Selecção, tradução e montagem de Júlio Marques Mota
A FN é o primeiro partido da EUROPA identitária, da Europa ultra-conservadora
O sistema vencido pelas eleições recusa querer entender os resultados
Jean Bonnevey e Raoul Fougax
Revista Metamag, 26 de Maio de 2014
Tem havido em quase toda a Europa um avanço eleitoral dos partidos populistas. Em França, este impulso faz rebentar os diques do sistema e a onda azul marinho tomou conta do PS e afundou a UMP mesmo nas suas terras do Sudeste de França. O partido de Marine Le Pen chegou largamente à frente nos resultados para as eleições europeias que ocorreram este domingo, 25 de Maio, de acordo com os resultados quase finais (os resultados dos franceses no estrangeiro não eram ainda conhecidos na segunda-feira, ao início da manhã). E surge com 24.96% dos votos, à frente da UMP (20,8%) e do PS (13,98%). Em seguida vêm o IDU/MoDem (9,9%) e, em seguida, EELV (8,92%) e a Frente de Esquerda (6.34%). Nenhum outro partido alcançou a barra dos 5%, necessários para ser eleito pelos deputados.
Este resultado francês ofuscou em toda a Europa todos os outros resultados e todavia com uma evidência, o avanço populista é geral. Terão no total mais de 140 Membros, 140 deputados a recusarem a Europa de Bruxelas, uma Europa com um sistema económico sujeito ao globalismo. Todas estes partidos querem uma Europa onde cada nação conserve o direito de ser ela mesma.
Os conservadores do Partido Popular Europeu (PPE) permanecem na liderança com 212 lugares sobre 751, contra 185 para os socialistas. Os liberais terão 70 deputados, seguidos pelos Verdes (55). Os quatro partidos pró-europeus passam de 612 para 523 lugares. É verdade que os deputados anti-Bruxelas, os que são os grandes vencedores destas eleições, não estão unidos. Primeiro, há o grupo dos eurofóbicos, liderados por Nigel Farage do Ukip britânico e que deve ter 23 lugares, ou seja mais 14 mais do que no Parlamento cessante. Depois, há os não-inscritos no Parlamento cessante, como a Frente Nacional de França (24 lugares), o FPÖ, chega na terceira posição na Áustria, com 20% de votos ou o PVV holandês, que dispunha já de deputados e poderia vir a formar um grupo de extrema-direita. Enquanto é preciso pelo menos 25 membros e de sete países para formar um grupo, este bloco pode ser composto por 40 membros, dos quais mais de metade poderiam ser os da FN na sequência do seu triunfo nas eleições em França… com representantes eleitos pelos dinamarqueses, partido do povo dinamarquês, (primeiro partido), gregos, húngaros, italianos, finlandeses (partido dos verdadeiros finlandeses) com a liga do Norte e os Letões.
Mas claro que o acontecimento é a França
O país que quis a Europa é o país onde o voto contra a Europa de Bruxelas é o mais forte com uma Frente Nacional a ser o primeiro partido anti-sistema da Europa. A França vai ter á sua frente aqueles que querem acabar com esta Europa. Quando à FN a nível nacional, agora primeiro partido de França, esta vê-se reforçada. O PS é humilhado e a UMP também. Manuel Valls, olhos escavados e em estado de choque, fez uma intervenção surrealista. Quanto a Sarkozy, é impossível dizer, como nós o tínhamos já previsto, se a sua declaração ao Le Point teve um grande impacto. Eles não podem fazer mais nada a não ser não levar a realidade a sério. A UMP demonstrou que existe, ela demonstrou-o e de que maneira na noite da votação em todos os media. A UMP existe, mas ela foi fortemente batida e rejeitada. Serão eles capazes de compreender este facto?
Quanto aos media estes devem –se interrogar. Podemos nós estar sempre a fazer a guerra aos seus ouvintes que não votam como os jornalistas gostariam, jornalistas estes tão pouco representativos das sensibilidades políticas do país. O audiovisual é o principal jornal de esquerda, um Pravda para os bobos. Para além dos rostos consternados, dos avisos pessoais de que toda a gente já nem liga e dos comentários vergonhosos, há aqui um problema de fundo, a objectividade da informação ou, no mínimo, da sua imparcialidade, senão um mínimo de decência mesmo.
Isto vai mesmo muito longe… na véspera da eleição, o atentado do Museu Judaico de Bruxelas, de que não sabemos nada, terá sido instrumentalizado de forma obscena na tentativa de assustar os eleitores. Basicamente, em todos os lugares, mas por causa da FN é claro regressaria a terrível sombra do anti-semitismo assassino. Ele está de volta, mas será que Mohamed Mehra é um neo-nazi? Esta recuperação política, colocada antes mesmo do inquérito às costas das vítimas judaicas com, por vezes e infelizmente, com uma escalada de líderes comunitários ou até mesmo de jornalistas e políticos israelitas solicitados pelos jornalistas, e não hesitando em interferir numa votação, é mais uma má conduta jornalística. Mesmo se o que pretendem se provasse verdadeiro. Porque não, na verdade. Talvez que o assassino seja um nostálgico de Hitler. Mas pode ser um desequilibrado e até mesmo um imigrante muçulmano anti-sionista… porque é especialmente aí que se encontra o novo anti-semitismo.
Servir-se disto para manipular, sem nada saber do inquérito, o voto dos eleitores, isso mostra até que ponto o sistema mediático está tão degradado como o sistema político, degradado e bloqueado, à beira de uma crise de nervos e pronto a tudo para impedir as expressões democráticas de uma rejeição popular legitimada pelas urnas.
Mas o mais grave ainda não é isto. Reside numa certa satisfação do mundo politico mediático que se consola como pode. Explicam que esta eleição francesa não terá nenhuma consequência, nem na Europa nem na França. É talvez verdade. Mas isso é, então, muito terrível. É confessar que o sistema se está nas tintas para a democracia, para o voto dos eleitores e diz ao povo “pode votar como quiser, não o teremos em conta ” ….. Mas então se o voto e a revolta das urnas forem inúteis, o que é que nos resta? Eles nunca levantam a questão, na sua insuportável suficiência, eles estão errados!
xxxxxxxxxxxx
RESULTADOS DAS ELEIÇÕES EUROPEIAS
Em complemento do artigo de Jean Bonnevey e Raoul Fougax
Michel Lhomme
26 de Maio de 2014
Na Alemanha, o partido anti-euro AFD, criado na primavera de 2013, realizará um taxa de 6,5% dos votos irá permitir que entre para o Parlamento Europeu. Os conservadores da CDU/CSU são largamente à frente, , creditado com 36% dos votos, à frente dos sociais-democratas com 27,5%.
Na Grécia, países duramente atingido pela austeridade, o partido da esquerda radical Syriza de Alexis Tsipras parecia chegar em primeiro lugar, ligeiramente à frente da Nova Democracia (de direita). O partido Aurora Dourada (nazi) ficaria entre os 8 e os 10% dos votos.
Na Áustria, o FPÖ (direita nacional) progrediria significativamente e chegaria na terceira posição, com 19,9% dos votos, mais de cinco pontos relativamente a 2009, atrás dos democratas-cristãos e dos sociais-democratas no poder.
Na Holanda, o partido anti-Islão sofre um forte desaire obtendo apenas 12% dos votos contra 18% há cinco anos
Na Dinamarca, o partido do povo dinamarquês (eurocéptico) alcança o primeiro lugar, com 23%.
Na Grã-Bretanha, o avanço do partido eurocéptico Ukip (partido da independência do Reino Unido) foi confirmado e em perdas para as três formações parlamentares clássicas. Consequências para a Europa: “a probabilidade de uma saída da Grã-Bretanha da União Europeia está a aumentar”, lamenta o antigo ministro de Toni Blair, MacShane.
França – veja-se o mapa abaixo:
Para França, projecção quanto ao número de eleitos:
• PS/PRG: 14,7 % 13 lugares • Front de Gauche: 6,6 % 3 a 5 lugares • Lutte Ouvrière: 1,2 % • NPA: 0,4 % • Nouvelle Donne: 3,1 % • Europe Ecologie: 8,7 % 6 lugares • Europe Citoyenne: 0,5 % • UDI / Modem: 10 % 6 a 8 lugares • UMP: 20,3 % 18 a 21 lugares • Nous Citoyens: 1,4 % • Force Vie: 0,5 % • Debout La République: 3,9 % • Front National: 25 % 23 a 25 lugares • Autres listes: 3,7 % .
________
Ver: