Seleção e tradução de Júlio Marques Mota
Texto 3. Iémen: esta guerra perturbadora de que não se fala…
Publicado por ROSEMAR.over-blog, em 3 de janeiro de 2017 (ver aqui)
Iémen saqueado pela guerra, crianças que morrem de fome, milhares de vítimas, fome que assola o país: o conflito que abala este país parece estar esquecido pelo mundo.
Os rebeldes do norte do país, os Hutis, aliados aos apoiantes do ex-presidente do Iémen Ali Abdallah Saleh, combatem as forças do atual presidente Rabbo Mansour Hadi. Este último é apoiado por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita, que em março de 2015 lançou uma ofensiva para impedir os rebeldes de assumirem o controlo de todo o território.
Quem está interessado nos Iemenitas? Famintos, feridos, sem recursos, sem infra-estruturas, estão a sofrer as terríveis consequências de uma guerra civil que os está a destruir.
Num país pobre devastado pela guerra, a população civil sofre de graves carências alimentares.
Escolas e hospitais foram destruídos, cidades foram dizimadas.
Depois da Síria, o Iémen está a viver uma guerra impiedosa, sem quartel.
E a França está a vender armas à Arábia Saudita, que está envolvida neste conflito: este comércio indigno está a prosperar.
No Iémen, 2 milhões de crianças não vão à escola e são obrigadas a trabalhar. Vivem com medo, fome e o caos e 7 milhões de pessoas encontram-se numa situação de emergência alimentar.
Nos nossos meios de comunicação social, esta guerra devastadora parece ter sido esquecida e passada em silêncio, enquanto este conflito corre o risco de conduzir a uma terrível catástrofe humanitária.
É verdade que a França assinou um contrato de 10 mil milhões de euros com a Arábia Saudita. O dinheiro tem precedência sobre todas as outras considerações possíveis.
Por conseguinte, é melhor não mencionar a infâmia de uma guerra em que a França está envolvida: vendemos armas e esquecemos a miséria e a violência de uma guerra que aparece como sendo bem longínqua.
O silêncio francês e internacional sobre esta guerra no Iémen reflete-se também no subfinanciamento da resposta humanitária: a França não se mobilizou para prestar uma ajuda significativa a estas populações em perigo.
Entretanto, as crianças são alistadas à força nesta guerra, enquanto outras, desnutridas, privadas de cuidados, de medicamentos e de água potável, morrem lentamente.
O Iémen, um dos países mais pobres do mundo, não consegue fazer face a um conflito mortífero em que a população civil está metida numa armadilha.
Este país dilacerado pela guerra e encharcado de sangue está a sofrer uma catástrofe humanitária sem precedentes.