Selecção e tradução de Júlio Marques Mota
Ruquier, Zemmour e a Frente Nacional
A Frente Nacional com 30%. A culpa é de quem?
Marc Cohen, Ruquier, Zemmour et le FN – Le Front à 30%, la faute à qui?
Revista Causeur.fr, 18 de Março de 2015
De acordo com o axioma de Elisabeth Lévy (jornalista política do século XVIII e XIX que vive infelizmente para ela no século XX e XXI), a esquerda adora bater no peito, em termos de culpas, mas é só no peito dos outros.
Esta ideia foi brilhantemente demonstrada pelo Dr. Ruquier no sábado passado por ocasião da sua purga semanal. Nessa noite, recebia François de Closets, que vinha apresentar a sua última obra.
Tendo em conta as apreensões do momento no partido mediático, a discussão rapidamente desembocou sobre a FN, sobre o seu assalto à mão armada sobre os votos dos Franceses, e sobre os cúmplices que tornaram este banditismo possível.
Uma postura que incomoda um pouco François de Closets, que pensa não deixar a Françoise Hardy, Jean Rochefort ou Philippe Bouvard a coroa do mais velho punk do showbiz.
O escritor tenta então colocar o debate em pezinhos lâ: “não se venha dizer que se o livro de Eric Zemmour vendeu tão bem é porque todos apoiam as teses de Eric Zemmour! ” A História deve estar segura de ser compreendida pelos que não querem nada entender, o ensaísta põe os pontos sobre os I ao afirmar: “Sabe melhor que eu que se esse livro suscita um tal sucesso, é porque os seus temas e o que sobre eles diz o autor não se ouvem em lado nenhum (nos meios de comunicação social), e eles são o que interessa às pessoas. ”
Duvida-se que houvesse aí alguma coisa que fizesse sair das suas tamancas um Ruquier modelo padrão. Furioso, furioso, Lolo responde secamente ao seu grosseiro convidado: “Não quero que me diga que as pessoas de esquerda diabolizaram e silenciaram os assuntos e que é isso que fez subir a votação na Frente Nacional. Não houve ninguém tão mediatizado como Eric Zemmour! Como se atreve a dizer que hoje ninguém fala do que ele diz, das suas teses ?”
O todo é acompanhado do famoso acto de contrição exposto no axioma de Lévy: “Sim, lamento, porque estou a dar-me conta de que participei na banalização das suas ideias.”
Em resumo, a subida da Frente, é um pouco por sua culpa, mas sobretudo por culpa de Zemmour que se aproveitou oportunisticamente do seu tempo de antena para veicular, às escondidas de Lolo, e durante cinco anos, ideias nauseabundas. Um excesso de confiança que deixará Léa Salamé de boca aberta e ao ponto de que pedirá duas vezes ao seu patrão para repetir a afirmação.
Tudo isto nos conduz a três reflexões:
Primeiramente, estas pessoas da televisão, embora excessivamente bem pagos, são impagáveis : é sempre necessário que se julguem no centro do centro do mundo. Na cabeça de Lolo, se o programa «On n’est pas couché» não tivesse existido, Marine teria provavelmente apenas de 5 a 10% dos votos…
Em segundo lugar, o programa “On n’est pas couché” deve o essencial do seu sucesso aos ventos da impertinência que aí fez soprar Zemmour sempre e Naulleau frequentemente. O reconhecimento do ventre, Lolo não sabe o que é reconhecimento, não conhece.
Em terceiro lugar, se Lolo realmente já não quer contribuir para a ascensão da Frente nacional, tenho um conselho amigo a dar-lhe: que o próximo a substituir Aymeric Caron se pareça tão pouco quanto possível com Aymeric Caron.
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