SENTADO NO CHÃO
Sentado no chão
Do lado de lá,
Costas de encontro à porta cerrada
Sufoco
Sem rumo ou solução
Ansiando o outro lado
O de cá.
Abraço os joelhos
Abraço a vida e os meus receios
Sem vontade de encetar a caminhada.
Que vontade de chorar
Que frustração
Que raiva
A porta está fechada
Já não ouço os meus conselhos
Já nada me importa.
Seguro as lágrimas
Que querem saltar
Que me querem prender ao chão.
Ansioso
Acredito
Levanto-me
Elevo-me
Levito
Sacudo-me
Tento voar …
Voo de encontro à porta.
O mundo que carrego comigo
Transforma-se num rugido
E como que por encanto
Desligo-me
Transformo-me
Já não há porta
Aberta ou fechada
Que me impeça a caminhada.
Já não há
O lá e o cá
E o ali
O tempo não existe
Nem o passado
Nem o presente
Nem a distância.
Tudo é consciência
Aprendizagem, certamente
Espanto
Ausência
Constância
Energia,
Energia, essencialmente.
Tudo tão próximo
Tão aqui …
Tão parte de nós,
Que eu quase não a vi.
Lindíssimo poema, José Magalhães.
Já pensou que podia fazer dele um Fado?
Maria
Obrigado minha cara amiga. Nunca pensei nisso, mas … é um caso a considerar, se aparecer alguém que o queira musicar. 🙂