Retrato de Luís de Camões por Fernão Gomes, em cópia de Luís de Resende. Este é considerado o mais autêntico do retrato do poeta, cujo original, que se perdeu, foi pintado ainda em sua vida.
Nota prévia:
Para ouvir os poemas (os recitados e os cantados), há que aceder à página
http://nossaradio.blogspot.com/2014/06/camoes-recitado-e-cantado-ii.html
e clicar nos respectivos “play áudio/vídeo”.
Esparsa ao desconcerto do mundo
Poema (esparsa em redondilha maior) de Luís de Camões (in “Rimas”, edição de 1598)
Recitado por Eunice Muñoz* (in LP “Líricas de Camões ditas por Eunice Muñoz e J.C. Ary dos Santos”, Guilda da Música/Sassetti, 1971, reed. CNM, 2010; “Luís Vaz de Camões por Ary dos Santos e Eunice Muñoz”, CNM, 2011)
Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos;
e, para mais me espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau; mas fui castigado:
assim que só para mim
anda o mundo concertado.
O dia em que nasci morra e pereça
Poema (soneto) de Luís de Camões (in “Rimas”, edição de 1861)
Recitado por Eunice Muñoz* (in LP “Líricas de Camões ditas por Eunice Muñoz e J.C. Ary dos Santos”, Guilda da Música/Sassetti, 1971, reed. CNM, 2010; “Luís Vaz de Camões por Ary dos Santos e Eunice Muñoz”, CNM, 2011)
O dia em que nasci, morra e pereça,
não o queira jamais o tempo dar,
não torne mais ao mundo e, se tornar,
eclipse nesse passo o Sol padeça.
A luz lhe falte, o Sol se lhe escureça,
mostre o mundo sinais de se acabar,
nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
a mãe ao próprio filho não conheça.
As pessoas pasmadas, de ignorantes,
as lágrimas no rosto, a cor perdida,
cuidem que o mundo já se destruiu.
Ó gente temerosa, não te espantes,
que este dia deitou ao mundo a vida
mais desgraçada que jamais se viu!
rECORDANDO CAMÕES …Maria