Meus caros
Acabo de subscrever uma declaração de apoio a que se respeite o voto e se forme um Governo de Esquerda. Podem ler – e assinar, se concordarem – em: http://esquerda.link/ Pela Dignidade, Justiça e Solidariedade.
Vejamos em síntese as razões da minha assinatura:
Acredito no governo de esquerda? Acredito em quê? Acredito que seja indigitado? Acredito que se aguente depois? Vamos por partes.
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Não acredito que seja viável ser indigitado, sequer. Não acredito que o seja, não acredito que Cavaco ceda face ao que ele próprio disse. Quanto ao que disse, um economista australiano de referência, Bill Mitchell, sintetizou-o no seguinte: “a democracia está a morrer em Portugal”. Mas o facto de Cavaco não aceitar a coligação à esquerda , não é razão para dela se desistir, antes pelo contrário, é mais uma razão para nela se insistir. Entretanto, Passos Coelho mantém-se, mesmo que diga que não o fará, em regime de gestão. Até quando?
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E entretanto a Troika de fora procurará afanosamente uma solução para a Troika de dentro, constituída por Passos Coelho, Paulo Portas e Cavaco Silva. E Assis aponta-se no horizonte para ser o homem de Bruxelas, um pouco como To Potami na Grécia o foi, um partido à mão, uma tendência à mão, com uma função imediata: semear a divisão e tentar impedir a coligação. Mas admitamos que não o consegue e Cavaco é então “obrigado” por Bruxelas a dar posse a António Costa, com a ideia de que as Instituições irão utilizar depois o arsenal de armas mortíferas, VÀRIAS VEZES JÀ UTILIZAZADAS, a linha de ataque do homem da Goldman Sachs, Mario Draghi, para fazer , em primeiro lugar vergar a Coligação à esquerda aos ditames do colete de forças que são as Instituições e depois de a vergar, fazê-la explodir. Passar-se-ão nisto alguns meses e poderá depois haver eleições. Relembro a queda de Papandreou, relembro a queda de Berlusconi, relembro a nomeação de Monti, entre outras.
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Em síntese, não acredito que seja indigitado, mas admitindo-se que o venha a ser , não acredito que o deixem durar muito tempo, a menos que não o consigam destruir. Desistir de assinar, então? Nem pensar e porquê? Porque um país não fez de desistências, faz-se de resistências, faz-se de insistências de lutas pela defesa dos seus valores. Ora a hipótese de uma coligação à esquerda é um sinal claro de resistência à destruição deste país organizada pela Troika de fora, as ditas Instituições Europeias, e pela Troika de dentro.
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Porém, consideramos agora a segunda hipótese aparentemente muito pessimista de que a Coligação de Esquerda chega a tomar posse e cai muito pouco depois. Cairá necessariamente como é dito no paragrafo 2 acima? A história não é assim tão linear, ou pelo menos pode mesmo não ser sequer linear. Os ventos actualmente não correm de maré para a Imperial alemã, o único país que pode decidir unilateralmente o quiser, à face de e contra todos os tratados, como o tem feito ao longo da crise dita dos refugiados. E podem-se começar a abrir várias brechas no muro das Instituições.
Ao lado mas na rua. Se os apoiantes desta coligação de esperança não descerem à rua muito dificilmente terão sucesso.CLV