EDITORIAL –  A GRÉCIA E A EUROPA

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Alexis Tsipras recusou ontem a proposta de acordo que lhe foi enviada por altos responsáveis da União Europeia (UE), uma proposta que é correntemente designada como “proposta de credores”, e que lhe terá chegado através de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia. Referiu que esta contém cláusulas com propostas absurdas, que quer que sejam retiradas. No parlamento grego desafiou a oposição a declarar a sua posição em relação a essas cláusulas absurdas. Entretanto uma sondagem do jornal Parapolitika, também de ontem, diz que se as eleições fossem agora, o Syriza obteria 45 % dos votos expressos, e uma percentagem ainda maior apoia a estratégia negocial do governo, isto apesar de 47 % ser favorável a que se aceite as propostas dos credores. Nos links abaixo encontrarão informação sobre a situação, e poderão ler o documento enviado pelos gregos, assim como o dos credores.

Tsipras, apesar de tudo, afirma-se confiante em que se chegará a um acordo. Não pode obviamente aceitar cláusulas que prevêem mais cortes nas pensões e salários e um aumento ainda maior do IVA e impõem uma legislação muito gravosa sobre o trabalho, porque isso infringiria seriamente os termos do seu programa eleitoral, para além de a experiência vivida na Grécia e noutros países, nos últimos anos, deixar claro que essas medidas extremas nunca resolverão a crise económica, antes a agravarão ainda mais. Mas o que Tsipras tem de enfrentar é a vontade inabalável dos seus opositores em o derrubar, pois qualquer sucesso que ele obtenha, por pequeno que seja, é sentido como uma grande ameaça, por fazer ruir as argumentações de não haver alternativa às políticas de austeridade, e expor à luz do dia os interesses que estas escondem.

Tsipras e o Syriza são pró-europeus e defensores da moeda única. No passado algumas forças que apoiam o actual governo grego talvez tenham tido outras ideias, mas há vários anos que o actual primeiro ministro advoga a permanência do seu país na zona euro (ver último link abaixo). Os seus adversários internos e externos procuram esconder esse facto, pela simples razão de que põe em causa os ataques que lhe movem, procurando esconder que Tsipras e a coligação Syriza têm como grande objectivo alterar para melhor a situação das classes trabalhadoras e da população em geral, e que não acham isso incompatível com a permanência no euro. Claro que se isso é possível é outra questão. Os partidários da Europa e da zona euro a duas (várias) velocidades é que nunca tolerarão as reformas sociais que Tsipras e o Syriza pretendem. São as opostas às que têm imposto.

 

http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4609977&page=-1

http://www.publico.pt/mundo/noticia/tsipras-da-mais-um-passo-em-desafio-aos-credores-1698091

http://www.infogrecia.net/2015/06/tsipras-o-povo-pede-nos-para-nao-cedermos/

http://www.infogrecia.net/2015/06/leia-aqui-as-propostas-dos-credores-para-a-grecia/

http://www.infogrecia.net/2015/06/leia-aqui-a-proposta-grega-entregue-aos-credores/

http://www.infogrecia.net/2015/06/59-apoiam-estrategia-negocial-do-governo-grego/

http://www.theguardian.com/world/2015/jun/05/tsipras-warns-g7-leaders-time-running-out-to-rescue-greece-from-bankruptcy

http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=2594744&seccao=Europa

 

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