Revista da semana
De 05/04 a 11/04/2015
Muito, pouco, quase, ou nada de significativo aconteceu de novo no panorama nacional. A comunicação Social em geral e a Televisão em particular, continuam a dar relevo a todas as notícias de corrupção, homicídios, suicídios, massacres, roubos, acidentes, guerras, futebol, candidatos à Presidência da República etc. No caso da Televisão seguem-se telenovelas, concursos e programas com entrevistados que debitam a sua opinião, de acordo com as suas ideologias, cor política do partido a que pertencem ou com que simpatizam.
Entre as notícias difundidas fiz a recolha das que considero terem algum interesse para divulgação e eventual reflexão.
A semana começou, no caso de Lisboa, com a notícia sobre a herança deixada por António Costa ao novo Presidente da Câmara, Fernando Medina, artigo da autoria de Miguel Santos onde se lê que António Costa conseguiu, entre outras coisas, diminuir a dívida herdada de 965,65 para 439,04 milhões de euros, embora o “como” esteja longe de ser consensual
A Câmara lisboeta diminuiu a dívida e a despesa e conseguiu aumentar a receita total, embora sobretudo graças à alienação de património (LUSA)
Por falar em herança, Fernando Medina terá a difícil missão de gerir o “dossier Bragaparques”. Em janeiro de 2014, a Câmara de Lisboa chegou a acordo com a empresa de construção para a aquisição dos terrenos da antiga Feira Popular e do Parque Mayer por 101,67 milhões de euros, desde que ambas as partes desistissem das ações judiciais. No entanto, a Bragaparques fez entrar a 30 de outubro, num tribunal arbitral, uma petição em que exige à ao município lisboeta uma indemnização de cerca de €350 milhões pela não-concretização do negócio.
Ler mais em:
http://observador.pt/2015/04/06/a-heranca-que-costa-deixa-a-fernando-medina-em-lisboa/
Sobre o tema da alienação do Património nacional não posso deixar de publicar o vídeo da autoria de Zita Paiva com o título:
Incrível! Grande máfia dos governos rouba património nacional e o país.
Recomendo que vejam e ouçam atá ao fim
Também o artigo de Paulo Barradas
Voyeurismo de Estado para 15.000 VIPs?
Do artigo que pode ler na íntegra no endereço do link, cito as partes que, na minha opinião, merecem destaque e reflexão:
O bullying fiscal actual já não é notícia para quem mostrou tamanha resiliência com a Troika e com as políticas de austeridade nos últimos 4 anos. O Governo orgulha-se dos Portugueses e da sua resiliência. E da sua elevada auto-estima.
A penhora de alimentos doados a instituições de apoio social, de bolos de pastelaria, de casas de 1ª habitação para pagamento de dívidas claramente desproporcionais relativas a Imposto Único de Circulação de automóveis abatidos, já não impressionam nem preocupam o contribuinte português.
A máquina fiscal em Portugal passou de lenta e injusta para rápida e injusta! E ganhou vida própria. Mas nada que faça vergar a bravura do contribuinte Português.
O combate à evasão fiscal foi confundido com combate ao contribuinte. O contribuinte é hoje considerado um criminoso rico, enquanto os ricos criminosos continuam a monte. O fisco deveria ser forte com os fortes e fraco com os fracos. Mas não é.
Roubar uma carteira não é o mesmo que roubar um banco perante a lei. Também não o deveria ser perante o Fisco. Quem deve 100 Euros não pode ser tratado como quem deve 1 milhão de Euros.
Ler mais:
http://expresso.sapo.pt/conomia-a-3=s25737#ixzz3X0mESFbW
AINDA O BPN
Segundo a Agência Lusa o Ministério Público pediu a condenação de todos os envolvidos no processo da venda das 85 obras de Miró do ex-BPN e a impugnação do arquivamento da classificação da coleção.
Dois leilões dos quadros de Miró foram cancelados (José Goulão/LUSA)
O Ministério Público (MP) pediu a condenação de todos os envolvidos no processo da venda das 85 obras de Miró do ex-Banco Português de Negócios (ex-BPN) e a impugnação do arquivamento da classificação da coleção, segundo as ações interpostas. O Ministério das Finanças, o secretário de Estado da Cultura, o diretor-geral do Património Cultural, as sociedades Parvalorem e Parup’s assim como a leiloeira Christie’s são visadas numa das ações; a segunda ação pede a impugnação do arquivamento da classificação das obras.
O artigo que pode ler na íntegra no endereço:
diz que “o Impasse na venda “custa” 1,9 milhões aos contribuintes” Quem paga é sempre o “Zé Povinho”
Também sobre o “OCEANÁRIO” no Parque Expo em Lisboa, foi noticiada (Ana Suspiro/Observador):
Parque Expo “vende” Oceanário ao Estado por 54,2 milhões
Pedro A. Pina / Oceanário de Lisboa
A operação tem como objetivo regularizar parte de uma dívida da empresa ao Estado. A Parque Expo está em processo de liquidação.
Pode ler todo o artigo em:
http://observador.pt/2015/04/10/parque-expo-vende-oceanario-ao-estado-por-542-milhoes/
Como se pode ler na notícia o valor da venda apenas permite pagar uma parte da dívida da empresa ao Estado. Quem vai pagar a diferença? O contribuinte “Zé Povinho”
E a venda do NOVO BANCO?
Mais uma das situações que vai ser paga, por quem em nada contribuiu para a situação.
Segundo noticia ontem publicada (Dinheiro Vivo), foram apresentadas propostas não vinculativas. O Valor final oferecido pode ser revisto depois da análise preliminar e os candidatos ao Novo Banco podem subir preço na próxima fase
Da noticia que pode ler em:
http://www.dinheirovivo.pt/Mercados/Banca/interior.aspx?content_id=4504143
Em resumo:
– Dos sete candidatos, apenas cinco passaram à fase de análise preliminar – Santander, Fosun, Apollo, Anbang e, aponta-se para que o quinto seja o Cerberus. De fora ficou o BPI e outro candidato que têm até 17 de abril para contestar o facto de terem sido excluídos, junto do BNP Paribas, a instituição financeira escolhida pelo Banco de Portugal para assessorar a venda do Novo Banco.
– Embora os valores das propostas vinculativas rondem, em termos médios, os 3500 milhões de euros, estes podem ser completamente alterados.
– A intenção é assim conseguir vender o Novo Banco pelo valor mais próximo possível dos 4,9 mil milhões de euros injetados na instituição financeira liderada por Eduardo Stock da Cunha.Destes 4,9 mil milhões, mil milhões de euros resultaram das contribuições dos bancos para o Fundo de Resolução, enquanto 3,9 mil milhões de euros saíram da linha de recapitalização da troika que estava reservada para a banca.
Sobre a “AUSTERIDADE VERSUS EMPREGO” recomendo a leitura e reflexão sobre o artigo que se segue da autoria de Isabel Moreira do Expresso, com o título
Onde estão os trabalhadores?
Pode ler o artigo em:
http://expresso.sapo.pt/onde-estao-os-trabalhadores=f919345#ixzz3X0oh6AvP
Resumo no entanto o que considero essencial reter:
É ouvirmos o discurso do poder e vermos os números avassaladores do desemprego, da falsa criação de emprego, e darmos por nós a descobrir que em Portugal, no século XXI, a categoria trabalhador não existe.
Existe a categoria empresa, como notou bem Pacheco Pereira, mas paradoxalmente a componente humana, nós, quem dá sentido a um país e a si próprio com o que faz, desapareceu.
Sabemos que o que caracteriza o Portugal de Passos e Portas é a destruição de emprego e não a criação de emprego.
Sim, entre Janeiro de 2013 e Agosto de 2014 foram criados 171 mil empregos, dizem-nos.
Sim, entre Agosto de 2014 e Fevereiro de 2015 foram destruídos 58 mil, não nos dizem.
O saldo é este: desde Junho de 2011, foram destruídos 305 mil empregos.
Valeu a pena?
Passo agora às notícias internacionais de que destaco a continuada desvalorização do Euro face ao Dólar
Em noticia publicada pela Agência Lusa poe ler-se que:
A divisa norte-americana foi reforçada após a divulgação das atas da Reserva Federal, fazendo o euro recuar face ao dólar.
“A tendência no mercado de divisas é favorável ao dólar”, afirmou o perito do banco BHF-Bank Stephan Rieke citado pela EFE (FEDERICO GAMBARINI/EPA)
O euro continuou a recuar face ao dólar, com a divisa norte-americana reforçada após a divulgação das atas da Reserva Federal, que apontam para uma subida das taxas de juro ainda em 2015. Às 18h25 (hora de Lisboa) dia 9/04/2015, o euro seguia a 1,0663 dólares, quando na quarta-feira, dia 8 de abril, sensivelmente à mesma hora negociava a 1,0820 dólares. “A tendência no mercado de divisas é favorável ao dólar”, afirmou o perito do banco BHF-Bank Stephan Rieke citado pela EFE.
Alguns analistas justificaram também o recuo do euro com os dados fracos da produção industrial na Alemanha em fevereiro, que subiu apenas 0,2% em relação ao mês anterior. Desde o verão de 2014, o dólar registou uma valorização de 25% face ao euro, segundo números do Deutsche Bank.
Ler mais em:
http://observador.pt/2015/04/09/euro-recua-novo-face-ao-dolar/
De registar também o momento “histórico” do primeiro aperto de mão entre Obama e Raul Castro
Em artigo da autoria de Ana Suspiro e Rita Dinis/Observador pode ler-se: OBAMA E RAUL CASTRO
Obama e Raul Castro. O primeiro aperto de mão da nova era
Chip Somodevilla
O presidente dos Estados Unidos assegurou que os dias de interferência unilateral americana nos assuntos regionais pertencem ao passado. A garantia foi dada num fórum com líderes da sociedade civil na capital do Panamá. “Os dias em que a nossa agenda política neste hemisfério assumia que os Estados Unidos podia interferir com impunidade ficaram no passado”.
Barack Obama está no Panamá para participar na sétima cimeira das Américas na cidade do Panamá, onde o principal destaque vai para o breve aperto de mão que trocou com Raul Castro, o presidente de Cuba. O cumprimento que aconteceu na cerimónia de abertura sela o primeiro encontro entre os dois chefes de Estado depois do desanuviamento das relações entre os Estados Unidos e Cuba, anunciado em dezembro do ano passado.
Ler mais e ver vídeo em:
http://observador.pt/2015/04/11/obama-e-raul-castro-o-primeiro-aperto-de-mao-da-nova-era/
Com o Título: Ucrânia apaga passado soviético e cola Hitler a Estaline
Alexandre Martins (Publico on line) escreve:
Nova lei pune com penas de cinco a dez anos de prisão quem exibir símbolos soviéticos e nazis. Nomes de ruas e de cidades vão ser alterados.
O Presidente ucraniano homenageou as vítimas do estalinismo, no memorial perto de KievGLEB GARANICH/REUTERS
Os deputados ucranianos aprovaram uma lei destinada a proibir os símbolos da antiga União Soviética, numa mensagem clara de aproximação à União Europeia e de um afastamento ainda maior em relação à Rússia. A nova lei (que tem ainda de ser ratificada pelo Presidente) proíbe a exibição de símbolos soviéticos, como o hino e a bandeira, mas não se fica por aí: os monumentos de figuras históricas que ainda estão de pé vão ser derrubados, e até os nomes de ruas e localidades vão ser alterados – uma tarefa complicada num país com mais de 1000 cidades e aldeias com nomes que remontam ao domínio soviético.………………………………………….
As penas previstas na nova lei vão de cinco a dez anos de prisão, e visam especificamente os símbolos usados durante a II Guerra Mundial pela Alemanha nazi (1939-1945) e os símbolos do comunismo desde as revoluções de 1917 à dissolução da União Soviética, em 1991.
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Como era de esperar, a nova lei não foi bem recebida em Moscovo. Konstantin Dolgov, o responsável pela pasta dos Direitos Humanos no Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, disse que a comparação entre o comunismo e o nazismo é “uma posição profundamente cínica”. Dolgov disse que os termos da nova lei ucraniana não respeitam a lei internacional, “incluindo os resultados [dos julgamentos] de Nuremberga”.
Ler mais:
http://www.publico.pt/n1692010
Com estas medidas agrava-se o conflito interno apoiado por facções (UE/EUA/RUSSIA) onde predominam os interesses da chamada posição geoestratégica militar e económica. Na minha opinião o conflito interno tenderá a agravar-se, resultando num maior número de mortos, sem solução visível a curto prazo. O rastilho que parecia molhado reacendeu-se.
Por fim e dado que a situação da Grécia deve ser uma preocupação da Europa, dos Europeus e principalmente dos países intervencionados e ou com dívidas externas elevadas, para além de economias débeis e dependentes como é o caso de Portugal, não podemos ter uma postura de “faz de conta” ou afirmar “ Portugal não é a Grécia”.
A Grécia está a fazer o que pode para evitar uma “bancarrota” e uma nova zona de “conflito”. Daí a procura de soluções por todos os meios, incluindo os contactos com a Rússia. O que está a acontecer na Grécia pode vir a acontecer em Portugal. A imprensa internacional, de acordo com as conveniências de quem manda, vai dando “recados” para eventuais soluções.
Veja-se a publicação no “The Wall Street Journal” que defende que Grécia deve sair do euro (Autor: Edgar Caetano)
Jornal norte-americano toma uma posição clara: o contágio da saída da Grécia do euro seria limitado. “A maior ameaça de contágio” seria mais um resgate – sem condições – a um governo que “não é sério”
Getty Images
Vejam bem a “ironia” e ao mesmo tempo a “advertência”
Portugal, Irlanda e Espanha “não seriam arrastados“. Pelo contrário, “até poderia ser um incentivo para que façam mais para consertar as suas economias”.
Da noticia que pode ser lida em:
http://observador.pt/2015/04/09/the-wall-street-journal-defende-que-grecia-deve-sair-do-euro/
Cito a parte final:
Na análise do jornal, “Atenas quer que os credores recompensem os cidadãos gregos por terem eleito um governo empenhado em contrariar a prossecução das reformas de que a Grécia necessita“. “Se os credores permitirem que Atenas aumente a despesa pública ao mesmo tempo que faz marcha-atrás na flexibilização do mercado laboral e nas privatizações irão encorajar movimentos anti-reformas noutros locais”. À espreita estão o Podemos em Espanha e o Sinn Fein na Irlanda, bem como partidos em Itália.
Por esta razão, e porque “ao contrário do que acontecia em 2010 e 2012″, a saída da Grécia já não apresenta um “risco de contágio financeiro”, o jornal financeiro defende que se deve equacionar “deixar a Grécia ir“.
Termino com uma chamada de atenção a este tipo de “recados” e com a recomendação de que não podemos deixar-nos ir no engano de que “Portugal não é a Grécia”
Até para a semana ….
Gosto desta selecção de notícias.