O 25 de Abril de 1974 e a “democracia” de 2013 – por Luís Rocha

a-queda-de-vasconcelosO povo português acordou no dia 25 de Abril de 1974 com os clamores de “viva a liberdade” expressados em cânticos, abraços e cravos vermelhos.

Nos dias que se seguiram as pessoas passaram a ver os outros como “iguais”, figura perpectuada na memória de todos os que vieram para a rua festejar o dia do “trabalhador” em 1 de Maio de 1974.

Deu-se como terminado o regime “ditatorial” e passou-se a construir o chamado regime da “democracia” palavra que, em termos etimológicos, deriva do grego demokratia (governo em que a soberania é exercida pelo povo).

Aprovou-se uma nova “Constituição da República”, que definiu o caminho a seguir pela “democracia” conquistada. Constituíram-se partidos políticos, de acordo com as ideologias vigentes na Europa dita “democrática”.

Seguiram-se eleições “de representantes do povo” para governarem o país, de acordo com os ideais expressos pelos partidos concorrentes.

O regime que tínhamos até ao 25 de Abril de 1974, também permitia eleições para os órgãos governativos. Então qual a diferença dos regimes? Entre muitas, as que considero mais relevantes são: – a da liberdade de opinião e expressão que permite, respeitando os outros, falar e escrever textos como este, o que no regime ditadorial podia levar à “prisão” e de termos a  “liberdade de escolha” de um voto “livre”.

A questão que desde o início se coloca e que passados 39 anos se acentua, é a “dúvida”, eu afirmo “certeza”, sobre os interesses defendidos pelos órgãos representativos que o “povo” elege e que determina a maioria que nos governa.

Na prática os partidos políticos eleitos por maioria “democrática” governam o País, de acordo com os interesses individuais de quem os constitui, com o sentido de que “somos todos iguais mas alguns (os do partido) são mais iguais do que os outros”.

A situação que agora estamos a viver (25 de Abril de 2013) é uma consequência da atitude de todos os partidos políticos que governam no chamado “mundo democrático”, que manipula os eleitores de acordo com os interesses pessoais de cada grupo, subordinados aos interesses económicos e geo-políticos das grandes potências mundiais.

O “povo” é assim um mero “peão” para sacrificar num jogo de xadrez, de acordo com a estratégia conveniente de quem governa.

Mas quem os elegeu? Quem se deixou enganar? Afinal qual é o poder do “voto” e da “liberdade” conquistada no dia 25 de Abril de 1974?

Passados 39 anos já não há a “desculpa” de ignorância política que o “povo” tinha em 1974. Não podemos nem devemos enterrar a cabeça na areia e deixar que nos governem, como aprouver aos interesses internacionais.

O momento de “pobreza” e dependência externa em que vivemos, é da total responsabilidade do “povo” que elegeu os seus governantes e que, apesar da sua ineficácia, continua de braços cruzados a aguardar um “D. Sebastião numa manhã de nevoeiro”.

Chegou o momento de dizer “basta” e retomarmos a identidade nacional, como fizemos em 1 de Dezembro de 1640:

“fora com a troika e os governantes”

O “Povo” tem de conhecer a realidade da situação económica/financeira/social e desastrosa em que nos encontramos, pois só assim poderá saber escolher quem melhor o represente para, mesmo com os sacrificios que todos temos de fazer, encontrar as soluções convenientes que preservem a nossa identidade nacional.

O momento exige um chamado governo de “Salvação Nacional” que tome as medidas adequadas à realidade, com a consciência e prática de que todos temos de ter os mesmos direitos e deveres, mas ajustados à realidade e não à “Utopia” onde chegámos.

O cartão de crédito ilimitado que durante anos nos foi concedido pelas Instituições Nacionais, União Europeia e FMI, tinha o objectivo conseguido de explorar o “povo”, dando-lhe a ilusão de abundâcia e da facilidade que agora  tem um preço bem alto a pagar e a que chamam “medidas de austeridade impostas pela troika”.

Se todos tivermos o conhecimento da realidade e estivermos dispostos a fazer sacrifícios, sabemos concerteza como actuar sem a intervenção e comando do exterior.

Temos de reaprender a viver de acordo com as nossas posses e não no consumismo a que nos habituámos e de que ninguém quer abdicar.

Vamos fazer reviver o verdadeiro espírito do “25 de Abril de 1974”

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