PENSA-SE EM WASHINGTON E ALGURES QUE UMA OUTRA CRISE, AGORA MILITAR, É NECESSÁRIA E CONVENIENTE – IV – LÍDERES FINANCEIROS INTERNACIONAIS REALIZAM “JOGO DE GUERRA”, EXERCÍCIO DE SIMULAÇÃO DE COLAPSO FINANCEIRO GLOBAL. SERÁ QUE DEVERÍAMOS ESTAR PREOCUPADOS? – por MICHAEL NEVRADAKIS

 

 

International Finance Leaders Hold ‘War Game’ Exercise Simulating Global Financial Collapse. Should We Be Worried?, por Michael Nevradakis

The Defender, 7 de Janeiro de 2022

Selecção e tradução por Júlio Marques Mota

 

Altos quadros das organizações bancárias internacionais e de outras instituições reuniram-se no mês passado para um exercício global de “jogo de guerra” simulando o colapso do sistema financeiro global. O exercício de mesa fez lembrar o “Evento 201”, o exercício de simulação da pandemia que teve lugar pouco antes da entrada da COVID-19 no cenário global.

Altos quadros das  organizações bancárias internacionais e de outras instituições reuniram-se no mês passado em Israel para um exercício global de “jogo de guerra” simulando o colapso do sistema financeiro global.

O exercício de mesa fez lembrar o “Evento 201” – o exercício de simulação da pandemia que teve lugar em Outubro de 2019, pouco antes de a COVID-19 entrar no cenário global.

A iniciativa “Força Coletiva” foi realizada durante 10 dias, a partir de 9 de Dezembro de 2021, no Ministério das Finanças israelita em Jerusalém. Foi deslocada para Jerusalém a partir da Exposição Mundial do Dubai, devido a preocupações sobre a variante Omicron.

Israel liderou um contingente de 10 países que também incluía funcionários do Tesouro dos EUA, Áustria, Alemanha, Itália, Holanda, Suíça, Tailândia e Emirados Árabes Unidos.

Também participaram representantes de organizações supranacionais, tais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o Banco de Pagamentos Internacionais (BPI).

Descrito como um “jogo de guerra” simulado, o exercício procurou modelar a resposta a vários ciberataques hipotéticos de grande escala no sistema financeiro global, incluindo a fuga de  dados financeiros sensíveis na “Dark WEB”,  visando o sistema cambial global, e subsequentes corridas bancárias e caos do mercado alimentado por “notícias falsas”.

Contudo, o tema principal de “Força Coletiva” aparece ser não tanto a simulação de tais ciberataques mas, como o nome da iniciativa implica, o reforço da cooperação global na ciber-segurança e no sector financeiro.

Tal como foi relatado pela Reuters, os participantes na simulação discutiram as respostas multilaterais a uma hipotética crise financeira global.

As soluções políticas propostas incluíram períodos de carência para o pagamento da dívida, acordos SWAP/REPO, encerramentos bancários coordenados pontuais  e desvinculação coordenada das principais moedas.

A ideia de simular a separação  entre as principais moedas gerou espanto em alguns dos presentes  devido ao seu timing – no mesmo dia em que os participantes se reuniram para lançar o “Collective Strength”, circularam relatórios de que a administração Biden estava a considerar retirar a Rússia do sistema global de mensagens eletrónicas de pagamento conhecido como SWIFT, abreviatura para Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication.

Esta medida faria parte de um pacote de sanções económicas que os Estados Unidos aplicariam contra a Rússia caso este país atacasse a Ucrânia.

No entanto, o que pode levantar ainda mais espanto  é a lista de participantes na simulação da “Força Coletiva”, que inclui: o FMI e o Banco Mundial, e indiretamente, o Fórum Económico Mundial (WEF).

Foi o WEF, juntamente com a Fundação Bill & Melinda Gates e a Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, que realizou a simulação do “Evento 201” em Outubro de 2019.

Tal como anteriormente relatado pelo The Defender, o WEF também apoiou o desenvolvimento de instrumentos financeiros, tais como cartões de crédito e débito, que registariam  “licenças de carbono pessoais” numa base individualizada.

Um resumo executivo emitido em Novembro de 2020 pelo Carnegie Endowment for International Peace, em colaboração com o WEF, forneceu um resumo do tipo de cenário que foi simulado como parte da “Força Colectiva”.

Os autores do relatório, Tim Maurer e Arthur Nelson, descreveram um mundo cujo sistema financeiro está a sofrer “uma transformação digital sem precedentes … acelerada pela pandemia do coronavírus”.

Neste mundo, os autores argumentaram, “a ciber segurança é mais importante do que nunca”.

Descrevendo a proteção do sistema financeiro global como um “desafio organizacional”, o relatório salientou que não existe um ator global claro encarregado de proteger o sistema financeiro global ou a sua infraestrutura digital.

O resumo executivo chegou ao ponto de descrever uma “desconexão entre as finanças, a segurança nacional e as comunidades diplomáticas”.

As soluções identificadas por Maurer e Nelson incluíram:

– A necessidade de “maior clareza” relativamente aos papéis a desempenhar  e às  responsabilidades

– Reforço da cooperação internacional

– Redução da fragmentação e aumento da “internacionalização” entre as instituições financeiras “estanques”.

– Desenvolver um modelo que possa depois ser utilizado em “outros” sectores não especificados.

Mas que “outros” sectores?

Este conjunto de recomendações foi classificado pelos autores no seu relatório em “Transformação Digital: Salvaguardar a Inclusão Financeira”.

Uma dessas recomendações é a seguinte:

“O G20 deve salientar que a ciber-segurança deve ser concebida a partir de tecnologias utilizadas para promover a inclusão financeira desde o início, em vez de ser incluída como um pensamento  à posteriori”.

A tecnologia que é “utilizada para fazer avançar a inclusão financeira desde o início” irá incluir “passaportes de saúde” digitais e “carteiras digitais” de acompanhamento.

Parece também estar alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas – em particular, o Objetivo 16.9, que apela ao fornecimento de uma identidade jurídica digital para todos, incluindo os recém-nascidos, até 2030.

O Objetivo 16.9 também nos leva a ter bem presente  a insistência da União Europeia em que o seu passaporte vacinal, o chamado “Green Pass”, que é utilizado em numerosos países europeus para proibir os não vacinados e os que possuem imunidade natural de acederem a todo o tipo de espaços públicos e privados, protege a privacidade dos indivíduos.

Numa ligação adicional entre duas questões distintas – segurança do sistema financeiro global e saúde pública – a GAVI Vaccine Alliance apelou a “inovações que potenciem novas tecnologias para modernizar o processo de identificação e o registo das crianças que na maioria necessitam de vacinas que salvam vidas”.

No entanto, a utilização destas tecnologias não cessaria com o registo de vacinas para crianças. A GAVI descreveu as potenciais utilizações destas “novas tecnologias” como abrangendo “o acesso a outros serviços”, incluindo os “serviços financeiros” amplamente definidos.

Os autores do resumo executivo do Carnegie Endowment refletiram as suas propostas num artigo da Primavera de 2021 que aparece no website do FMI, embora as questões de “inclusão financeira” tenham sido deixadas de fora.

Embora os dois autores do relatório Carnegie, e os participantes na iniciativa “Força Coletiva”, sublinhem a necessidade de o sistema financeiro e os seus dados digitais serem mais bem protegidos, continua a não ser claro como é que uma transformação contínua em direção a um ambiente totalmente digital, baseado em nuvens, pode de facto ser considerado “seguro”.

Considere, por exemplo, a seguinte observação de Micha Weis, director financeiro sobre cibernética do Ministério das Finanças israelita, em referência à “Força Colectiva”: “[os] atacantes estão 10 passos à frente do defensores”.

Tais palavras não oferecem muito conforto a todos aqueles que já desconfiam da “FinTech,” ou da crescente proximidade entre “Big Tech” e “Big Finance”.

Da mesma forma, mais uma “simulação” de uma catástrofe global em grande escala e destrutiva irá, para alguns, fazer com que se recordem memórias do “Evento 201” e do que se seguiu – infamemente descrito a 20 de Março de 2020, pelo então Secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo como um “exercício ao vivo”.[ Nota do tradutor-vale a pena visionar esta peça  com a intervenção de Mike Pompeo].

.Fonte: Michael Nevradakis, Ph.D., publicado por The Defender., International Finance Leaders Hold ‘War Game’ Exercise Simulating Global Financial Collapse. Should We Be Worried?. Texto disponível em:

https://childrenshealthdefense.org/defender/leaders-war-game-exercise-global-financial-collapse/

The views and opinions expressed in this article are those of the authors and do not necessarily reflect the views of Children’s Health Defense


Leia este artigo no original clicando em:

International Finance Leaders Hold ‘War Game’ Exercise Simulating Global Financial Collapse. Should We Be Worried? • Children’s Health Defense (childrenshealthdefense.org)

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