Por Júlio Marques Mota
(Conclusão)
2 . Industrialização da China ou a desindustrialização da União Europeia
A indústria das energia renováveis
Deparei-me com um artigo curioso que haveremos mais tarde de reproduzir e que tem como título Quando a China se apropria do Sol (Lorsque la Chine accapare le soleil) de Willy Boder Berne onde se pode ler:
“O desequilíbrio devido ao excesso de produção, num contexto de redução das subvenções na compra da energia de origem solar por causa das dificuldades orçamentais de vários países europeus, levou a um círculo vicioso para muitas empresas na Europa e nos Estados Unidos. “Apenas 30 a 50% das linhas de produção estão a ser usadas” nota Matthias Fawer. Neste ambiente económico bem depressivo, apenas as empresas menos endividadas, ou as melhores subsidiadas pelo Estado, como a China é acusada de o estar a fazer, são susceptíveis de sobreviver.
Quem diz consolidação diz desaparecimento de dezenas de empresas dos EUA e da Europa assim como de milhares de postos de trabalho. A falência da Solyndra nos Estados Unidos e as graves dificuldades de tesouraria dos alemães Q-Cells representam apenas a ponta do iceberg. A Suíça, atingida pelo falhanço de Flexcell e pela brutal paragem da construção, no Cantão de Berna, da maior fábrica de módulos fotovoltaicos do país, não é também ela poupada por essa inversão completa do mercado. A culpa? Muitas pessoas são aquelas que acusam China, que entretanto se tornou o país líder neste sector.
Inexistente nesta área há cinco anos, este país, que exporta 95% da sua produção de painéis solares, é agora omnipresente. Mais da metade das células fotovoltaicas instaladas na Europa são de origem chinesa. E se a primeira empresa neste campo, First Solar, é americana, ela está apertada por três empresas chinesas que por si só representam duas vezes e meia o seu volume de produção. De entre os dez maiores fabricantes de painéis solares, cinco são chinês e dois estão instalados em Taiwan.”
Analisadas duas posições do referido postal deixemos aqui um pequeno artigo sobre a questão dos paraísos fiscais.
3. Os paraísos fiscais, a Europas, a Alemanha, a Suiça
Um jornal alemão ataca Sommaruga
O diário alemão BILD informa ter apresentado queixa contra a conselheira federal Simonetta Sommaruga como resposta ao mandato de prisão emitidos pela Suiça contra três agentes do fisco alemão.
Numa carta que o jornal reproduz, o diário “Bild” acusa o Ministro da Justiça de “tentativa de sequestro, de denúncia caluniosa e de cumplicidade”.
Os mandatos de captura têm, de acordo com o “Bild”, como único objectivo o querer impedir qualquer inquérito adicional do fisco alemão contra os alemães em fraude e clientes dos bancos suiços onde depositavam dinheiro não declarado…
A justiça suiça emitiu três mandatos de prisão contra os inspectores do fisco alemão, suspeitos de espionagem económica. Estes inspectores teriam desempenhado um papel activo na compra de um CD que continha dados roubados no início de 2010. O CD tinha informações sobre as contas dos clientes alemãs em situação de fraude e com contas no Credit Suisse .
Críticas da oposição social-democrata
O Governo alemão tinha reagido fracamente a essas informações, ao mesmo tempo que as justificava pelas diferenças do sistema jurídico entre os dois países. Isto valeu ao governo alemão as críticas da oposição social-democrata, que criticou o governo por não defender os três funcionários visados.
[NT. Wolfgang Schauble terá afirmado, a 31 de Março: “A Suiça tem o seu direito penal e não respeitar o sigilo bancário é passível de uma sanção”
Ainda no “Bild”, o Vice-Presidente do SPD no Bundestag (câmara baixa do Parlamento), Florian Pronold, sugere que o embaixador da Suíça seja chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para se lhe ser exigido explicações.
Dupla tributação
A evasão fiscal é um tema que tem envenenado as relações germano-suíças desde há anos, causando violentos artigos na imprensa popular de ambos os países.
Um acordo de dupla tributação foi celebrado pelos dois governos, mas a sua ratificação enfrenta a oposição dos sociais-democratas do SPD e dos Verdes, com maioria na câmara alta do Parlamento, que consideram este acordo muito conciliador com os alemães clientes dos bancos suiços e em fraude.
Entretanto, Simonetta Sommaruga não se quer preocupar com o assunto neste momento. O “Bild” terá apenas apresentado uma queixa junto do Ministério Público de Berlim. Este último está agora encarregado de verificar a veracidade ou não das acusações formuladas por BILD . “Nós lemos o artigo de “Bild” e aguardamos o desenrolar dos acontecimentos ,” disse, esta quarta-feira, Guido Balmer do Departamento Federal de Justiça e da Polícia.”
Retomaremos este assunto amanhã.
Júlio Marques Mota