DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS EM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA por Luísa Lobão Moniz

olhem para  mim

Notícias sobre violência doméstica vêm todos os dias nos órgãos de informação: este mata aquele que mata aquela que mata os filhos e depois se suicida, por causa da crise? por ciúmes, por heranças, por dinheiro?  Porque está alcoolizado ou drogado, ou porque a sua estrutura mental não consegue lidar com a frustração, com a realidade que ele rejeita?

A sociedade em que vivemos assiste pacificamente a estas notícias que descrevem actos de violência inaceitáveis do homem contra as mulheres, crianças e idosos. Parece que é natural que assim seja. E porque parece naturall?

A violência doméstica é um problema universal, que nos tem acompanhado ao longo dos tempos, principalmente desde de que a família se tornou menos da esfera pública e mais da esfera privada. A violência doméstica é transversal a todas as classes sociais e atinge preferencialmente a mulher, os filhos e os idosos.

Não é fácil falar em violência doméstica uma vez que este comportamento não corresponde a um comportamento isolado.

Não existe uma só forma de violência doméstica, mas várias violências doméstica.

A violência doméstica envolve várias pessoas, filhos, avós e todos quantos co-habitam na mesma casa assim como os amigos que visitam essa família. Por isso, prefiro falar em violências no seio da família.

Desde meados da década de 70, que acções organizadas pelo movimento feminista americano foram exigindo que os direitos das mulheres fossem reconhecidos como direitos humanos.

Segundo alguns estudos, a violência no seio da família pode ser tipificada em violência física, psicológica, verbal.

A violência física pode perpectuar-se mediante ameaças de “ser pior” se a vítima se queixar às autoridades ou aos parentes.

A vítima, geralmente, tem pouca auto-estima e sente-se dependente por razões económicas e emocionais.

O agressor geralmente acusa a vítima de ser responsável pela agressão, esta acaba por se sentir culpada pela situação e fica com um grande sentimento de culpa e de vergonha.

Mas a vítima também se sente enganada e traída, já que o agressor promete, depois da agressão, que nunca mais irá repetir este tipo de comportamento, mas depois a situação repete-se…e repete-se e, por vezes, a vítima vai parar ao hospital ou à morgue.

A violência psicológica, é tão ou mais prejudicial do que a física. A vítima é caracterizada por ser rejeitada, discriminada, humilhada, desrespeitada e punida.

.Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes para toda a vida.

A violência verbal, normalmente está associada à violência psicológica, mas esta manifesta-se sempre em presença de outros para humilhar a vítima e de alguma forma justificar a violência perante os amigos.

Como poderá a criança acreditar no que a mãe lhe diz sobre o perigo de falar com estranhos, de aceitar coisas ou boleias, se convive com a violência, com demasiada frequência, com pessoas conhecidas. Ter medo dos estranhos porquê?

A criança cresce e faz os seus juízos de valor a partir do que vai vivendo, por isso não é de estranhar que a criança tenha comportamentos violentos também fora de casa, não é de estranhar que estas violências se perpectuem de geração em geração.

Como fazer para parar esta corrente de violências no sei da família?

bia sábado

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