21h00 – A Chaimite “Bula” e a coluna da EPC atingem o Quartel da Pontinha. Forças do RAP 3 e da EPI deslocam-se ao Comando da 1ª Região Aérea, em Monsanto, para proceder à detenção dos ministros da Defesa, do Exército e da Marinha, e de outras altas patentes militares que ali se haviam refugiado desde a tarde, conduzindo-os ao RE 1.
Paulo Ferreira da Cunha descreve neste soneto como foi aquele dia de Abril, um dia de Abril – o dia de Abril:
Um dia de Abril
Esse tempo a preto e branco era
Estrídula voz já nada discutia
Nem pátria, nem familia, hipocrisia…
E depois, só falsa primavera.
Portugalinho pois dos pequeninos
Jactava falar grosso e ser Império,
E desfraldava facúndias em seus hinos.
Louvor feito por próprio é vitupério.
p>
Mas a História, a lei inexorável,
Ao tirano poder as voltas troca,
E já à Rua o Povo ela convoca.
Cabe num dia a pura Liberdade?
Um dia foi, e é hoje memorável.
Fosse todos os dias, oh saudade!
Seis dias depois, no 1º de Maio, a Liberdade foi como um rio irresistível. A pura Liberdade guiava-nos, era a nossa bandeira. Mas, na sombra, a nossa esperança, a nossa alegria, eram espiadas. E logo aí, após breves dias, a nossa bandeira foi rasgada em mil pedaços e a Liberdade convertida em mil liberdades. Porém, naquele 1º de Maio, o primeiro festejado em liberdade, não sabíamos isso – era ainda a pura Liberdade que nos guiava…