao emanar da vontade popular expressa pelo voto livre e democrático da maioria dos cidadãos, é da responsabilidade de todos. Voltarei ao assunto.

  4. Relembro-lhe que me chamo Pedro e não Paulo. Para não nos alongarmos mais com um discurso já longo e que não nos trará nada de novo e produtivo, saliento a sua conclusão «…os factos que dá valor, eu desvalorizo-os e vice-versa». Ora eu afirmei tal coisa, nem corroboro esta sua afirmação. Mas a forma possível que certamente encontrou para pôr fim ao tema. Continuo fiel aos meus princípios e ideias até me provarem o contrário…e os últimos 40 anos não provaram. Mas as palavras levam-nas o vento…

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