UMA CARTA DO PORTO – Por José Fernando Magalhães (105)

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A CASA DA QUINTA DOS MITRA

Casa Senhorial da Quinta de Vila Meã (do Mitra) e Capela (vê-se ao fundo, destelhada)
Casa Senhorial da Quinta de Vila Meã (do Mitra) e Capela (vê-se ao fundo, destelhada)

 

Parte do interior da Casa Senhorial
Parte do interior da Casa Senhorial

Em Campanhã, havia várias quintas.
De cariz eminentemente agrícola, Campanhã é bordejada pelo rio Douro, e, pelo seu vale passam ainda os (outrora) lindíssimos rios Tinto e Torto. Não é de estranhar, por isso, que a Freguesia tivesse um fascínio único para captar a atenção das famílias nobres e dos proprietários abastados, para que aqui tivessem as suas casas de campo e as suas quintas.
A partir do século XVIII, e até ao princípio do século XX, algumas dessas quintas assumiram papel importante, como demonstração de esplendor e de opulência entrando, após essa altura, em decadência e, por fim, atiradas para o abandono.
A maior parte das que existiram, desapareceram. Umas porque se fundiram com outras e as restantes, a maior parte delas, porque a voragem do progresso, a incúria e o desrespeito pelo património natural e pelo edificado grassaram na cidade durante muitos anos. Os interesses económicos, na sua maior parte especulativos, destruíram a ruralidade existente em Campanhã.
Nos dias de hoje, um esforço patrocinado pela Câmara Municipal e pela Junta de Freguesia, tem dado os seus frutos, identificando e promovendo a salvaguarda de alguns valores, preservando algumas manchas verdes e recuperando edifícios de antigas quintas.
São exemplos já bem conseguidos, a quinta do Freixo, a quinta de Villar D’Allen, a quinta das Areias, a quinta da Bonjóia e a quinta da Lameira e o espaço consagrado ao Parque Oriental da Cidade, entre outras.
De fora ficou, até agora, a quinta de Vila Meã.
A quinta de Vila Meã está situada próximo da Rotunda de Campanhã (acesso para a Via de Cintura Interna do Porto – VCI).

Espaços que outrora pertenceram à Quinta do Mitra
Espaços que outrora pertenceram à Quinta do Mitra

Esta quinta, sita no lugar de Vila Meã, remonta aos finais do século XV, e pertencia a uma família Vieira. Mudou de nome por matrimónio, passando a pertencer aos Cunha Araújo, até meados dos século XIX, tendo sido comprada pelo Comendador Lima, cujos descendentes a venderam na década de 1920 à família Mitra.
Por causa do nome da última família que foi dona da quinta, também é conhecida por Quinta dos (do / da) Mitra. Também a rotunda de Campanhã é localmente conhecida como a rotunda do mesmo nome.
Entretanto, da quinta original já pouco havia. Uma parte substancial, que se estendia até à ponte de Contumil fora ocupada pela linha de caminho-de-ferro, e outras mutilações tinham já acontecido ao longo dos tempos (a quinta e terrenos anexos, chegavam, sensivelmente, até à actual Praça das Flores).

Hoje em dia, já quase nada há. Restam os escombros da Casa Nobre e da Capela que era dedicada a Nossa Senhora dos Anjos. Da quinta outrora existente, nada! Os acessos à Ponte do Freixo, retiraram-lhe o que faltava, depois da Câmara Municipal do Porto, ter mandado construir nos anos 1980, em parte do terreno que ainda havia, um bairro de casas pré-fabricadas.

O Presidente da Junta de Freguesia de CXampanhã, Ernesto Santos, em amena confraternização com os trabalhadores no final da primeira fase dos trabalhos de recuperação da casa
O Presidente da Junta de Freguesia de CXampanhã, Ernesto Santos, em amena confraternização com os trabalhadores no final da primeira fase dos trabalhos de recuperação da casa

Tem, a Junta de Freguesia de Campanhã, através do seu Presidente, Sr. Ernesto Santos, tentado desde há alguns anos, promover a recuperação da Casa e da Capela. Este ano, fruto de um enorme esforço e trabalho da equipa da Junta de Freguesia, as obras começaram, timidamente, tendo sido já recuperado parte do telhado (vê-se o telhado novo na primeira fotografia deste artigo). Espera-se, durante este Outono, a continuação do trabalho já efectuado.

 

Alguns dos trabalhadores que se empenharam no começo da recuperação da casa da quinta
Alguns dos trabalhadores que se empenharam no começo da recuperação da casa da quinta

 

É muito importante que seja recuperada a casa, a Capela, o terreno “intramuros”  e os acessos à propriedade. Este espaço está escondido, e a sua envolvência, sem movimento pedonal e/ou automobilístico reconhecidos, propicia actos e hábitos pouco saudáveis.

 

 

COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO DA MORTE DE RAMALHO ORTIGÃO

A União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, na continuação das comemorações, fará no dia 18 de Outubro, Domingo, às 11h. da manhã. com o apoio do “O Progresso da Foz, grupo cultural”, a reposição da placa, que outrora existiu no Molhe de Carreiros no penedo denominado “A Flor Granítica”, oferecida pelos alunos do Colégio Brotero, por ocasião do centenário do nascimento do escritor, em 24 de Novembro de 1936.

Na mesma altura, 18 de Outubro, pelo meio-dia, as mesmas entidades farão descerrar uma nova placa junto à praia do Ourigo / Caneiro, esta da autoria do escultor Hélder de Carvalho, como comemoração do centenário da morte de Ramalho Ortigão, um dos grandes escritores da nossa cidade, frequentador assíduo e admirador da Foz do Douro.

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