MIL E QUINHENTOS AMIGOS… – por Magalhães dos Santos

 

Os meus dezoito anos já lá vão há breves sessenta anos.

Nesse ano ganhei – na mesma “gloriosa” tardada! – os campeonatos regionais de lançamento de peso e de… salto em altura.

Vinte anos depois ainda fui campeão regional (de II categoria…) do distrito de Aveiro (INATEL) de lançamento de peso.  O salto em altura… tinha ficado para trás…

Estes dois parágrafos são pura gabarolice? Céu seja cão, a maior das cavalgaduras se tal passou ou passa pela cabeça. Não perdoo a quem pense isso de mim!

Quero apenas chamar a atenção para que há coisas possíveis aos vinte anos e de que já não somos capazes umas décadas depois.

E, embora isso seja mais patente no que respeita a capacidades físicas, reconheço – e por mim, deprimidamente o digo – que as capacidades intelectuais também não são as mesmas quarenta, cinquenta, sessenta anos depois.

As possibilidades de aprendizagem, de adaptação a novas técnicas… já não são as mesmas. Se os músculos do corpo já não respondem do mesmo modo, os neurónios ou respondem mais lentamente ou… nem respondem ou dão informações erradas, que pra nada prestam.

Atualmente é muito difícil – é uma opinião muito minha, mas partilhável… – “ser gente” sem saber lidar com computadores.

A cachopada mais facilmente aprende a lidar com um computador – e a escrever com o teclado – do que a escrever à mão!

Eu comecei – e com relutância inicial, embirrava um bocado com aquela “modernice” – por volta dos sessenta anos.

E ainda hoje, se dominar 10% das possibilidades fantásticas que a INFORMÁTICA, já é bom e compensador! Com a própria INTERNET, que longe me ficam quantos horizontes com que ela nos acena!

Mais recentemente, meteram-me ou meti-me no FACEBOOK… A minha falta de interesse, de curiosidade, de apetência deve ter origem na minha idade mental, no enferrujamento dos neurónios. Convivo pouco com os “correspondentes”, recuso-me a expor-me, não entro em confidências.

E – para dizer o que vou dizer é que iniciei este texto – recuso-me a dizer que tenho ou arranjei lá dez, cinquenta, cem, mil!!! Amigos.

Amigo… não digo que seja palavra sagrada. Tenho aversão a sacralizar seja o que for. Mas é palavra muito respeitável, não pode, não deve ser… Perdoem-me a violência do palavrão: abandalhada, vulgarizada, rebaixada.

Não sei a frase exata, mas li que para se considerar alguém Amigo (com respeitosa e ºldskfnvçkdfnb maiúscula…) é preciso comer com ele uma rasa de sal.

(Rasa: medida antiga de secos, que correspondia aproximadamente ao alqueire; Alqueire: antiga medida de capacidade usada sobretudo para cereais, mas de volume variável (na região de Lisboa equivalia a 13,8 litros).

Também há quem diga que quem diz que tem cem amigos não tem nenhum…

Que recheio sentimental se dá a essa palavra tão doce? Se a alguém de que só conhecemos fotografias, factos que nos são dados a conhecer pelos interessados, damos o nome AMIGO… que nome daremos ao “antigo” AMIGO?

Inventem uma nova palavra, uma outra designação para se referirem a esses novos conhecimentos! Mas não pervertam a doce palavra AMIGO!

Reservem-na para quem, ao longo de anos, o mereça!
E, acima de tudo, façam diariamente – qual o quê! A cada hora, a cada minuto, a cada curto instante! – por merecer que alguém nos considere justamente seu AMIGO.

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