SOBRE A CHINA, SOBRE A AMÉRICA E FACE AO SILÊNCIO EUROPEU

Selecção e tradução de Júlio Marques Mota

Texto nº 1- Distúrbios na China

Uma fábrica da Foxconn na China fecha, depois de confrontos que envolveram cerca de 2.000 trabalhadores TAIPÉ (Reuters)

Um texto da Bloomberg

A forma Foxconn Technology Group de Taiwan, que monta  os iPhones da Apple e faz componentes para as empresas globais de produtos electrónicos de topo de gama , encerrou uma fábrica na China, esta segunda-feira,  depois de cerca de 2.000 trabalhadores se terem envolvido   em confrontos num dormitório da empresa.

Não ficou claro qual teria sido a duração dos confrontos havidos na fábrica situada na parte norte da China, na cidade chinesa de Taiyuan, e que emprega cerca de 79.000 pessoas, enquanto os funcionários da empresa e as autoridades policiais estão a investigar a causa dos distúrbios.

O porta-voz da Foxconn disse que o problema começou com uma disputa num turno de pessoal que se transformou de seguida numa enorme briga. Mas algumas pessoas colocaram mensagens num site do Twitter e dizem que os guardas da fábrica tinham batido nos trabalhadores , o que  provocou assim o tumulto

“A fábrica está fechada hoje para se proceder a inquérito sobre a origem dos distúrbios” disse o porta-voz de Foxconn Louis Woo à Reuters. Um funcionário contactado por telefone disse que o encerramento poderia durar dois ou três dias.

Apenas foram fornecidas à Reuters fotos da parte exterior da fábrica e estas mostraram janelas partidas num dos edifícios e vê-se uma linha de cor verde-oliveira de caminhões da polícia paramilitar que estão estacionados dentro do parque da fábrica.

Esta agitação é a mais recente de toda uma série de incidentes em fábricas da Foxconn, o nome comercial da Hon Hai Precision Industry Co, que é o maior fabricante mundial de produtos electrónicos em regime de subcontratação. As acções de Hon Hai emitidas na bolsa de Taipei caíram 1% na segunda-feira num mercado que globalmente teve uma subida de 0,2 por cento.

Muito conhecida como um grande fornecedor e também como  fábrica de montagem para os produtos Apple, a empresa tem enfrentado acusações de más condições de trabalho e de maus tratos para com os trabalhadores nas suas unidades fabris na China, onde emprega actualmente cerca 1 milhão de trabalhadores.

A empresa tem estado a investir fortemente nos últimos meses para melhorar as condições de trabalho e também está a aumentar os salários.

A Foxconn disse num comunicado que o incidente disparou a partir de uma disputa pessoal entre vários empregados por volta das 11 horas no dia 23 de Setembro no domingo num dormitório de gestão privada e foi colocado sob o controle da polícia no por volta das três da tarde.

“A causa deste conflito está sob investigação das autoridades locais e estamos a trabalhar  em sintonia com as autoridades neste processo, mas as suas causas parecem não estar relacionadas com o trabalho”, disse a Foxconn. Hon Hai disse que cerca de 2.000 trabalhadores estavam envolvidos nos distúrbios.

Comentários colocados on-line, no entanto, sugeriram que os guardas de segurança podem ter sido os culpados.

Num post no microblog Sina Weibo no Twitter chinês,  o utilizador “Jo-Liang” disse que quatro ou cinco seguranças baterem num trabalhador quase até à morte.

“Frustação”

Um outro utilizador, “fã de Sa Hai”, citou um amigo de Taiyuan como tendo dito que houve guardas que terão espancado dois trabalhadores da província de Henan e em resposta, outros trabalhadores deitaram fogo às colchas de cama e atiraram-nas fora pelas janelas do dormitório.

As informações não puderam ser confirmadas de modo independentemente.

A Agência de notícias estatal Xinhua citou um alta autoridade do governo da cidade, dizendo que os investigadores já determinaram que o conflito se terá desencadeado aquando trabalhadores da província de Shandong, entraram em confronto com os trabalhadores originários de Henan .

A Agência tinha anteriormente informado que cerca de 5.000 policias foram enviados para acabar com a violência, de acordo com a Secretaria de segurança pública da cidade de Taiyuan.

Foxconn citou a polícia como tendo dito que 40 pessoas foram levadas para o hospital e várias  outras foram presas, enquanto Xinhua acrescentou que três pessoas estavam em estado muito grave.

As chamadas para a polícia de Taiyuan não foram imediatamente atendidas, enquanto um alto-dirigente da fábrica se recusou a informar quando é que foi chamado pelo telefone.

“Claramente há uma profunda frustração e raiva também entre os empregados e sem outra saída, além de violência, que não seja frustração a ser assim exposta publicamente ” disse Geoff Crothall, director de comunicação no China Labor Bulletin, uma associação sobre os direitos dos trabalhadores em Hong Kong, num seu  comunicado.

“Não há nenhum diálogo e não há meios de resolução de litígios, não importam os que são menores do sistema. Então não é nenhuma surpresa que tais litígios se transformem depois em violência.”

Foxconn não confirma que as suas fábricas abastecem a Apple, mas um funcionário disse à Reuters que a fábrica de Taiyuan está entre aquelas que montam e produzem componentes para os iPhone 5 da Apple .

Em Junho, cerca de 100 trabalhadores viveram uma situação de tumulto numa fábrica da Foxconn em Chengdu, no sudoeste China.

(Additional reporting by Sally Huang, Ben Blanchard and Ningyi Sun in Beijing; Editing by Ben Blanchard and Robert Birsel)

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