CARTA DE BRAGA – “Da cultura e da retrete” – por ANTÓNIO OLIVEIRA

 

 

Os senhores do mundo, os que nos controlam directa ou indirectamente – e este nos inclui toda a gente, até os capatazes que eles próprios acarinham e empossam – aprenderam durante os últimos trinta ou quarenta anos, que a melhor maneira de acabar com a noção de identidade dos povos é apagar-lhes ou retirar-lhes a importância do passado.

Quando o passado já não tiver qualquer importância, quando a identidade assim destruída também anular a solidariedade que os pode e deve unir, constrói-se o espaço para um novo e diferente discurso, uma estrutura aparentemente inocente, mas politicamente corrupta por lhes destruir as bases do conhecimento.

Uma estrutura que eles próprios determinam e impõem e leva a popularizações e generalizações como as do Acordo Mortográfico, como lhe chamou e bem, Bagão Félix.

Deste modo, é fácil entender a razão por que a História e a Filosofia foram sendo lentamente sonegadas dos programas escolares porque, sem tal conhecimento, desaparecem as alternativas políticas e ganha sempre a controlada pelos senhores do mundo que, obviamente, são também os senhores dos meios de difusão, todos!

Tempos houve em que ler e aprender gente como Platão, Sócrates, Galileu, Pedro Nunes, Newton, Shakespeare, Camões e tantos outros que não caberiam aqui, era o caminho do conhecimento, do progresso, da liberdade e da independência e que agora vemos reduzidos e discursos de cento e picos caracteres, se calhar a capacidade máxima do grosseiro americano da presidência e com nomes de que ele deve ter ouvido falar, mas só de raspão!

Mas é também o caminho da pós-verdade que António Rovira define como un concepto retórico, incluso folclórico y casi exclusivamente religioso o político, al demostrar que un acontecimiento no necesita ser verdadeiro, cuando se descubre evidente.

Mas Rovira vai mais longe e acrescenta, un nuevo género informativo que hacemos y consumimos nosotros, incluso cuando estamos en el retrete, por eso lo sentimos como algo muy nuestro y lo defendemos sin decirlo.

Talvez tenha sido um refluxo de passado cultural, o que levou o Museu Guggenheim a oferecer, ao tal grosseiro americano, uma retrete de ouro em substituição da tela “Paisagem com neve” de Vicent Van Gogh que ele tinha solicitado, talvez por a retrete ser algo muito dele e que defende mesmo sem o dizer!

António M. Oliveira

Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor

 

2 Comments

  1. Mas é obrigatório que de Braga – como de qualquer outro ponto – venham cartas com proposta para contrariar essa vontade maldita de querer “acabar com a noção de identidade dos povos”, seja por pretender tirar-se-lhes a memória do passado, seja por querer impor-se-lhes um futuro de submissão. CLV

  2. Meu querido Amigo, como tem razão, infelizmente! Dá uma dor enorme e profunda ver que se vão estupidificando as massas, para que não seja preciso pensar,nem haja perguntas incómodas, porque quem pensa pergunta, e as pessoas querem-se ignorantes e “encarneiradas” para fazerem somente o que convém aos “actuais senhores do mundo”, ou seja, a esses que nos vão roubando identidade, horizontes e sonhos.
    Triste caminho vai seguindo a humanidade.
    Grande abraço.

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