Selecção e tradução por Júlio Marques Mota
Desemprego força os europeus do Sul ao êxodo
Claire Gatinois, Le Monde
Parte I
| Le Monde
Eles são jovens, velhos, diplomados ou autodidactas. Engenheiros, arquitectos ou pedreiros. Eles são europeus e estão desempregados. Para eles, a única fuga é, cada vez mais, o exílio, de tal modo é a sua falta de esperança nunca recuperação do mercado de trabalho que não vislumbram. .
No final de Setembro, a Europa tinha cerca de 25,7 milhões de desempregados (18,5 milhões na zona euro), de acordo com dados publicados pelo Eurostat na quarta-feira, 31 de Outubro. Ou seja 2 milhões a mais que há um ano atrás. Na União Monetária, a taxa de desemprego é de 11,6% da população activa. Para os jovens menores de 25 anos de idade, esta taxa sobe para 23,3%. Do nunca visto! “As coisas vão mal “, resume o economista Jacques Delpla, membro do Conselho de análise económica. E a situação, disse ele, deve ficar ainda pior durante um período de doze a dezoito meses. Especialmente no sul da Europa.
Consequência, nesses países, onde o desemprego atinge níveis semelhantes da grande depressão dos anos 1930, os trabalhadores partem em massa, emigram. Os dados não são ainda claros, mas vários indicadores (transferências de dinheiro, pedidos de vistos) atestam os fluxos migratórios provenientes do Sul da Europa e da Irlanda, disse Dilip Ratha, um economista do Banco Mundial.
Em Espanha (25,8% de desemprego) o fenómeno é ainda mais espectacular. Terra de imigração na última década, graças à bolha imobiliária, o país tornou-se agora uma terra de emigração. De acordo com o Instituto de estatística espanhol, entre Janeiro e Setembro, a população foi reduzida na ordem das 138.000 pessoas. Quase três vezes os valores de 2011, inquieta-se o jornal nacional El Pais.
Há cada vez mais gregos a estabelecerem-se na Suécia
A história repete-se na Grécia, na Irlanda ou em Portugal. Gente sem emprego que por isso está revoltada ou jovens licenciados ambiciosos a tentarem a sua sorte noutro lugar. Muito frequentemente na Austrália para os gregos, onde há uma grande diáspora. Ou na Suécia, um dos poucos países europeus saudáveis económica e financeiramente: em 2011, os pedidos de residência neste país por parte dos gregos dobraram em comparação com o ano de 2010, informou a Agência Bloomberg, observando que a tendência continua a verificar-se em 2012.
Na Irlanda, apesar da lenta melhoria da situação económica, 8.000 desempregados candidataram-se ainda em Outubro, para vagas no Canadá, Austrália, Nova Zelândia ou mesmo na Ásia, aquando do fórum “Trabalho estrangeiro” (trabalho no estrangeiro) que teve lugar em Dublin, levando o Irish Times, a referir-se a uma “geração de emigração”.
Finalmente, em Lisboa, as partidas foram retomadas e os portugueses muitas vezes optam pelas suas ex-colónias, Brasil, Angola, Moçambique ou por países em situação melhor do que a deles, a norte da zona euro.
| Le Monde
Penúria de trabalho na Alemanha
Essas migrações que espantosamente estão a “traduzir o desespero das pessoas”, sublinha Xavier Timbeau do Observatório Francês de Conjuntura Económica (OFCE), não têm apenas desvantagens. A curto prazo, estas partidas permitem limitar as despesas públicas – subsídios, etc., dos países em crise e atenuar os efeitos nocivos do desemprego, observa Michael Saunders, economista do Citigroup numa sua Nota informativa datada de 9 de Outubro.
com tendência para a febre aumentar