O HBSC/OMS (Health Behaviour in School-aged Children) é um estudo colaborativo da Organização Mundial de Saúde (OMS) que pretende estudar os estilos de vida dos adolescentes e os seus comportamentos nos vários cenários das suas vidas. Iniciou-se em 1982 com investigadores de três países: Finlândia, Noruega e Inglaterra, e pouco tempo depois foi adoptado pela OMS, como um estudo colaborativo. Neste momento conta com 44 países entre os quais Portugal, integrado desde 1996, e membro associado desde 1998 (Currie, Samdal, Boyce & Smith, 2001).
O estudo é realizado de 4 em 4 anos, que pretende estudar os estilos de vida dos adolescentes e os seus comportamentos nos vários cenários das suas vidas. Portugal realizou um primeiro estudo piloto em 1994 (Matos et al., 2000), o primeiro estudo nacional foi realizado em 1998 (Matos et al., 2000), o segundo em 2002 (Matos et al., 2003), o terceiro em 2006 (Matos et al., 2006), o quarto em 2010 (Matos et al., 2012) e um mais recente em 2014, ao qual se refere este relatório (relatórios em: http://aventurasocial.com/publicacoes.php). Foram inquiridos 6026 alunos do 6º, 8º e 10º anos das várias regiões de Portugal, entre os 10 e os 20 anos (média 14 anos). Trata-se de uma amostra nacional aleatória, estratificada por regiões e representativa destes anos de escolaridade.
Nele são analisados: HÁBITOS ALIMENTARES, HIGIENE E SONO, IMAGEM DO CORPO, PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA, TEMPOS LIVRES E NOVAS TECNOLOGIAS, USO DE SUBSTÂNCIAS, VIOLÊNCIA, FAMÍLIA E AMBIENTE FAMILIAR, RELAÇÕES DE AMIZADE E GRUPO DE PARES, ESCOLA E AMBIENTE ESCOLAR, SAÚDE E BEM-ESTAR, COMPORTAMENTOS SEXUAIS, RECURSOS PESSOAIS E INTERPESSOAIS, COMPARAÇÕES – A SAÚDE DOS ADOLESCENTES PORTUGUESES.
CONCLUSÕES -PRINCIPAIS RESULTADOS:
FAMILIA
Verifica-se que a maioria dos jovens refere viver com a mãe e o pai. Quanto à comunicação com a família e apoio familiar em geral, a maioria dos adolescentes menciona ter boa comunicação, apoio e qualidade na relação com a família. No que diz respeito especificamente à facilidade em falar com a família, embora a maioria dos jovens considere ser fácil falar com os pais, especialmente com a mãe, alguns referem ter dificuldades em dialogar, sobretudo com o pai. Relativamente às refeições com a família, cerca de um terço dos jovens refere que raramente ou nunca toma o pequeno-almoço com a família, enquanto a grande maioria refere que todos os dias janta com a família. No que diz respeito ao impacto do desemprego na família, cerca de um terço dos jovens que tem um dos progenitores desempregados refere que este afeta um pouco o seu bem-estar emocional.
ESCOLA
A maioria dos adolescentes refere que gosta da escola, dos colegas, dos intervalos/recreios e das atividades extracurriculares. O que os adolescentes menos gostam na escola é das aulas, esta falta de apreço apenas sendo ultrapassada pela falta de gosto pela comida da cantina. A maioria dos adolescentes menciona sentir-se quase sempre/ sempre seguro na escola. Mais de metade dos jovens diz que a escola tem um gabinete onde podem falar com um profissional de saúde ou professor. Relativamente à relação com os colegas e com os professores, os adolescentes mencionam ter uma boa relação com ambos. Quando questionados sobre as preocupações com a escola e os trabalhos da escola, a maioria dos inquiridos diz que às vezes a matéria é muito difícil, demasiada e aborrecida, e mais de um quarto dos adolescentes refere que sente alguma pressão com os trabalhos da escola. No que diz respeito ao ficar sozinho na escola, a maioria dos inquiridos diz que isso nunca aconteceu nos últimos dois meses. A maior parte dos jovens considera que quando terminar o ensino secundário vai continuar os estudos universitários.
CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS
A grande maioria dos adolescentes refere que nunca experimentou tabaco, álcool ou drogas ilegais e refere ainda nunca ter ficado embriagado. Dos jovens que mencionam ter experimentado alguma das substâncias em análise, a média de idades de experimentação quer de tabaco quer de álcool foi 13 anos, e a média de idades quer da primeira embriaguez quer de drogas foi 14 anos. Relativamente ao consumo de bebidas alcoólicas, a bebida mais consumida todos os dias é a cerveja e a bebida energética com álcool, no entanto a grande maioria dos jovens refere que raramente ou nunca consome bebidas alcoólicas. Quanto ao tipo de drogas experimentadas, a substância que os adolescentes referem mais frequentemente ter experimentado são os solventes, seguindo-se a “marijuana” (cannabis/haxixe/erva).
SEXUALIDADE
A grande maioria dos adolescentes refere que não teve relações sexuais. Dos adolescentes que mencionaram já ter tido relações sexuais, a grande maioria afirma que teve a primeira relação aos 14 anos ou mais tarde, e a maioria diz ter usado preservativo na primeira e última relação sexual. Cerca de 45% dos jovens refere que, quando tiveram relações sexuais pela primeira vez, queriam que tivesse acontecido naquela altura. Mais de um terço dos jovens que menciona já ter tido relações sexuais e não ter usado preservativo refere que o principal motivo para não ter usado preservativo foi o não ter pensado nisso. Outros motivos foram não ter preservativo consigo, os preservativos serem muito caros e ter bebido álcool em excesso.
PREOCUPAÇÕES
A maioria dos jovens apresenta um índice médio de qualidade de vida. Mais de um terço dos adolescentes refere que raramente ou nunca anda preocupado. Mas cerca de um quarto dos adolescentes afirma que, nos últimos 6 meses, quase todos os dias teve preocupações com o futuro e um quinto dos inquiridos menciona que anda ou fica preocupado várias vezes por mês ou por semana. A maioria dos jovens refere que tenta resolver o assunto que o preocupa para se sentir melhor e cerca de 40% mencionam que, quando têm uma preocupação, não deixam que esta interfira com os restantes aspetos da sua vida.