EDITORIAL –  A GRÉCIA CONTINUA NA PRIMEIRA LINHA DAS ATENÇÕES

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Embora noutras partes do mundo os acontecimentos sejam potencialmente mais perigosos, por poderem levar a curto prazo a situações muito violentas, como será o caso da Coreia, ou mesmo do Brasil, o que se passa na Grécia continua a ocupar cabeçalhos e a abrir telejornais. O pedido de demissão de Alexis Tsipras já era esperado por muita gente, mesmo do lado dos seus simpatizantes, mas não esfriou o interesse sobre o que se passa na Grécia. Continua a ser generalizada a convicção de que não é só aos gregos e aos europeus que dizem respeito os problemas dos últimos tempos, mas a todo o mundo. Numa época em que a maioria das pessoas se tem vindo a convencer finalmente do peso que os sistemas financeiros têm, mesmo na sua vida pessoal, não será surpreendente que as atenções se concentrem num país e num estadista que os tentaram desafiar, mesmo que sem êxito.

A quem pense que Tsipras está a bater em retirada recomendamos que aceda ao primeiro link abaixo, e leia o que Jon Henley escreveu para The Guardian, de Atenas. Um pormenor, mas um pormenor importante, é o de que a cisão no Syriza faz com que o actual governo esteja sujeito a perder a votação numa moção de censura que seja apresentada. Por outro lado a contradição entre o programa eleitoral que o partido apresentou às eleições de Janeiro e a situação presente é grande, e mesmo havendo a sensação de que a maior parte dos gregos compreende as razões que levaram o actual primeiro-ministro a optar pela cedência em 13 de Julho último perante o cerco montado por “Merkel, Schäuble e sus muchachos”, é importante haver uma clarificação junto dos cidadãos gregos. É compreensível que estes queiram continuar integrados na organização União Europeia (EU), que lhes dá uma sensação de segurança, inclusive perante a violenta borrasca que continua a dar-se no Próximo e Médio Oriente, relativamente perto das suas fronteiras. Mas essa opção, tendo em conta a sujeição da UE à Alemanha e ao sistema financeiro internacional, está a ter um custo muito pesado, e equivale a uma autêntica renúncia à independência, económica e política.

Os gregos, e claro que Alexis Tsipras e o Syriza em primeiro lugar, estarão cada vez mais sujeitos a pressões e a críticas da maior severidade. Um exemplo destas últimas poderão encontrar no segundo link abaixo, da parte de alguém que tem claramente convicções políticas diametralmente opostas. Contudo, para já, parece claro que Tsipras não quer afastar-se do poder, mas sim reforçar os apoios de que dispõe para continuar o seu caminho, que não aparenta ser o da cedência pura e simples. Não falta também quem critique o haver eleições antecipadas: ontem ouviram-se apresentadores da televisão dizê-lo como se a acontecerem fosse obrigatoriamente mau, sem merecerem contestação dos seus interlocutores. Ora é bom dar voz ao povo. O que se constata é que muitas vezes (mesmo muitas) é insuficiente.

Propomos que acedam aos links seguintes:

http://www.theguardian.com/business/2015/aug/14/alexis-tsipras-greece-bailout-vote-new-election

http://www.bvoltaire.fr/gabrielrobin/tsipras-vend-grece-demissionne,200875?utm_source=La+Gazette+de+Boulevard+Voltaire&utm_campaign=699b2d9b22-RSS_EMAIL_CAMPAIGN&utm_medium=email&utm_term=0_71d6b02183-699b2d9b22-30546489&mc_cid=699b2d9b22&mc_eid=d940abcf40

http://www.infogrecia.net/2015/08/tsipras-escolhe-ser-julgado-nas-urnas/

 

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