A Via Política da “porta estreita” – por Mário de Oliveira

Transcrito do Jornal FRATERNIZAR (Editorial 47Edição 78, 11 de Maio 2012), com expressa autorização do autor.

 

 

 Depois destes 20 séculos de Cristianismo que têm mantido sequestrados, Jesus e o seu Projecto Político Maiêutico, destinado a todos os Povos da Terra, pior, que têm feito tudo para transformar Jesus, num mítico Jesus-Cristo Poder monárquico Absoluto e Infalível, corporizado, na História, primeiro, na pessoa do Imperador Constantino, depois na pessoa do seu Sucessor, o Papa de Roma, e hoje, início do Terceiro Milénio, no Grande Poder Financeiro Global, o Deus-Dinheiro, o único Senhor-Patrão ao qual obedecem, todos os dirigentes do Poder Político de todas as nações da Terra e todos os dirigentes do Poder Religioso, Sacerdotes e Pastores das Igrejas cristãs, incluídos, é muito difícil, quase uma missão impossível, convencer as Mulheres, os Homens, as Populações da Terra, que só Jesus, o camponês-artesão de Nazaré, o filho de Maria, o de antes do Cristianismo, fundado com o propósito de o Matar e Apagar definitivamente, até, a sua Memória da memória dos Povos, é a Via Política, “porta-estreita” que, acolhida e praticada por nós, Mulheres, Homens, Populações, nos leva à plenitude da Vida Humana de qualidade e de abundância para todos.

 

Depois destes 20 Séculos de Cristianismo, nós, Mulheres, Homens, Populações deste início do Terceiro Milénio, somos, ou mais ou menos fanáticos religiosos, ou mais ou menos fanáticos ateus, agnósticos, indiferentes. Não fanáticos, no sentido activo, mas no sentido passivo. Quer dizer,somos Mulheres, Homens, Populações que estamos bem com o estatuto de vida que temos e já nem sequer nos mostramos disponíveis para nos deixarmos interpelar, muito menos, para mudarmos radicalmente de Ser, de Actuar, de Pensar, de Falar, de Escrever.

 

Neste particular, reina Hoje, na esmagadora maioria da Sociedade Mundial, uma mortal Preguiça mental /intelectual. Uma Preguiça que Mata, por isso, se diz que é mortal. Mata o Ser, Mata a Pergunta, Mata a Maiêutica, Mata a Política Praticada, Mata o Profeta, Mata o Mensageiro, Mata o Interpelador, Mata a Sentinela, e, até, Mata a Menina, o Menino que nós, Mulheres, Homens, Populações sempre trazemos dentro de nós. Ao Novo, preferimos, habitualmente, o Velho, o Tradicional, o de Sempre. À Dissidência, preferimos a Lei, a Regra, o Institucional. Ao Deserto, preferimos o Aconchego da casa. À Vida-Acção contínua de Criação, preferimos a Rotina, o Emprego por conta de outrem. À Trincheira e à Intempérie, preferimos o Sofá e uma televisão de ecrã gigante na frente, de preferência com canais de futebol, 24 horas, sobre 24 horas. Às Práticas Políticas Maiêuticas, preferimos o reduzido Núcleo de Amigos, Amigas, sempre os mesmos, com os quais regularmente nos masturbamos, em arrastados debates e arrastadas sessões de poesia que têm o triste e perverso condão de deixarem tudo como está, por isso, cada vez pior.

 

A Ideologia do Grande Poder Financeiro Global está hoje em toda a parte, em todas as mentes /consciências, em todas as células dos nossos corpos. É o Grande Demónio, para recorrer à linguagem mítica das Religiões, que, apesar de todo o Secular e Laico que se respira em volta, ainda se mantém presente no universo mental /cultural, inclusive, de Ateus, de Agnósticos e de Indiferentes, não apenas no universo mental /cultural dos Religiosos e dos cristãos. É ela, a Ideologia do Grande Poder Financeiro Global, o Grande Tentador de todos nós, Mulheres, Homens, Populações deste início do Terceiro Milénio. Um Tentador que nunca se nos apresenta como tal, para, assim, ser cem por cento eficiente.

 

Pela primeira vez na História dos Povos, a Ideologia do Grande Poder Financeiro Global é omnipresente. Podemos dizer, sem errar, que a esmagadora maioria de nós, Mulheres, Homens, Populações deste início do Terceiro Milénio, andamos Habitadas por ela. Somos por isso, Mulheres, Homens, Populações incorrigivelmente cristãs /messiânicas, ainda que muitas, muitos de nós, nos digamos ateus, agnósticos ou indiferentes. Como tal, tudo o que somos-fazemos-projectamos-pensamos-dizemos-escrevemos acaba sempre por reforçar este tipo de Sociedade, totalmente feita à imagem e semelhança do Deus-Dinheiro, o único Senhor-Patrão do Planeta, que nunca é radicalmente posto em causa por nós.

 

Pois bem. Só Mulheres, Homens, Populações jesuânicas, isto é, plena e integralmente, Humanas, Políticas Praticantes, Sororais, Maiêuticas, Habitadas pela mesma Ruah ou Sopro Maiêutico de Jesus, recusam – antes a Morte, que tal sorte! – servir, inclusive, trabalhar por conta do Grande Poder Financeiro Global, o Deus-Dinheiro, Hoje, o único Senhor-Patrão do Planeta. Tal como Jesus, o Alfa e o Ómega do, plena e integralmente, Humano, nenhum Poder, também todo o Ser-Viver destas Mulheres, destes Homens, destas Populações, é contínua Actividade Política Criadora, em Comunhão com a ininterrupta Actividade Política Criadora de Deus Criador que nunca ninguém viu, por isso, totalmente Incompatível com o Grande Poder Financeiro Global, o Deus-Dinheiro, o único Senhor-Patrão desta Sociedade do início do Terceiro Milénio.

 

Em verdade, em verdade vos digo: Só esta Via Política, de “porta-estreita”, Jesus, ele próprio, transforma, à medida que é Acolhida /Praticada por nós, Mulheres, Homens, Populações deste Terceiro Milénio, esta Sociedade de mentirosos, de ladrões, de assassinos, de corruptos, de hipócritas, de cristãos, de religiosos, de ateus, de agnósticos, de indiferentes, numa Sociedade de Vida Humana de qualidade e de abundância! Por isso, universalmente Sororal, politicamente Maiêutica, infraestruturada por uma Economia-vasos-comunicantes.

 

(Para aprofundarmos mais sobre este assunto, cf. Padre Mário de Oliveira, EVANGELHO DE JESUS, Segundo Maria, mãe de João Marcos e Maria Madalena, 1.ª edição, Março 2012; 3.ª edição, Maio 2012, Edium Editores)

 

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