OS HOMENS DO REI – 48 – por José Brandão

Lourenço Pires de Távora (1510-1573)

 

Lourenço Pires de Távora foi uma das principais figuras da nobreza portuguesa do seu tempo e exerceu, com brilho, as funções de embaixador de Portugal na corte espanhola. Este excelente diplomata, nasceu em 1510, a vila de Almada. Filho de D. Cristóvão Pires de Távora e de D. Maria Francisca de Sousa.

 

Varão dos mais insignes da família dos Távoras, desde muito novo que se pôs ao serviço da sua Pátria. Aos 16 anos entra na Batalha de Arzila, em Marrocos, onde perde seu irmão, Álvaro Pires de Távora. Ferido e feito prisioneiro, regressa ao reino em 1531, após resgate. Passados dois anos, novamente por ordem do monarca português, é acompanhante do infante D. Luís, na célebre jornada com vista à conquista de Tunes.

 

Em 1546, com 36 anos de idade, parte para a Índia na nau «Espera», como capitão-mor de seis naus de carga, tendo chegado a Cochim, onde deixou as naus e foi de batel ao encontro de D. João de Castro, tendo-o ajudado a conquistar Diu, na madrugada de 11 de Novembro de 1546. Regressa ao Reino, em 1549, onde é recebido com grande honra e solenidade.

 

Tendo viajado pelo Mundo distinguindo-se na diplomacia e nas armas. Em 1555, acompanhou o infante D. Luís à expedição de Tunes. Pouco depois ingressou na carreira diplomática, tendo sido enviado a Marrocos, Madrid, Londres e Roma. Já como embaixador em Castela, Lourenço Pires de Távora, em 1551, foi procurador do rei D. João III, o Piedoso, nos preparativos do casamento do príncipe português D. João Manuel, com a infanta de Espanha D. Joana de Áustria, filha de D. Carlos V. Mais tarde, em 1553, vai a Londres com a missão de obter a mão da Rainha Maria Tudor para o infante D. Luís, o que não vira a resultar pois, o monarca espanhol, foi mais hábil e conseguiu fazer casamento com o seu filho infante D. Filipe, mais tarde Filipe II de Espanha e 1 de Portugal.

 

Em 11 de Julho de 1557, morre D. João III, sendo cinco dias após, proclamado rei D. Sebastião, apenas com três anos de idade. Assim, fica como regente de Portugal D. Catarina Rainha – viúva. Em 1558 Lourenço Pires de Távora, 4º Senhor da Casa e Morgado de Caparica, mandou erguer o Convento dos Capuchos para alojar a comunidade religiosa que, anteriormente, aí se havia instalado. Os seus frades vestiam-se de burel com capucho alongado, justificando assim o nome pelo qual eram conhecidos. A comunidade da Caparica seria, na altura, também protegida pelo próprio rei D. Sebastião.

 

Depois de edificar o Convento dos Capuchos, na Caparica, em 1558, Lourenço Pires de Távora é nomeado pela rainha e parte, em 1559, como embaixador para Roma, juntamente com seu filho Cristóvão de Távora, onde chega a 8 de Julho desse ano. Junto da Cúria Romana, o ilustre fidalgo desenvolveu um trabalho de grande significado e valia para o prestígio da nossa Coroa. Com um profundo desejo de voltar a Portugal, o embaixador parte de Roma no dia 24 de Abril de 1564. Apoiante do cardeal-rei, contribuiu para que a regência do reino de Portugal fosse entregue a D. Henrique a quem deu um verdadeiro programa de governo. Foi, contudo enviado para Tânger, como capitão-mor dessa praça entre 1564 e 1566.

 

Regressa a Lisboa em 1566 e, desiludido com a intriga e ingratidão, retira-se da Corte e vai descansar para o Solar de Caparica, de onde somente sai sete anos depois, ao sentir a aproximação da morte. Recolhe ao Convento que tinha fundado, onde vive os seus últimos dias de vida, envolvido de magia e encanto dos Capuchos.

 

 A seguir: Diogo de Menezes

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