TERCEIRA CARTA A UMA AMIGA MINHA SOBRE O DINHEIRO QUE DO BANCO LEVANTOU E NO COFRE DO MESMO BANCO DEPOIS GUARDOU, EM NOTAS DE 500 EUROS – ANEXO 2/3 – FRANÇA: O GRANDE FALHANÇO INDUSTRIAL, por

Falareconomia1

Selecção e tradução de Júlio Marques Mota

cartamiga - V

França: o grande falhanço  industrial

logo_banniere

Auran Derien, professor, França: o grande falhanço  industrial

Revista Metamag, 18 de Março de 2016

Os relatórios são formais: a indústria está a desaparecer em França

O processo começou depois da  entrada da Grã-Bretanha na Europa. Os anglo-saxónicos sabotaram voluntária  e sistematicamente a comunidade europeia para que  esta fosse apenas uma zona de comércio livre dominada pelos financeiros.  Isto não era facilmente perceptível  nos anos 1980, mas doravante a França é apenas mais um campo de ruínas onde pastam por  um tempo indeterminado as ovelhas que vêm do resto do mundo.

O fim da indústria, vista por auto-intitulados peritos do CNRS, explica-se por uma avalancha de factores cruzados, desde a taxa de câmbio e as comissões bancárias  até ao MEDEF, mas os autores não evocam sobretudo a responsabilidade da política. No entanto, o fim da indústria tem necessariamente relações com dois tipos de factores: o desaparecimento dos mercados para as empresas francesas; as mudanças de fronteiras e as mutações das relações internacionais. A situação actual poderia ser comparada justamente  ao declínio que conheceram antes de nós os Países Baixos nos séculos  XVII  e XVIII .

A mutação das relações internacionais

Quando se aceita  ficar dependente  do estrangeiro, tanto em termos de  matérias-primas importadas como em termos de mercados de venda dos produtos acabados, o país é susceptível de ser vítima das políticas comerciais de outras potências, dos bloqueios impostos, da instabilidade dos mercados. É impossível renovar uma indústria apoiando-se na teoria schumpeteriana se nenhuma protecção favorecer o desenvolvimento das novas tecnologias e a emergência de um grupo de jovens empresários. O mais grave para os novos industriais será sempre a ausência de mercados. Ora, entre o empobrecimento organizado das classes médias, que se estão a derreter  a olho nu  e o encerramento dos mercados pelos  anglo-americanos  bem como o desenvolvimento das novas potências asiáticas, deixou de haver  mercados para a indústria francesa.

Cada um de nós sabe-o bem,   a propaganda em prol do comércio livre na Europa foi sistemática a  partir do momento em que os Estados Unidos em  acordo com os Alemães investiram massivamente  nos países asiáticos. Promoviam na China e noutros lugares a  velha  crença intelectual do crescimento maravilhoso pela exportação. Mas os países deviam abrir as suas fronteiras para receber estes produtos asiáticos. A Europa era a vítima perfeita desta manipulação destinada a multiplicar os lucros das multinacionais. Doravante, os países asiáticos produzem os  mesmos  bem que os Europeus em geral. A China acaba de anunciar que ia fabricar os seus próprios  motores de aviões, seguindo naquilo a lógica da aprendizagem em que  já tem tido sucesso  na fabricação do TGV. Eliminou a França do mercado mundial dos comboios. Eliminá-la-á da aeronáutica graças aos que prosperam doravante na Europa em geral e na França em especial.

Não  há política industrial

Desde 1990 tudo tem ido de mal a pior.  A obsessão não cessou de crescer em favor de uma abstracção, o mercado, que  não passa de um  conceito oco dado que 18 entidades financeiras controlam a economia mundial. Os funcionários da Comissão Europeia limitaram a política industrial às normas fixadas por Washington, Londres, Telavive, Riade, Doha, etc.… enquanto a estratégia é hoje o essencial desde que o número de actores se desmultiplicou. Ninguém conhece o modelo concreto de concorrência ao qual se referem  os membros da comissão de Bruxelas. Estes  estão obnubilados pela abertura dos mercados europeus porque sabem que os financeiros de Washington querem tirar pelo menos uma taxa de lucro de 25% de uma actividade a fim de engordarem os seus accionistas-saqueadores. É necessário, para realizar este milagre permanente, roubar os europeus, fazendo ao mesmo tempo passar este roubo como simples  resultado da concorrência que, realmente, não existe. O resultado concretamente  obtido é que é possível, através dos artigos 81,85,87 e 88 da União Europeia, atacar qualquer decisão que incomoda  a estratégia, de castrar os Europeus que deixam de   poder  ajudar qualquer empresa enquanto que eles mesmos alimentaram à força as suas empresas   através da impressão e da emissão de dólares .  É quase impossível ser mais mole, mais infame, mais traidor que estas larvas escolhidas sobre o roub(ar) –  e sendo certo que não existe  nenhum limite inferior na graduação da escravidão.

Nesta situação inscreve-se a entrevista que J. M. Quatrepoint concedeu  recentemente a Bruno Bertez. Ele sublinha que a intriga é doravante a norma ao  nível do Estado francês. Sem estar a subir até  Messier e outro colaboradores  das máfias estrangeiras, Tchuruk com Alcatel, Lauvergeon tão sinistro  quanto  o espírito necrófago dos cemitérios, Crouzet em  Vallourec,… o recente  processo Alstom é típico do grande “banksterismo ” das facções que se apropriam do  Estado. Os fidelizados   receberam uma gratificação  para desembaraçar os anglo-saxónicos de uma organização que lhes fazia sombra. Foram todos promovidos depois desta  má acção: o Gaymard, le  Kron, le Poux … A mentalidade dos empregados domésticos  do Império do Nada não vai para além das obsessões de um vendedor de automóveis de ocasião. Atingiram o seu verdadeiro nível de incompetência.  J.M. Quatrepoint decifrou perfeitamente esta personalidade negativa. Citemo-lo:  “Esta nova geração de altos  funcionários e de enarcas  não se interessa pela  política industrial… Foram alimentados pelo leito do biberon  atlantista. Porque é que se há-de  querer a independência em matéria de elevada  tecnologia? De outro modo, porque não as entregar aos Americanos…” Sobretudo quando estes pequenos funcionários do horror recebem em troca um prato de lentilhas, de acordo com a fórmula utilizada na Bíblia que serve de referência aos seus mestres.

Conclusão: a deriva

Os pequenos funcionários instalados na  Comissão Europeia, foram escolhidos de acordo com o critério do servilismo em relação “às máfias globalizantes ”. Não lutam para ser grandes, não lutam para elevarem a ciência e a indústria na Europa ao  mais  elevado grau  possível, tanto para os seus povos como para o resto do mundo. Dizem seguir uma política industrial mas escolhem com efeito um qualquer outro objectivo, a venda do que lhes não pertence, as riquezas públicas, para receberem  uma pequena comissão. O sórdido é o seu mundo. Eles vão bem  nas suas botas de mercadores das quatro estações  dado que a venda está  continuamente aberta …

Auran Derien, Revista Metamag, France : le ratage industriel. Texto disponível em :

http://metamag.fr/2016/03/18/france-le-ratage-industriel/

Leave a Reply