Diário de bordo de 11 de Outubro de 2011

Caiu o pano sobre mais um acto da farsa que tem por cenário a Madeira e por protagonista Alberto João Jardim. O eleitorado madeirense escolheu, de acordo com as «regras do jogo democrático». Nada a dizer. Ou seja, não se pode continuar a passar um atestado de menoridade intelectual aos habitantes do arquipélago. O défice democrático, existirá, mas houvera uma significativa onda de repulsa pelos métodos de Jardim e notar-se-ia.

 

Há vozes discordantes e isso vê-se nos votos, podendo ler-se a percentagem dessa divergência. Que saibamos não há censura, nem polícia política – havia isso tudo durante o salazarismo e, no entanto, a resistência nunca cessou. Há vestígios, como o do transporte em viaturas públicas de eleitores até aos locais de voto em carros propriedade da presidência. Questionado sobre a ocorrência, um representante do PSD branqueou o facto com argumentos muito semelhantes aos que se usavam durante a ditadura.

 

E o PSD pode sentir-se incomodado com algumas boutades de Jardim, mas sabe-lhe bem as vitórias – Uma coisa ninguém pode alegar – inocência. Quantos madeirenses bem pensantes e esquerdizantes votarão em Jardim? Todos, e Jardim mais do que ninguém, sabem o que andam a fazer. Como dizia o título de um filme francês Nous Sommes Tous des Assassins  (de André Cayatte). Neste caso, nós somos todos cúmplices – com é possível que aquele indivíduo enxovalhe toda a classe política, se ria dos governos da República, gaste o que lhe apetece e diga a frase habitual – «Alguém há-de pagar»? Como é possível?

 

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