SOBRE A BOMBA DE NEUTRÕES FABRICADA EM BRUXELAS E ALGURES, E JÁ PRONTA PARA DISPARAR SOBRE TODA A ZONA EURO – XIII

Por Júlio Marques Mota

(CONCLUSÃO)

Na mesma linha diz-nos Jean Quatremer: “Deixemo-nos de ilusões: se o euro desaparecer, a União Europeia (a maior economia do mundo) desapareceria também, provocando uma crise económica global de magnitude sem precedentes para a maioria das pessoas que vivem hoje. A Europa está à beira do precipício e não deixará de nele cair a menos que a Alemanha – e a França – mudem de direcção. As recentes eleições na França e na Grécia, as eleições municipais na Itália e a continuação das manifestações na Espanha e na Irlanda mostram que a opinião pública já não acredita mais nas rigorosas medidas de austeridade exigidas pela Alemanha. O remédio “matar para curar” de Merkel é hoje confrontado com a realidade – e com a democracia também.

A Alemanha destruiu-se ela própria – e o equilíbrio europeu igualmente – por duas vezes no século XX, mas, em seguida, conseguiu convencer o Ocidente que ele tinha aprendido as lições de seus erros passados. É somente desta forma – reflectida da forma mais viva pela sua adesão ao projecto europeu – que a Alemanha conseguiu o consentimento para a sua reunificação. Seria trágico e irónico que uma Alemanha unificada provoque a ruína, por meios pacíficos e com as melhores intenções do mundo, da ordem europeia pela terceira vez. “

Em jeito de conclusão, sublinhemos que é urgente encontrar uma via de saída e é suposto estarmos ainda a tempo de evitar a hecatombe global. Pela análise aqui feita é evidente que a Alemanha será portanto também ela uma vítimas das políticas de austeridade que aos outros se têm vindo a impor sê-lo-á em conjunto com todos os povos europeus que em termos políticos estão barbaramente a serem assassinados pelas costas, em nome de uma “ética” de salvação do sistema,  a da poupança forçada,  a dos salários de miséria,  a dos direitos sacrificados ao sabor do grande capital e  em nome e em salvaguarda  da camada de maiores rendimentos, talvez os agentes económicos pertencentes ao decil dos 10 por cento mais bem remunerados.  Como exemplo bem banal a Troika que tenha a coragem de publicitar as remunerações  com cada um dos seus funcionários, com cada uma das suas sessões  de supervisão,   e de os  confrontar  com as  que as remunerações que aos outros impõem. É simples, para assim sabermos do que é que falamos.

Em jeito de conclusão retomo o que se disse na peça sobre a Europa a que demos o título Texto para uma bênção a esta Europa já às portas da morte:

“A saída da crise na zona euro só pode viabilizada a partir do plano político, no eliminar da actividade dos guardas da noite deste Hotel, seja Califórnia  ou  Europa, desta nossa casa, a  Europa, deste local de luxo e de pesadelo também, no refazer do programa de quem lá está a viver e criar condições para que ninguém daqui queira sair. As chaves do inferno ou alternativamente  as da harmonia na Terra? A morte da Europa ou uma Europa mais forte, não subjugada ao modelo neoliberal puro e duro? Com posições como as que se têm vindo a mostrar, claramente não estamos, enquanto Europa, com um pé para a cova, estamos já a cair dentro na cova.

Mas sempre ouvi dizer que mesmo com um pé para a cova ainda temos a outra perna para desse enterro fugir. Façamo-lo então. A  decisão é política, é nas urnas, é varrer e condenar politicamente pelas urnas todos os responsáveis pela crise, da mesma forma que a sociedade condena todos os defensores do negacionismo do holocausto, é considerar o crime de hoje tão hediondo politicamente como o foi o que as políticas de austeridade tornaram e criaram  como possível nos anos 30. A decisão é nossa, o trabalho político está à nossa frente, é fazê-lo, a escolha está ao nosso alcance. E hoje claramente a “escolha” é imperativamente só uma. Escolhamos, portanto.

Bibliografia:

Domenico Mário Nuti, A comédia entre Monti e Merkel, a publicar em A viagem dos Argonautas.

Business Insider, Joe Weisenthal, vários gráficos

Bloomberg, gráficos, artigos diversos.

Comissão Europeia, Comunicado da Cimeira.

Edward Harrison, I hold this truth to be self-evident, that a debt crisis cannot be resolved with more debt,  em Sudden Debt.

Satyajit Das, diversos artigos disponíveis em http://www.nakedcapitalism.com/..

Sober look diversos gráficos disponíveis em soberlook.com/

Yiagos Alexopoulos, Credit Suisse, Economics Research, European Economics, Missing the TARGET, 16 December 2011

Yiagos Alexopoulos, Credit Suisse, Economics Research, European Economics, Capexit, 11 de Julho de 2011.

Yiagos Alexopoulos, Credit Suisse, Economics Research, European Economics   TARGET2: I’m a euro, get me out of here! 24 de Abril de 2012.

Yiagos Alexopoulos, Credit Suisse, Fixed Income Research, Market Focus, Not by Austerity Alone, 10 de Maio de 2012.

Yiagos Alexopoulos, Credit Suisse, Economics Research, European Economics,   A bailout for Spain and its banks?, 1 de Junho de 2012.

Yiagos Alexopoulos, Credit Suisse, Economics Research, European Economics,    Italian travails, 9 de Julho de 2012.

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