“A guerra acaba ainda hoje; esperem cá pelos seus militares muito em breve”. Assim reza o Documento 6, Volume I, referente à sexta aparição, 13 outubro 1917. O documento é atribuído ao pároco de Fátima da altura, mas a verdade é que desses primeiros 6 documentos da Documentação Crítica de Fátima (DCF), um por cada “aparição”, de maio a outubro, nunca se encontrou o original! O que se conhece é uma cópia feita pelo Pe. Lacerda, fundador de “O Mensageiro”, com o propósito de impor Fátima ao país e ao mundo. É sobre essa cópia que toda a DCF assenta!!! Tudo obra de alguns clérigos de Ourém, comandados pelo Cónego Formigão (Visconde de Montelo, para o público em geral e para os primeiros livros que publica a propósito), autor do Guião do teatrinho em 6 sessões. Daí a inevitável pergunta, Quem se enganou: Lúcia, a actriz principal do teatrinho, ou o Guião do Cón. Formigão que Lúcia se limita a reproduzir naquela sessão?
A pergunta impõe-se, porque a Guerra não só não acabou naquele 13 outubro 1917, nem os soldados regressaram por esses dias, como, ainda por cima, cerca de 6 meses depois, eles vêm a sofrer o pior dos ataques, na chamada Batalha de La Lys, em 9 de Abril de 1918, na qual, em apenas 8 horas, são mortos pelas bem apetrechadas tropas alemãs 400 soldados, literalmente entregues à sua sorte, esfarrapados, sem munições, sem preparação militar, o que se pode dizer com toda a propriedade, carne-para-canhão. O facto, porém, não impede que o papa Francisco, nos cem anos deste teatrinho dos clérigos de Ourém/ Cón. Formigão, venha a Fátima canonizar os irmãos Francisco e Jacinta, então de 8 e 7 anitos respectivamente, vítimas da pneumónica e dos clérigos que fizeram deles actores juntamente com a prima Lúcia, 10 anitos, que resistiu à pneumónica, porque não foi na cantiga deles, dos “sacrifícios pela conversão dos pecadores”. Enquanto ela comia e bebia, os primos até da água e do lanche que levam como precoces guardadores de rebanhos se privam (Mas às crianças, senhores, por que lhes dais tantas dores?!). Mal chega a pneumónica,“leva-os para o céu”: Francisco em 1919; Jacinta em 1920. Sem que os mesmos clérigos quisessem saber deles para nada.
Percebe-se agora melhor por que, de então para cá, os clérigos passam o tempo a falar do “Milagre do sol” e nunca desta garantia dada a Lúcia pela “aparição” supostamente pousada na carrasqueira, “A guerra acaba ainda hoje”. O próprio Cón. Formigão, chamado pelo bispo a escrever o famigerado “Relatório da Comissão Canónica” atrasa-se que se farta, porque vê-se e deseja-se para arranjar uma interpretação plausível para aquela categórica afirmação de Lúcia, na qual hoje é, manifestamente, hoje”. O Volume II da DCF, pgs 223-228, avança 6 interpretações possíveis, qual delas a mais estapafúrdia e absurda. Como bem explica o meu Livro FÁTIMA $. A., Seda Publicações, maio 2015.
E não é também que, cem anos depois, os 400 soldados massacrados, literalmente carne-para-.canhão, acabam de ser proclamados “heróis” da pátria, a mesma que os abandona à sua sorte e faz deles carne-para-canhão? Os solenes “festejos” acontecem em França, no mesmo local onde se dá o massacre dos 400 soldados e que o Estado francês converteu em cemitério de todos os 1800 portugueses mortos em combate. A presidir a todo este cerimonial branqueador do crime pátrio de há cem anos, os presidentes Macron e Marcelo, acolitados pelo primeiro-ministro António Costa. Crianças foram chamadas a participar. E nem pejo houve em pô-las a cantar a plenos pulmões, “Às armas, às armas / sobre a terra sobre o mar / Às armas, às armas / contra os canhões marchar, marchar”. Sem nunca pararem para atentar no que vomitam, boca fora. Foi por marcharem contra os canhões que os 400 soldados portugueses foram massacrados. Bem sei que as palavras são o refrão do Hino nacional. Mas, à luz deste massacre, não deixam de ser um vómito! O mais execrável dos vómitos!