CARLOS MATOS GOMES – SALDOS DA UNIÃO EUROPEIA EM VILNIUS

A reunião da NATO em Vilnius é o Boxing Day da União Europeia. Atualmente o Boxing Day é o dia das liquidações dos produtos que devem ser despachados em saldo de fim de época para darem lugar a novos, da nova época. A União Europeia é já um mono e deve ser despachado para ser substituído por uma outra mercadoria política.

Em Vilnius o mercado está a funcionar com as licitações a serem apresentadas pela Turquia e por Zelenski ao dono da banca, Joe Biden. Os outros dirigentes do Ocidente são os tristes mercadores que trouxeram os seus produtos para a feira e que se sujeitam às leis do mais forte. De quem faz o preço e o impõe.

A União Europeia está à venda. Vendeu os princípios. O mais recente o dos acordos sobre bombas de fragmentação. O que é o menos. Quem vai morrer são ucranianos. Talvez algumas empresas europeias ganhem uns contratos de desminagem e de fornecimento de próteses. Negócio de futuro. Erdogan vende a autorização de entrada da Suécia na NATO a troco da admissão na União Europeia, o que será decidido pelos Estados Unidos. Os Estados Unidos apoiam a proposta da Turquia: economicamente a entrada da Turquia na União Europeia é um encargo e enfraquece-a. Desde a fundação que a União Europeia causa engulhos aos EUA. Quanto a questões de “democracia”, direitos do homem isso é música para alumbrados. Um música utilizada consoante as conveniências. O grande problema dos donos da banca são os cubanos e os uigures.

Os atuais e excelsos dirigentes da U E conseguiram um êxito que nenhum europeu imaginaria há um ano: a União Europeia transformou-se num velho coelho que está a ser disputado à dentada pelos Estados Unidos e pela Turquia! Um feito da atual gerência.

A despudorada barganha entre a Turquia e os Estados Unidos (sempre respaldados pelo Reino Unido) é importante? Não. A entrada da Turquia na U E altera alguma coisa? Nada, a não ser na diminuição dos fundos destinados para os países do Sul. Incomoda a Alemanha, mas esse é um dos objetivos dos Estados Unidos. Agudizar conflitos internos e enfraquecer a Alemanha é um objetivo permanente na estratégia dos EUA. A França, essa suicidou-se.

Pelo lado da Turquia, a entrada na U E não alterará a sua política de negócio permanente a quem der mais em cada momento, vai continuar a receber petróleo e gás da Rússia e a negociar com a Rússia o domínio do Mar Negro, logo do escoamento dos produtos da Ucrânia. Vai aumentar a sua capacidade militar com a instalação de mais complexos militares industriais americanos e da Suécia, a partir da sua entrada na NATO. O preço da Turquia para aceitar a admissão da Suécia é transformar-se na maior potência militar da NATO na Europa! Bela jogada dos europeus ao subordinarem-se aos EUA. A NATO, isto é, o aparelho militar da União Europeia além de ser dominado pelos EUA (com o Reino Unido) passa a ter como principal força local os exércitos da Turquia!

Com a adesão da Turquia a União Europeia será mais democrática, ou menos? Fica na mesma, a Hungria e a Polónia já lá estão. A única diferença entre estas falsas democracias é a religião, é a do deus que abençoa as prisões. Os muçulmanos não foram mais cruéis que os cruzados!

A ideia que a U E não passa de um mercado, que foi a de Thatcher, só peca hoje por defeito. A União Europeia não é mais que uma cabra que está à venda, bem presa ao vendedor, para não marrar nem espernear. Ou dá leite ou dá carne.

Nos saldos da U E em Vilnius, o primeiro produto a ser apresentado à clientela devem ser bombas de fragmentação. Mas nenhum dos vendedores de quinquilharia, nem o Zelenski ficará coxo.

Uma fronteira entre o Ocidente e a Rússia construída com um imenso campo de minas é com certeza uma boa ideia a sair das cabeças privilegiadas de Vilnius. As searas de trigo e milho da Ucrânia semeadas de minas devem proporcionar belos efeitos nos agricultores e nas suas máquinas. Se a Rússia colaborar, respondendo com o mesmo produto, a Ucrânia será um estado exótico em que os peões andam de andas e as viaturas dispõem de um dispositivo de detecção de minas, um GPS.

Valha-nos Vilnius!

 

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