RETRATOS, IMAGENS, SÍNTESE DOS EFEITOS DA CRISE DA ZONA EURO SOBRE CADA PAÍS

Selecção, tradução e introdução por Júlio Marques Mota

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Introdução ao texto de   François Asselineau sobre Chipre

O presente texto  levanta um  problema  no que se refere ao tratamento aparentemente equivalente que é dado a Marine Le Pen e a Jean-Luc Mélenchon. Exigiria talvez um  outro texto sobre este detalhe  e tanto mais quanto me identifico muito com Jean-Luc Mélenchon. Francois Asselineau é um homem contra o quadro institucional do euro e, portanto,  é fortemente crítico quanto a tudo que pode retardar o seu desaparecimento. Lamentavelmente os factos parecem dar-lhe completamente razão. E na sua opinião as opiniões como as de Mélenchon, à esquerda, servem apenas para  reforçar a posição dos criminosos que em Bruxelas comandam a destruição da Europa, uma vez que admitem que nesta Europa e dentro deste sistema é possível criar uma Europa democrática e livre. Talvez, desse ponto de vista, mas apenas desse ponto de vista. Asselineau tenha razão. Pessoalmente e durante muito tempo defendi posições semelhantes às de Mélenchon mas face ao desastre a que temos estado a assistir, creio hoje que não há outra saída que não seja a saída do euro e, portanto, acabo eu próprio por me distanciar de Mélenchon e de me aproximar de François Asselineau.

E é tudo.

Júlio Marques Mota

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O assalto geral sobre as contas bancárias em Chipre: um precedente que poderá ser aplicado noutros países da zona euro – I

François Asselineau

Um texto enviado por Philippe Murer, Membro du bureau du Forum Démocratique e
Président de l’association Manifeste pour un Débat sur le libre échange

chipreasselineau - I

Publicado a 17 Março de 2013

Há 4 meses atrás, a 15 de Novembro de 2012, tinha avisado os meus leitores sobre a preocupante situação financeira de Chipre. Pessoalmente tínhamos mesmo chamado a esta situação um “novo cadáver no armário” e sublinhei que se tratava de  “uma formidável quadratura do círculo para os líderes da UE”.

chipreasselineau - II

Pois bem, acabamos de saber, no dia 16 de Março de 2013, de manhã, que os dirigentes da União Europeia, em colaboração com os dirigentes cipriotas e o FMI, acabaram de achar a sua solução. E que solução!

Na verdade, quanto à ajuda, os doadores (União Europeia, Banco Central Europeu e FMI) chegaram realmente a acordo sobre um plano de resgate de € 10 mil milhões, cuja componente essencial é um verdadeiro assalto sobre as contas bancárias detidas pelos particulares em Chipre.

Um assalto sem precedentes sobre as contas bancárias de particulares

O assalto, qualificado como ‘tributação’ ou como ‘imposto excepcional’ na linguagem demagógica dos ditadores que estão a dominar todo o continente europeu, será  realizado directamente pelos bancos cipriotas sobre cada conta bancária individual. Na verdade, trata-se mais ou menos de assaltar a quase totalidade dos cipriotas adultos e também cada estrangeiro com uma conta bancária na ilha.

O programa dos assaltos é o seguinte:

1 °) para qualquer montante inferior a €100 000, a ‘imposição’ será de 6,7%.

Para citar alguns exemplos concretos :

• um cipriota tendo 7000 € de economias numa conta à vista ou numa conta de poupança, vai ser assaltado (“vão-lhe retirar” de acordo com a linguagem europeísta dos vigaristas ) a quantia de €469.

• um titular de um plano de poupança que tenha aforrado cerca de 40 000 euros para comprar um apartamento ver-se-á ser assaltado em € 2.680.

• mesmo a um estudante ou a um desempregado sem um tostão, não tendo mais do que  500 euros na sua conta, serão cobrados 33,50 € $ a cada um deles.

2 °) para qualquer valor superior a US $100.000, a referida ‘tributação’ será de 9,9%.

Para citar alguns exemplos concretos:

• um casal titular de um plano de poupança habitação tendo posto de lado 185 000 euros para comprar uma casa vai ser assaltado em 15 115 €. [(100 000 x 6,7% = 6 700) + (85 000 x 9,9% = 8 415) = 15 115 €]

• um indivíduo rico, dispondo de 2 000 000 euros sobre contas remuneradas, será  sujeito a uma extorsão  de €194 800 [(100 000 x 6,7% = 6 700) + (1 900 000 x 9,9% = 100 188) = 194 800 €]

Este último exemplo leva a pensar que os oligarcas euro-atlantistas se oferecem a si-mesmos o prazer do gourmet perverso e cínico: o de colocar Vladimir Poutine numa situação embaraçosa. Porque, desde que este ‘imposto’  visa todos os titulares de contas bancárias em Chipre, esta decisão abrange também os russos, ricos oligarcas ou um pouco menos ricos, mas ricos, que abriram uma conta nesta ilha próxima do mundo eslavo, geográfica e culturalmente (pela sua fidelidade ao cristianismo ortodoxo). E também todos aqueles que as abriram no banco BCR, propriedade da Federação da Rússia e dirigido por pessoas perto do Kremlin.

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Entre os grandes depositantes em bancos cipriotas figuram os russos de grandes fortunas, atraídos pelas promessas de rentabilidades elevadas oferecidas pelo banco comercial russo Russian Commercial Bank (Chipre). Aqui está um dos seus cartazes de publicidade ao longo de uma estrada perto do porto cipriota de Limassol.

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Conforme mostra bem esta imagem de cartaz, o banco russo oferece aos seus clientes uma taxa garantida de rentabilidade de 4,25% nos seus depósitos, desde que deposite um mínimo de 50 000 euros em conta. O saque organizado pela UE, o BCE e o FMI  significa uma punção de 3 350 euros sobre cada  depósito de €50 000…

O banco comercial russo é um banco subsidiário do grupo público russo VTB detido em 75,5% pela Federação da Rússia. Os líderes da oligarquia euro-atlantista teriam assim um secreto prazer, cínico e perverso, ao estarem a imaginar a cara dos dirigentes russos, face a este roubo organizado para pretensamente quererem “ salvar o euro”.

(continua)

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