UMA CARTA DO PORTO – Por José Fernando Magalhães (56)

CARTA DO PORTO

SERÁ QUE ATÉ OS PIROPOS NOS QUEREM TIRAR?

OS PIROPOS NÃO, SENHORES, OS PIROPOS NÃO!

Na minha cidade, que, como todos sabemos, têm, os seus habitantes, uma peculiar forma de falar, por vezes até um pouco “solta”, o piropo é uma tradição.

De uma forma geral, o piropo não é ofensivo, como o não é o linguajar próprio das nossas gentes.

Nos últimos tempos, o piropo foi caindo em desuso. Seja pela crise económica que fez com que os mestres do piropo deixassem de trabalhar nas obras, seja pelos “tapa obras” que agora se usam, que impedem que os trolhas visualizem as pessoas objecto dos seus ditos, seja ainda pela democratização dos costumes, o que é certo é que já há algum tempo que esses ditos, por vezes brejeiros, quase deixaram de se ouvir.

E é agora, com essa grave crise que nos assola, que nos querem fazer aplicar sanções a quem os disser, que podem chegar a penas de prisão de até três anos.

Vem isto, a propósito de um Projecto de Lei que por estes dias está em discussão na Assembleia da República, que visa punir o assédio sexual, entre outras questões, criminalizando-as, e que vai a votos amanhã, Sexta-feira. Apesar de este item estar já considerado no Código Laboral, não percebo como pode haver quem não concorde com tal criminalização, mesmo que, desde o momento da existência da Lei até à sua aplicação, exista um mar de dificuldades e outro de impossibilidades.

Há quem considere o piropo, uma forma de perseguição e de assédio, e portanto, passível de ser punido do mesmo modo.

Não concordo!

O piropo não, senhores, o piropo não!

Sendo o piropo, na maior parte das vezes, por parte de quem o profere, uma simples declaração de interesses, ninguém poderá, alguma vez, ser criminalizado por proferir um, já que não é permitido ser-se castigado por delito de opinião.

Imagem tirada da Internet
Imagem tirada da Internet

Defendo o regresso do cimbalino (já o fiz numa outra crónica, a número 19), como defendo o regresso do príncipe e o da girafa (copos em que se servia a cerveja), como defendo também o do uso de termos que sempre foram nossos e que, com a proliferação de novelas nas televisões, e da vergonha de uns tantos nas nossas tradições na nossa pronúncia e na nossa cultura, deixamos de usar.

Assim, como não poderei, eu, defender a continuação e, quiçá, o desenvolvimento, do uso do piropo na nossa terra?

Como não defender a beleza de um “És um helicóptero – gira e boa!”, ou de um “Abençoada mãe que tal filha gerou!”, ou um “Tantas curvas, e eu sem travões”, ou “Ainda dizem que as flores não andam”, ou “És um bilhete de primeira classe para o pecado”, ou esta “Queria ser um patinho de borracha para passar o dia na tua banheira”, ou ainda de um “A tua mãe deve ser uma ostra, para nos dar uma pérola como tu!”, de modo a que tais ditos, não sejam, nunca, considerados como crime?

(O tratamento por tu, muito em voga nos últimos anos, faz parte da democratização das ideias e dos costumes!)

Estou em crer que os defensores de tal ideia, se realmente a defendem (a de criminalizar o piropo), se calhar só o fazem por uma razão. Por via de não serem giros nem boas, nunca receberam piropos ou outros agrados, e assim, por esta razão e desta forma, evitam sentirem-se excluídos e mal queridas.

Imagem Internet 5dias.net "HUMOR"
Imagem Internet
5dias.net
“HUMOR”

O nosso mundo, o Português, está tolo, mesmo que não o vejamos ao pormenor, e se não soubermos rir-nos de nós mesmos, outros o farão por nós, de uma forma ainda mais negativa!

 

JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO

As Jornadas Europeias do Património são uma iniciativa anual do Conselho da Europa e da União Europeia, envolvendo cerca de 50 países, tendo como objectivo a sensibilização dos cidadãos para a importância da protecção do Património.
A nível nacional é organizado pela Direcção Geral do Património Cultural.

Realiza-se, na cidade do Porto, entre 26 e 30 deste mês de Setembro, e todas as freguesias da cidade terão intervenções programadas.

O programa, pode ser visualizado aqui, com a data de 23/9.

Um dos locais onde mais se vão fazer sentir as Jornadas, é o Edifício Transparente.

Com o apoio de “O Progresso da Foz – Associação Cultural”, este vosso escriba vai estar presente, de 27 a 30, com uma sessão multimédia. Serão mostradas em “slideshow” dois “Percursos com Sentido”:

 Aldoar – da Igreja Nova à Velha

e

Nevogilde – de Passos a Carreiros

Os textos apresentados, que acompanham e complementam as minhas fotografias, são da autoria do Dr Joaquim Pinto da Silva, que por sua vez, fará, no sábado, pelas 18h30, uma palestra/conferência subordinada ao tema “Nevogilde, do Castro a Passos, do Molhe a Xangai – uma vista de olhos”.

A não perder!

Programa da União de Freguesias de Aldoar, Foz e Nevogilde. Edifício Transparente
Programa da União de Freguesias de Aldoar, Foz e Nevogilde.
Edifício Transparente

 

O Porto vai ter uma nova imagem. E é azul!

 

PORTO
PORTO

 

A nova cor, que substitui o verde com que ultimamente temos vivido, está intimamente relacionada com os típicos azulejos azuis e brancos que cobrem tantas igrejas da cidade. As placas toponímicas, ficam para já, com a cor antiga.

A Câmara do Porto apresenta na próxima segunda-feira, dia 29 de Setembro, a nova imagem da cidade.

Está lá tudo, embora possa não parecer à primeira vista.

Couberam, na imagem, o S. João, os Paços do Concelho, a francesinha, a Casa da Música, a Sé, Serralves, a sardinha, o eléctrico, as pipas do vinho do Porto e as pontes.

Lamentavelmente, e pelo que me apercebi,  o dragão da cidade (de que falei já na minha crónica número 33), que nos foi roubado do brasão de armas nos anos quarenta do século passado (25 de Abril de 1940) , não constará desta nova imagem de marca da nossa cidade.

Vai ser uma nova era, com a nova marca “Porto”.

Estaremos muito atentos!

 

 

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