IMAGEM E POESIA – Por José Magalhães (118)

QUANDO ESCREVO, NÃO ENVELHEÇO

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Quando escrevo
Não envelheço
Olho os livros que enchem a casa
Respiro o tempo e as palavras
Que não mereço
Olvido os nomes e as datas
Que alguma vez tenha dito
Torno presente o ausente
E o antigo
Relembro a cama, o lençol, o livro lido
Mantenho o amor acordado
A perda, a morte
O dia maldito
E a partida do amado.

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Quando escrevo
Tudo mereço
Ouço as vozes esquecidas
Transformo a perda em ganho
E reconheço
Na intimidade e na tragédia
Um problema qualquer
Um sentimento
E um tema
Na imagem da mulher
Da mãe, do amigo
Ou no que der.

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Quando escrevo
Escrevo a vida
Sem nunca envelhecer
Um amor tamanho
O poder
Da palavra
Do tempo
E da perda.
Escrevo para não esquecer.

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