A propósito de uma exposição enviada ao Primeiro-ministro, ao Ministro da saúde, ao Hospital Pediátrico de Coimbra, e de um texto de reflexão sobre o 25 de Abril de outrora e o 25 de Abril de agora, uma precisão adicional aqui vos deixo. Por Júlio Marques Mota

25-de-abril-sempre 2018

A propósito de uma exposição enviada ao Primeiro-ministro, ao Ministro da saúde, ao Hospital Pediátrico de Coimbra, e de um texto de reflexão sobre o 25 de Abril de outrora e o 25 de Abril de agora, uma precisão adicional aqui vos deixo

Por Júlio Marques Mota JULIO_MOTA

Ainda sobre as filas de espera no Hospital Pediátrico de Coimbra, que são na ordem dos seis meses e, sobre isto, estamos a falar de crianças, recebo a seguinte resposta que a seguir reproduzo.

resposta 2 do SNS texto precisao adicional

O Serviço Nacional de Saúde respondeu-me através de um robot, ainda que com a assinatura de uma mulher, Carla Cristina Filipe Carvalho, o Hospital Pediátrico responde-me através do gabinete do Cidadão nos termos acima reproduzidos.

Para já, estes termos valem o que cada um entender que valem, mas tratando-se de uma exposição feita às autoridades portuguesas a quem o tema está diretamente ligado, continuo a ter de acreditar, até prova em contrário e se a houver, que irá ser detetado o problema das longas filas de espera e que este será, depois, rapidamente resolvido. A bem dos nossos filhos e netos que, afinal, são o futuro do País.

Tanto mais tenho de acreditar que assim é, uma vez que eu saiba muitos médicos ter-se-ão disponibilizado para fazer horas extras, necessariamente remuneradas é claro, para acabar com esse flagelo das filas de espera para as nossas crianças. Isto prova mais uma vez que muitos problemas destes, como é este o caso, podem no plano de curto prazo ser facilmente resolvidos, mesmo que de forma transitória, dada a qualidade, a grande disponibilidade e empenho dos nossos profissionais de saúde, a quem também a situação incomoda e não é pouco. Assim estejam as respetivas administrações hospitalares disponíveis para tal, sendo certo que para isso, e desculpem-me mais uma vez a expressão, não podemos ser todos Centeno como afirmou Sua Excelência o senhor Ministro da Saúde, antes pelo contrário, como afirmei no texto sobre o 25 de Abril de outrora e o 25 de Abril de agora:

“Tudo isto exige que não sejamos todos Centeno, antes pelo contrário, exige-se que todos nós sejamos contra Centeno, exige que se tenha como meta a alcançar o aprofundamento da Democracia em vez da austeridade, e as duas metas são entre si contraditórias. Há pois que escolher, senão é a fúria da realidade que escolherá por nós e aí será, então, tarde de mais para a Democracia, para as esperanças renovadas de Abril que a geringonça voltou a alimentar.“

Mas o problema, de solução aparentemente rápida no curto prazo, mesmo que transitória apenas, não está resolvido e isto para mim só pode significar uma coisa: a cegueira pela redução dos valores do défice, custe o que custar, custe a quem custar. E é pena que seja isto o que tem sido feito.

Neste contexto, a minha neta, que não tem outra cobertura de saúde que não seja o Serviço Nacional de Saúde e que como meio de assegurar uma infância condigna pouco mais tem que o dinheiro da reforma dos avós do lado materno, irá por mim ser encaminhada para ser tratada numa clínica privada, a Sanfil em Coimbra. Aqui, no plano lógico, a despesa que aí será feita é, por definição, uma receita pelo lado do prestador de serviço, a receita da clínica, e como rendimento será tributada, aumentando assim as receitas do Estado. No plano lógico, ou seja, não importando os valores absolutos de tudo isto mas apenas os princípios, tudo isto é também simplesmente lamentável, uma vez que ao não cumprir com as suas devidas obrigações o Estado ainda recebe impostos por não as ter cumprido! Isto é a lógica da austeridade cega quando transposta para o nível nacional, global, isto foi a lógica de Passos Coelho ao serviço da Troika, isto é também a lógica de Centeno ao serviço de desígnios que desconheço e que o futuro nos dirá quais são. Por isso, a minha afirmação de que atualmente devemos todos ser contra Centeno.

Veremos pois se a partir de agora se começa a resolver este problema, primeiramente de forma transitória mas em que ao mesmo tempo se devem criar os mecanismos de resolução estrutural a médio e longo prazo dos problemas subjacentes a estas longas filas de espera, para que estes problemas desapareçam depois, definitivamente, do nosso horizonte temporal. 

Coimbra 27 de Abril de 2018

1 Comment

  1. Se ainda houvesse o Engº Cunha Leal, então, Centeno, tal como Salazar, seria chamado ” a maravilha fatal do tempo”. CLV

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