Resposta ao comentário de João Machado ao meu GDH “EU SOU GREGO:
Os comentários de João Machado são, obviamente, pertinentes. Mas as minhas respostas só poderão ser cautelosas:
1. A Grécia vive já uma situação pré-insurreccional que é sempre potenciadora de golpe de estado. Nomeadamente de golpe de estado militar até porque as forças armadas gregas parecem manter-se como uma estrutura à margem do caos que ameaça o país. Seria trágico internamente e levantaria muitas questões externas. Como é que a UE – que se pretende paradigma da democracia representativa – reagiria a um golpe militar num seu Estado membro? Seria um pretexto para o afastamento da Grécia, ou a própria UE apadrinharia o golpe com solução “temporária”? A verdade é que a actual liderança “mercozy” da UE já apoia (ou patrocina) soluções governativas na Grécia e Itália que subvertem a democracia representativa. A “realpolitique” e a hipocrisia têm andado sempre de mãos-dadas.
2. Quanto aos cenários previsíveis em caso de divisão da UE, confesso-me pouco à vontade nesse tipo de previsões. A verdade é que a UE já está dividida: pelo euro, sul-norte, eurocrentes-eurocépticos, atlantistas-europeístas, federalistas-nacionalistas, etc. Provavelmente a sua questão dirige-se mais à possibilidade de haver uma divisão na “zona euro”, pela saída (ou expulsão) de um membro. A previsão das consequências, que começarão por ser financeiras e económicas (na sua sequência, políticas e sociais) ultrapassa-me completamente.