Uma casa em que a criança dorme no seu próprio quarto, em que não há trocas de lugares nas camas, é uma casa onde se verifica um certo equilíbrio relacional de boa distância entre gerações.
Quando tal não acontece, esse facto pode ajudar a uma confusão interior na criança, com falhas de limites,
regras, ficando sem saber qual o seu papel, quem “manda” em quem, quem lhe vai trazer a segurança e protecção de que necessita.
No seu próprio espaço, e não na cama de um adulto, a criança pode desenvolver os sonhos apropriados á sua idade, resolver os seus medos. No quarto dos pais, em que se passam coisas que a criança só deverá imaginar, para que possa construir a sua própria intimidade e fantasiar sobre o que será a vida íntima dos adultos. Isto vai contribuir para a sua própria imaginação e criatividade, o acesso à simbolização.
O quarto da criança diz muito sobre quem o habita, rapaz ou rapariga, sua idade e gostos. Permitir que esse espaço possa transparecer o gosto de quem o habita e não o dos pais, é importante. Porque é o refúgio em momentos de zanga, de tristeza, de procura de tentativa de encontrar explicações para os dilemas com que se vai defrontando.
Os posters colados nas paredes, a desarrumação relativa (até certo ponto e se for essa a forma de a criança se relacionar com os seus objectos…), a não imposição exagerada de regras impondo uma casa pronta para ser vista por estranhos a qualquer momento… O respeito por espaços de privacidade (diários, gavetas fechadas, etc) correspondem ao respeito que queremos que as crianças desenvolvam para a vivência em sociedade.
O MEU QUARTO IMAGINÁRIO
Eu gostava que o chão do meu quarto fosse de vidro e abrisse para aos lados
para a cama poder descer e levantar quando eu quisesse.
Também tinha uma piscina iluminada por dentro e com água aquecida,
para quando me levantasse ir lgo para lá.
As gavetas das mesinhas de cabeceira abriam automaticamente.
Os candeeiros acendiam sozinhos quando eu entrasse no quarto
Miguel – 6 anos