EDITORIAL – A MIRAGEM EUROPEIA

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No Diário de Notícias de sexta-feira passada, 24 de Janeiro de 2014, lemos que Beppe Grillo, o comediante italiano que virou político, diz que não é contra a União Europeia. Como tal, ele e o seu Movimento 5 Estrelas vão-se candidatar às próximas eleições europeias, apresentando-se como uma terceira via entre os “racistas” que não querem imigrantes no seu país, e “os simpáticos que querem acolher toda a gente”. Entretanto, no seu blogue, hoje mesmo, dá-nos uma imagem muito pouco positiva do estado actual da Europa. Vejam em:

http://www.beppegrillo.it/2014/01/le_luci_spente_delleuropa.html

Uma boa parte do que diz neste escrito é verdade. Contudo, como conciliar com a referência que aparece no Diário de Notícias? Há muito que se assinala que a União Europeia tem servido sobretudo interesses estranhos aos dos povos que a integram. E o que hoje vem no blogue vai nessa linha. Será que Grillo acredita que, chegando ao parlamento europeu, vai conseguir imprimir grandes mudanças?

O Movimento 5 Estrelas, coligações à parte, foi a força política mais votada nas eleições italianas do ano passado. Conseguiu cerca de 8.700.000 votos. Muitos censuram Grillo pela sua recusa em entrar em coligações, outros apontam a superficialidade das suas opções políticas. Não se sabe se conseguirá manter uma votação elevada nas próximas eleições ou se, pelo contrário, verá a sua popularidade entrar em declínio. Mas as contradições que aparenta nas suas posições sobre a Europa e a União Europeia são sem dúvida semelhantes às de muita gente, tanto de simples cidadãos, como de políticos muito mais experientes que ele. O mais provável é que não consiga trazer nada de novo à cena europeia. Isso não seria muito grave, se houvesse alternativas que o fizessem, de modo efectivo.

A Europa hoje em dia está dominada por interesses estranhos e perdeu a primazia na cena mundial. Tentar recuperá-la através de aventuras militares, como parecem querer fazer Hollande e Cameron, é um disparate completo, e um atentado contra os princípios civilizacionais que se tentou fazer progredir, sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial, assentes nas ideias da igualdade entre os povos, e da democracia para todos. Para mais, tendo de lutar contra a hegemonia alemã, o imperialismo norte-americano e as imposições do sistema financeiro internacional. Nem o europeísta mais fanático pode ignorar estas situações. Mas, por outro lado, nem o antieuropeísta mais fanático consegue ter uma ideia clara sobre o qua acontecerá se os povos europeus desistirem de colaborar entre si. Grandes responsabilidades cabem às suas elites dirigentes, a maior das quais é sem dúvida a terem procurado avançar no processo de integração europeia sem o apoio e a participação activa dos cidadãos, recorrendo a velhas alianças e sem ultrapassar conflitos antigos. Qualquer que seja a opção, há que reflectir sobre estes pontos.

1 Comment

  1. É imperdoável esquecer que há imensas Nacionalidades Oprimidas no continente europeu e que sem a sua libertação jamais será possível conseguir-se um clima de entendimento saudável. A União Europeia/IVReich é, apenas, mais uma repetição doutras tentativas dum Estado europeu querer dominar os demais. Império Romano, Estado Papal, Estado Castelhano, Estado Napoleónico e Estado Prussiano fizeram obra suficientemente demonstrativa do que pretendem,
    Os Estados europeus perdidas as suas colónias extra-europeias não podem continuar a considerar-se no direito de ter colónias nas suas periferias próximas. Castelhanos, Francos, Ingleses, Prussianos e Russos, estes,pelo menos enquanto não viverem com e nas as suas fronteiras “naturais” serão, sempre, um factor de instabilidade política. Desta vez têm o desplante de invocar a Democracia para, com a utilização desse valor único e poderoso submeterem o Continente. Portugal que é um Estado duma só Nacionalidade nunca devia misturar-se com os imperialistas europeus e, em boa verdade, devia fazer campanha para a Libertação das Nacionalidades Oprimidas. Já uma vez se fez e com uma adesão excelente; recorde-se que o Pavilhão dos Desportos encheu-se “à cunha”

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