CONTOS &CRÓNICAS – «O MEDO» – por Carlos Reni de Silva Melo

 É o resultado de um processo físico e mental, emoção simples e de fácil entendimento, mas não deve, o processo emocional, ser confundido com o estímulo dos próprios sentimentos, já que reagimos com todo o nosso organismo, corpo e espírito a uma situação que os amedronta.

contos2 (2) Medo é muito mais do que sentimos: quando borbulha o suor na testa; as mãos tremem; quando os joelhos batem um no outro; quando ocorre um vazio na “boca do estômago”; quando todos os músculos ficam tensos e até doem, quando sentimos um arrepio na espinha; quando percebemos uma secura na garganta; quando nossa visão fica prejudicada e quando, enfim, pensamos na possibilidade de um RISCO IMINENTE, parecendo cair sobre nós os temores que fazem nossas tripas se mexerem sozinhas, estamos ante a uma situação de medo. São enviadas, então, mensagens ao nosso cérebro, dando-lhe conta desse receio. Mas isso é apenas parte da emoção total, pois confundimos esse processo como estímulo aos nossos sentimentos, não entendendo que essa é a maneira que o nosso organismo reage ante a algo que nos faz sentir apreensão, envolvendo -mesmo até- ao nosso espírito.

  A emoção não pensa e nos acostumamos a ver perigo por toda a parte, quando julgamos que algo possa ferir-nos, que possa seja uma ameaça à nossa integridade física ou até mental. Exemplo atual do acima exarado são os refugiados das guerras na Europa e no Oriente Médio, que, presentemente, estão acobertados e disseminados por diferenciados países do Velho Continente: se ouvem um ronco de motor de um avião sobre suas cabeças, ou um som sibilante não identificado, entram em pânico e sentem arrepios por todo o corpo. 

 Mas a sensação não representa, obrigatoriamente, o medo. Para alguns, principalmente para os desportistas radicais, é a adrenalina, o combustível, o desafio para fugirem da rotina.

  Não devemos, porém, confundir o medo com a neurose, que, segundo FREUD, provêm de complexos sexuais que remontam à infância; para YUNG, trata-se, geralmente, de perturbações do desenvolvimento da personalidade.

  Ao lado destas grandes perturbações do psiquismo, observam-se, também, as perturbações menores que caracterizam as “personalidades neuróticas”: na hipocondria, o sujeito preocupa-se exageradamente com a sua saúde; na impotência ou na frigidez, é incapaz de de experimentar os prazeres normais da sexualidade; na depressão, abdica diante das dificuldades da vida.

Muitos dos nossos temores nada têm a ver com o perigo físico e, mesmo sem sofrer um desequilíbrio nervoso, vivemos, quase sempre, sob uma tensão nervosa por nós mesmos criados: temos receio da sogra, do chefe, do padre, do inferno, de não “segurarmos” uma necessidade fisiológica, e, até mesmo do deus católico, pois ensinam aos fiéis a serem “tementes a Deus”. Mas ele não é infinitamente bom? Por que temê-lo?   😇

 

 

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